quinta-feira, 5 de julho de 2012

Reflexão Salesiana para o Décimo Quarto Domingo do Tempo Comum - 08 de julho de 2012

Na semana de 1º a 6 de julho estive em São Paulo pregado um retiro sobre São Francisco de Sales para as Filhas de Maria Auxiliadora. No domingo passado estive para Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora do Bom Retiro, em São Paulo e tirei esta foto do altar dedicado a São Francisco de Sales.


O Evangelho de hoje nos mostra como Jesus experimentou a rejeição e como foi surpreendido pela falta de fé Nele, por parte de algumas pessoas. São Francisco de Sales fala da fé como um ato de consentimento ao amor de Deus:
Quase sempre há um espaço de tempo entre o momento em que percebemos que somos descrentes e quando decidimos acreditar plenamente no amor de Deus e em sua preocupação por nós. Muitas vezes aparecem dificuldades entre os primeiros sinais de fé na bondade de Jesus Cristo e em nossa decisão de acreditar. Santo Agostinho deixou passar algum tempo antes de aceitar plenamente os ensinamentos de Jesus Cristo. Santo Ambrósio lhe disse certa vez: "Se não crês, reze para que você possa chegar a fazê-lo."
Durante este tempo nós oramos como fez Santo Agostinho, que a certa altura exclamou: "Senhor, eu creio, mas ajuda-me a deixar a minha incredulidade". Isso significa que, "mesmo que eu já não me encontre mais imerso na noite escura de infidelidade, ilumina o horizonte da minha alma com raios de luz da tua fé, porque eu ainda não sou o crente que deveria ser. O conhecimento que provém da fé ainda é frágil em mim, e, portanto, ocasionalmente se mistura com a dúvida."
Deus chama os nossos corações constantemente, até que os ensinamentos de Jesus se tronem agradáveis para nós. Enquanto procuramos chegar a esse ponto, a bondade de Deus jamais cessa em seus esforços para conseguir uma aproximação conosco por meio das inspirações. Mesmo assim, somos livres para aceitar seu chamamento amoroso, ou rejeitá-lo. Os grandes rios se espalham ao chegar às planícies, e ocupam cada vez mais espaço. Assim acontece com o amor sagrado de Deus. Se não o rejeitarmos, continua a crescer em nós até que nos converta plenamente. O amor de Deus é o nosso guia no caminho para o perdão. Conforta-nos, nos anima e nos fortalece em meio às dificuldades. É por isso que a fé inclui um ponto de partida que é o amor que o coração sente pelas coisas de Deus. Não rejeite esse dom que é a fé.
(Adaptado dos escritos do Tratado do Amor de Deus de São Francisco de Sales.)


Destaque: "Um profeta só não é estimado em sua pátria, entre seus parentes e familiares”

Perspectiva Salesiana

O relato do Evangelho de hoje é um dos muitos episódios em que Jesus experimentou  o que é a rejeição: as pessoas se "incomodavam" pela sua dedicação e sua devoção para fazer a Vontade de Deus em sua própria vida. Esta rejeição e esta resistência foi tão forte em sua terra natal que "não podia mostrar ali o seu poder".
A tentação que Jesus enfrentou nesta época, e que é uma tentação que todos nós enfrentamos, é que na hora de enfrentar a rejeição, nos preocupemos mais para sermos aceitos pelos outros do que para manter-nos firmes em nossas convicções. Somos tentados a diluir a verdade, baixarmos o nível, a evitar que qualquer coisa possa "jogar mais lenha na fogueira." Muitas vezes somos tentados a fazer amigos a qualquer custo, mesmo se neste processo nos perdemos de nós mesmos.
São Francisco de Sales, o santo cavaleiro, era um homem que sempre fez um grande esforço para falar e viver a verdade do Evangelho de forma humilde, gentil e amigável. Mesmo assim, com todo o seu poder de persuasão, ele também experimentou a rejeição. Em sua Introdução à Vida Devota escreveu: "Tão logo as pessoas percebem que você quer levar uma vida devota (espiritual) te lançam mil dardos de gozação e de crítica. Os mais difamadores caluniarão a tua devoção dizendo que é hipocrisia e intolerância, e apenas um ardil. Teus amigos vão opor-se de mil maneiras que considerem prudentes e caridosas: advertirão que vais ficar deprimido, vais perder tua reputação no mundo, vais te tornar insuportável, que envelhecerás antes do tempo e que terás problemas em casa. Eles irão te dizer que podes salvar a tua alma sem ir a tais extremos. " (IVD Parte IV, Capítulo 1)
Parece (pelo menos de acordo com determinados padrões) que a Boa Nova nem sempre é tão boa - ou pelo menos não é tão fácil para as pessoas que tentam vivê-la!
O melhor que podemos fazer é encontrar essas pequenas sementes de verdade que podem ser achadas em meio às críticas e as rejeições. Somos arrogantes? Somos estridentes? Somos muito teimosos? É realmente a vontade de Deus que promovemos, ou é a nossa vontade? Mesmo assim, se a nossa consciência está limpa, como devemos lidar com a rejeição?
 Francisco de Sales nos aconselha o seguinte: "Sejam firmes em seus propósitos e inquebrantáveis em suas resoluções. A perseverança provará se vocês estão se sacrificando a Deus com sinceridade e se estão dedicados a uma vida devota." E conclui: "Talvez para o mundo sejamos uns loucos", mas assim como aconteceu com Jesus, devemos ter em mente que a rejeição é um preço que, por vezes, devemos estar dispostos a pagar - por mais doloroso que seja.

Padre Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro Espiritual de Sales.
Tradução – P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB




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