sexta-feira, 27 de julho de 2012

Reflexão Salesiana para o domingo XVII do Tempo Comum - 29 de julho de 2012


     Hoje, São Paulo nos exorta a nos amarmos uns aos outros com humildade, mansidão e paciência. São Francisco de Sales refere-se a essas virtudes como as "pequenas virtudes": Tente aprender todas essas pequenas virtudes como a humildade, a paciência e a bondade para vivenciá-las com os nossos semelhantes. É importante saber que a paciência é a única virtude que nos fará conseguir alcançar a santidade. Devemos ser pacientes com os outros, mas devemos ser também conosco mesmos. A paciência nos ajuda a possuir a nossa própria alma, para que assim possamos cumprir a vontade de Deus, fonte de toda felicidade. Aqueles que aspiram ao amor puro de Deus devem ser mais pacientes consigo mesmos do que com os outros.

     Ser paciente conosco mesmos nos leva a sermos humildes. A fim de adquirir uma profunda humildade, devemos começar por reconhecer as muitas bênçãos que Deus nos deu. Nós as apreciamos e nos regozijamos com elas, porque as temos. Mas devemos dar glória a Deus porque é Ele, só ele, o arquiteto das mesmas. Devemos colocar nossos dons e talentos a serviço de Deus e dos nossos semelhantes. Os que são humildes tem mais coragem, pois eles colocam sua confiança em Deus. Voltem-se para Nosso Senhor que deu Sua vida por todos nós. Se a Humildade nos aperfeiçoa em relação a Deus, a bondade e a gentileza o fazem para com nossos semelhantes.

     Lentamente trabalhem para que a paciência, a simplicidade, a gentileza e a bondade sejam cultivadas em suas vidas, mesmo quando confrontadas com a mesquinhez, a imaturidade ou as imperfeições demonstradas por aqueles que são mais fracos. Estas são pequenas virtudes que devem ser colocadas em prática diariamente em casa, no seu local de trabalho, com amigos e estranhos, em qualquer momento e em todos os momentos. Deus em Sua infinita bondade está satisfeito com as pequenas conquistas dos nossos corações. Quando alimentamos nossos corações com a virtude e com bons projetos que nos permitam servir a Deus e aos outros, poderemos fazer maravilhas.

(Adaptado a partir dos escritos de São Francisco de Sales.)

Destaque: Vamos colocar nossas vidas nas mãos de Jesus com confiança.

Perspectiva Salesiana

     São Francisco de Sales diz na Introdução à Vida Devota que há dois tipos de pessoas que deveriam comungar frequentemente: aqueles que são fortes, para que não se tornem fracos e aqueles que são fracos para que se tornem fortes: os doentes para terem sua saúde restaurada, e aqueles que são saudáveis, para não caiam na doença.
     São Francisco diz-nos que devemos ter confiança em Deus: deixem nas mãos da amada providência de Deus tudo o que é doloroso e creiam firmemente que Ele os conduzirá com doçura, guiará as suas vidas e todos os seus assuntos: "Quando enfrentamos uma perseguição ou uma contradição que ameaça se tornar um grande problema para nós, é preciso retirarmo-nos, refugiar-nos debaixo da Santa Cruz, acreditando verdadeiramente que tudo irá acabar bem para aqueles que amam a Deus.
     "Um dia uma mulher comum decidiu entrar numa comunidade onde as pessoas viviam uma pobreza extrema e cruel. Ela observou a difícil situação de todas aquelas pessoas menos afortunadas do que ela e decidi que precisava fazer algo pessoalmente. Então ela pegou tudo o que tinha e decidiu alugar um prédio antigo, com chão de barro. O edifício não era necessariamente agradável aos olhos, mas um bom início para o trabalho que tinha começado. No dia seguinte, a mulher caminhou em torno do bairro oferecendo-se para dar aulas para as crianças. Utilizou o edifício como a sua sala de aula. Ela não tinha livros, não tinha escritório nem cadeiras ou mesas. Sua mesa era o chão de barro. O alisava com um trapo velho e usava uma vara para escrever. Foi assim que essa mulher lutou contra a pobreza e a crueldade em torno dela.
Aos olhos de um observador casual poderia parecer uma resposta muito pequena e patética diante de tanto sofrimento humano, mas ela colocou sua confiança em Deus.
     O que aconteceu com a mulher e sua iniciativa? Hoje existem cerca de 80 escolas equipadas, trezentos ambulatórios, setenta clínicas para leprosos, trinta casas para os que estão morrendo, trinta casas para crianças abandonadas, e quarenta mil voluntários em todo o mundo que continuam o trabalho iniciado por esta única mulher.
     Esta mulher chamava-se Madre Teresa.
     Não existe história melhor para ilustrar a primeira leitura e o Evangelho de hoje. O menino deu tudo o que tinha a Jesus, e Jesus fez todo o resto. Traga o pouco que tenha e coloque nas mãos de Jesus com confiança. Ele aceitará, abençoará e fará com que nossas vidas cresçam muito mais dos que nossas expectativas. É deste modo que experimentamos, em primeira mão, a importância do insignificante.

Padre Michael S. Murray, OSFS- Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Reflexão Salesiana para o décimo sexto domingo do Tempo Comum - 22 de julho de 2012

                                                                               Foto: TPO - Veranópolis - 2008

     As leituras de hoje nos lembram que o nosso Deus é um Deus misericordioso. São Francisco de Sales frequentemente enfatizava o cuidado amoroso de Deus, especialmente na adversidade:
     Nosso Deus é o Deus de coração humano. Quando nosso coração está em perigo, só Ele pode salvá-lo e protegê-lo. Como Deus é o criador de tudo que nos cerca, ele próprio é responsável por proteger a todos. Ele apoia e abraça toda a criação. Consequentemente, o Seu desejo é que todas as coisas sejam boas e belas. É por isso que devemos estar certos de que Deus vela sobre os nossos interesses, mesmo na adversidade. As razões pelas quais enfrentamos algumas provas nem sempre são claras, é preciso admitir, porém, às vezes nós mesmos somos a causa dos nossos problemas.
     Embora seja importante ter cuidado e estar atento a todas as coisas que Deus confiou aos nossos cuidados, não devemos nos deixar levar pelo desconforto, pela ansiedade, nem devemos nos precipitar. A preocupação ofusca a razão e o bom senso, e nos impede de fazer bem as coisas que tanto nos preocupam. As chuvas fazem com que os campos abertos deem frutos, mas inundações arruínam os campos e as pastagens.
     Portanto, assumam todos os seus assuntos com a mente em calma e de modo ordenado, cada um a seu tempo. Se tentarem conseguir tudo de uma só vez, ou de maneira desordenada, o seu espírito se sobrecarregará e se deprimirá tanto que certamente afundarão sob o peso da carga, e não conseguirão nada no final. Em todos os casos, devem lutar pela paz e cumprir o plano que Deus estabeleceu para vocês.
     Deus oferece uma abundância de meios adequados para alcançarmos a salvação. Através de uma injeção maravilhosa da graça de Deus em nossos corações, o Espírito faz com que nossos trabalhos se tornem obras de Deus. Nossas boas obras, como uma pequena semente de mostarda tem vigor e virtude para fazer muita coisa boa, já que procedem do Espírito de Jesus. Vocês podem ter certeza de que se confiarem firmemente no amor misericordioso de Deus e em Sua preocupação por nós, o sucesso que terão em seus trabalhos sempre será útil tanto para você e como para a comunidade dos fieis.

(Adaptação dos escritos de São Francisco de Sales, Tratado do Amor de Deus, Introdução à Vida Devota).

Destaque: "Vinde sozinhos para um lugar deserto e descansai um pouco".

Perspectiva Salesiana

     "Todo o trabalho sem descanso torna o homem apático." Não só torna um homem aborrecido, mas que pode inutilizar seus esforços para ser feliz, saudável, e até santo.
     Não se engane, crescer em santidade, fazer do amor de Deus, em cuja imagem e semelhança fomos criados, uma realidade em nossas vidas, é um assunto sério. É algo que exige um trabalho árduo, exige disciplina, exige autoavaliação e requer um compromisso.
     Nas palavras de Francisco de Sales, é algo que exige devoção. (=vida espiritual)
     Mas a espiritualidade salesiana também reconhece o valor da flexibilização, da necessidade de tirar um "tempo livre", de "ar fresco" de dar tempo para a recreação. Na verdade, relaxar não só é possível, mas necessário!
     Francisco de Sales diz que "na verdade é um defeito ser tão rigoroso, austero e pouco sociável consigo mesmo, nem permitindo aos outros um momento de recreação." A Introdução à vida devota (1609) coloca em evidência a valorização que o Santo Cavaleiro sentia para com o papel importante do descanso e da recreação na busca de uma vida plenamente humana e ao mesmo tempo centrada em Deus. Ele acrescenta que devemos "de vez em quando, recrear o corpo e a mente". E ele continua: "tomar o ar, ir para uma caminhada, desfrutar de uma conversa amigável, tocar música ou cantar, ou caçar.... são diversões tão honestas que a única coisa que devemos ter em conta para desenvolvê-las de forma adequada é ter um pouco de prudência, que nos ajuda a classificar e a especificar o tempo, o lugar e a medida em que fazemos estas coisas".
     Para obter um balanço devemos reconhecer as nossas limitações: deveremos saber quando é hora de dizer "basta", mesmo que seja por apenas um momento. Santa Joana escreveu, certa vez, no texto de uma carta a um membro de sua comunidade: "Eu preciso ir agora. Eu tenho um minuto livre e meu braço e minha mão estão começando a se cansar e magoar, mesmo quando acabo de começar a escrever. Eu não posso fazer tudo o que podia fazer antes".
     Em seu livro "Tocando as coisas comuns", Robert Wicks identifica certas práticas que podem nos ajudar a estabelecer e manter uma vida equilibrada: dormir o suficiente, comer corretamente, aproveitar o tempo livre fazendo coisas calmamente. Aprendam a rir, foquem-se em valores, pratiquem a avaliação de vocês mesmos, envolvam-se, mas não muito, tenham um grupo de apoio, afastem-se de vez em quando, sejam espontâneos, evitem a negativismo. Estabeleçam amizades, pratiquem a intimidade.
     Nosso Senhor Jesus Cristo passou quase todo o seu ministério público atendendo as necessidades dos outros: curando, educando, alimentando, desafiando, perdoando, em suma, trabalhando. Mas o Evangelho, que documenta a ética do trabalho de Cristo também documenta claramente os momentos em que ele se retirou das atividades para descansar, para renovar-se, para desfrutar da hospitalidade dos outros, para passar o tempo com os amigos. Tudo isso o ajudava a reavivar sua dedicação para fazer a Vontade de Deus.
     Existem muitas maneiras de conseguirmos equilíbrio entre trabalho e descanso, de trabalhar para conseguir o próprio sustento e o tempo de vida e lazer, pagar e jogar. Considere tudo isso de um modo pessoal e compassivo. Escolham atividades que se encaixam com o estado e o estágio atual que vivendo. Acima de tudo estejam cientes de que, assim como suas vidas mudam, também mudam muitos dos métodos para se conseguir este equilíbrio feliz, saudável e santo.

Padre Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro Espiritual de Sales.
Tradução: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Perspectivas Salesianas 6 - Recordando a presença de Deus ... Durante todo o dia


"Tudo isso aconteceu para se cumprir o que o Senhor havia dito pelo profeta: Vejam: a virgem conceberá, e dará à luz um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que quer dizer: Deus está conosco." (Mt 1, 22-23)
Emanuel. Deus conosco. Um Deus que está conosco sempre.
No entanto, porque algumas vezes Deus parece estar distante? Tão ilusório? Tão remoto? Será que Deus nos esqueceu?
Não, Deus nunca pode esquecer-nos. Nós podemos esquecer Deus... e com frequência o fazemos.
A Espiritualidade Salesiana nos oferece uma proximidade prática para recordar-nos da presença de Deus durante todo o dia. Antes de olhar para um Deus que mora num lugar muito longe, esta “recordação espiritual” nos faz ver que Deus mora precisamente onde nos encontramos, no ritmo de cada dia.
Primeiro, ao despertar, abrace o presente do novo dia, agradecendo-o a Deus por tê-lo permitido passar a noite anterior.
Segundo, considere que Deus lhe dá este novo dia para aproximar-se um passo a mais da eternidade. Tente fazer bom uso deste novo dia.
Terceiro, “preveja com que negócios, assuntos e situações você encontrará ao longo do dia para servir a Deus, diz São Francisco de Sales, e a que tentações você estará exposto para ofender a Deus”. Em outras palavras, planeje seu dia. Antecipe as oportunidades, que terá para conseguir algo bom. Esteja consciente daquelas circunstâncias nas quais você pode ter tentado para realizá-las de outra forma.
Quarto, resolva fazer o melhor, abraçando este novo dia a ambas as experiências que você antecipa e aquelas que possam surpreendê-lo. Reconheça a necessidade da graça de Deus para realizar o bom e evitar o mal do dia.
Quinto, durante o dia “retire-se na solidão do seu coração enquanto você está, por fora, ocupado em negócios ou no encontro com outros” diz Francisco de Sales. Em poucas palavras, permaneça centrado. Movimentos simples da mente ou do coração no meio de qualquer atividade conseguem isto.
Sexto, faça um breve exame de consciência do meio dia. Você está vivendo as resoluções para viver bem o dia? Peça a Deus sua graça para continuar com seus esforços. Até o momento, obteve menos êxito do que o esperado? Peça a Deus a graça de um novo começo.
Sétimo, faz um exame de consciência mais detalhado ao final do dia. Agradeça a Deus por tê-lo conservado durante o dia. Examine suas ações e atitudes: dê graças por tudo que foi bom; peça perdão por aquilo que foi pecaminoso.
Finalmente, roga a Deus para que o proteja durante as noites, que lhe dê uma noite de descanso, e que o ajude a abraçar o novo dia com renovado zelo e entusiasmo.
Apesar de práticas poderosas como estas, você não deve ocupar tempo excessivo com elas. Disse muito bem Francisco de Sales, elas “devem ser feitas breve e ardorosamente”.
Talvez, Santa Joana de Chantal descreve melhor o tipo de conhecimento e atitude que estás práticas tentam estabelecer: “Naquilo que respeita a vontade do bom prazer de Deus, o conhecemos somente através dos sucessos da vida, conforme vão acontecendo, se estes sucessos nos beneficiam, devemos bendizer a Deus e unir-nos à divina vontade à qual nos envia. Se algo desagradável acontece, física ou mentalmente, permitamos amorosamente unir nossa vontade à obediência a vontade divina que o envia.”
Ao iniciar o ritmo de cada dia com intenção e atitude fervorosa, nossos triunfos e tragédias diárias não obstruirão a presença de Deus. Não, eles nos envolverão em muitos lugares específicos, nos quais encontraremos o divino.

Para reflexão pessoal

1. Num dia típico, quais são as ocasiões ordinárias nas quais posso realizar todo o bem?
2. Num dia típico, quais são para mim, ocasiões comuns de tentação ou pecado?
Planejo bem o meu dia?
3. Permaneço bem centrado na presença de Deus quando meus planos para o dia saem fora do planejado?
4. Agradeço pelas vezes que posso recordar a presença de Deus durante o dia?
5. De que maneira posso recordar a presença de Deus na minha rotina diária?

Meu Deus, te entrego esta ação. Concede-me a graça de conduzir-me nela da maneira mais grata a teus olhos. Desde já te ofereço fazer todo o bem que possa e aceitar qualquer dificuldade que se me apresente no meu caminho.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Décimo quinto Domingo do tempo comum - 15 de julho de 2012



Destaque: "O Senhor chamou-me quando eu tangia o rebanho, e o Senhor me disse: Vai profetizar para Israel, meu povo".

"Nele também nós recebemos a nossa parte. Segundo o projeto daquele que conduz tudo conforme a decisão de sua vontade, nós fomos predestinados a ser, para o louvor de sua glória, os que de antemão colocaram a sua esperança em Cristo".
São Francisco de Sales viajou certa vez a Bellevaux com um jovem sacerdote, onde reviveu seus primeiros dias como missionário no Chablais. Os moradores do lugar eram muito tímidos e cautelosos. Francisco e o sacerdote não encontraram lugar para hospedar-se, nem vinho, nem bancos para sentarem-se e tiveram que comer um pão velho, pelo qual pagaram um valor muito alto, pouco queijo, pouca água e o solo por mesa. Não tinham mantos nem capas. Francisco disse: "Esta é a verdadeira vida apostólica, quando podemos imitar, de certa forma, a pobreza de Jesus Cristo e dos apóstolos. Eu estou acostumado a isto porque por dois anos experimentei a mesma crueldade por parte dos moradores de várias vilas".
Apesar destes obstáculos ou por causa deles, Francisco amava as pessoas como pastor. Ele acolhia fraternalmente a todos e os conduzia pelo caminho da generosidade apostólica que ele mesmo praticava. Seguia esta filosofia: "É melhor ser humilde com os pobres, do que repartir despojos com os soberbos". (Pr 16, 19) Ele sabia que o espírito apostólico "está sempre perto daqueles que tem o coração ferido; ele alivia o espírito abatido". (Sl 33, 19)
Francisco escutou a voz de Deus e acrescentou sua voz à do Senhor. Seu intelecto aguçado e sua educação o prepararam para discutir, mas ele colocou de lado o ódio. Francisco tinha um imenso desejo de debater com os ministros protestantes, mas se envolveu muito pouco neste desafio. Alguns na plateia tomavam nota secretamente daquilo que ele falava em seus sermões, faziam cópias e as distribuíam em Genebra. No início, a resposta foi mínima, mas depois aconteceram muitas conversões espetaculares.
Alguém pode fazer muita coisa com o seu próprio estilo de pregação, ensino e trabalho. Permitir que o Espírito de Deus trabalhe em nós e nos outros é um grande dom, e não devemos permitir que as decepções, as tristezas, nem nossa maneira de querer as coisas nos desanimem. Muitos e grandes personagens existiram antes de nós e nos mostraram o caminho a seguir.
Francisco de Sales demonstrou o poder da virtude da esperança, esperança que, eventualmente, dá um ótimo resultado, graças à perspicácia, o vigor e a determinação de um santo que nunca permitiu que a frustração nem a dor o impedissem pregar a palavra do Senhor. Rezemos para que sejamos perspicazes, corajosos e que o seu exemplo nos inspire e nos dê ânimo quando necessário.

Padre Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro Espiritual De Sales.
Tradução do espanhol: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

Reflexão Salesiana

No Evangelho de hoje revivemos o momento em que Jesus dá aos apóstolos a autoridade para continuarem seu trabalho, e como a fé Nele os guiará para que possam continuar realizando as boas obras. A respeito disso São Francisco observava o seguinte:
A fé viva gera muitas e boas obras. No entanto, muitas vezes, vemos como existem pessoas que, mesmo sendo fortes e saudáveis, precisam ser motivados frequentemente para que façam bom uso tanto de sua força como de seus talentos. A mão deve guiar o trabalho. Mesmo que a alma carregue uma grande carga, possui o poder para acreditar e depositar suas esperanças no amor de Deus, muitas vezes não tem uma força para precaver-se disso. A angústia se apodera dela. Mas Nosso Senhor jamais nos deixará sozinhos, enquanto caminharmos por suas veredas. O Espírito de Jesus sempre está conosco, instando-nos a seguir adiante, apelando a nossos corações e impulsionando-os a avançar para assim poder fazer bom uso do amor sagrado que Ele coloca em cada um de nós.
Uma mãe amorosa guia seu pequeno filho, o ajuda e o leva nos braços tanto tempo quanto for necessário. Ela deixa que ele dê alguns poucos passos por si próprio em lugares onde possa caminhar sem dificuldades e sem tropeços. Então o toma pela mão e o leva com firmeza. Às vezes o toma em seus braços e o carrega. Deste mesmo modo nosso Salvador cuida constantemente e se encarrega de cuidar de seus filhos. Ele lhes permite caminhar à sua frente. Ele os toma pela mão quando atravessam dificuldades. É por isso que, quando tudo falha, quando nossa angústia chega ao ponto máximo, devemos encomendar-nos a Deus. Ele jamais falha. Levar-nos-á em seus braços quando enfrentamos sofrimentos que Ele considera insuportáveis para nós, sempre e quando deixemos que faça isso.
Deus tem muitos modos de proteger e de cuidar de todos aqueles que têm fé nos ensinamentos de Jesus. Nosso bem estar consiste não somente em aceitar a verdade da Palavra de Deus, mas também em preservá-la. Portanto, devemos demonstrar uma grande coragem e confiança, pois Ele nos ajudará em tudo o que fizermos para glorificá-lo. Façamos com que nossa fé desperte. Avivamo-la demonstrando que acreditamos plenamente no amor e no cuidado de Deus conosco. Então todas as nossas obras darão frutos semelhantes aos que produziram os apóstolos.

(São Francisco de Sales - Tratado do Amor de Deus; Sermões de São Francisco de Sales, Edições L. Fiorelli)

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Perspectivas Salesianas 5 - UMA VIDA DISCIPLINADA... UMA VIDA FLEXÍVEL

  
      O autor M. Scott Peck, MD, abre seu livro “A Estrada menos percorrida” com uma simples e universal verdade: “A vida é difícil”.
     Por quê? “Tudo o que torna a vida difícil no processo de enfrentar os desafios é doloroso. Dependendo da sua natureza, os desafios produzem em nós frustração, dor, tristeza, solidão, culpabilidade, rejeição, nojo, medo, ansiedade, angústia ou desespero. Como a vida representa uma série interminável de desafios, ela é quase sempre difícil e cheia, tanto de dor como de alegrias.”
     O que precisamos para combater as tentações que temos de evitar os desafios da vida? De nos afastarmos das oportunidades de crescimento que possam resultar em aflição ou perda? Do desejo de afastar-nos do mundo ou de nós mesmos?
     Agora, seja honesto: você pensa numa coisa rígida e inflexível, não é verdade?
     Bom, é tempo de ampliar sua definição. “Uma flexibilidade extraordinária é necessária para uma vida de êxitos em todos os aspectos. A boa saúde demanda uma extraordinária capacidade para estabelecer e manter flexivelmente um balanço delicado entre as necessidades em conflito, os objetivos, os deveres e as responsabilidades, etc.”
     Esta é a essência da disciplina. Saber quando “manter o controle” e quando “deixá-lo” por último, saber como fazer as duas coisas.
     A saúde, a felicidade e a santidade dependem finalmente de uma disciplina suficiente para ser extraordinariamente flexível. É na realidade um tipo de liberdade. São Francisco de Sales observa que “os efeitos desta liberdade são uma grande serenidade interior, uma grande docilidade e disposição para não aceder ao que é pecado ou ocasião de pecado. É uma disposição flexível, disposta a realizar bondosamente coisas virtuosas e caritativas. Temos a oportunidade de praticar esta liberdade toda vez que as coisas não acontecem como gostaríamos. Quem não é apegado aos seus próprios costumes, não se impacienta quando algo acontece de maneira oposta.”
     As pessoas que tem êxito são aquelas que estão prontas para qualquer coisa, para as planejadas e para as inesperadas. A disciplina não habilita para saber quando permanecer com o “Plano A”, ou quando mudar para o “Plano B”, ao “C” ou ao “D”.
     “Esta disciplina interior acontece no desenrolar dos anos. Esta disposição de lutar pela vida, obrigações impostas, não com as nossas, ‘o fará crescer na perfeição, mais do que você possa imaginar’, observa Santa Joana de Chantal.
     Ela escreve a um amigo que na realidade decide descartar algo no qual gastou muito tempo e energia. “Eu creio que foi Deus quem o inspirou a não continuar com o plano original. Nisto, o asseguro, você certamente seguiu o verdadeiro espírito de nosso glorioso Pai, São Francisco de Sales que, como sabemos, deseja que sejamos firmes em nossos compromissos e flexíveis para deixá-los irem quando Deus, em sua bondade infinita, indica que devemos fazê-lo. A estrofe de uma canção folclórica vem ao caso: “Você tem que saber quando manter em suas mãos as cartas do jogo, quando deixá-las, quando caminhar, quando correr...”
     Que dom extraordinário é a habilidade de continuar o que planejamos fazer na vida: a habilidade para aceitar o que a vida planejou para nós.  A habilidade para fazer as duas coisas.
     Isso é disciplina. Isso é flexibilidade. Isso é liberdade. Isso é uma boa notícia.

Para reflexão pessoal

1. Como sou flexível?
2. Em que aspectos da minha vida experimentei ou demonstrei maior flexibilidade?
3. Em que áreas da minha vida experimentei ou demonstrei menor flexibilidade?
4. Como reajo quando as coisas não acontecem como eu espero?
5. Como me adapto as mudanças em minha vida?
6. Em quais áreas da minha vida preciso mais disciplina?

Meu Deus, te entrego esta ação. Concede-me a graça de conduzir-me nela da maneira mais grata a teus olhos. Desde já te ofereço fazer todo o bem e aceitar qualquer dificuldade que se apresente no meu caminho.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Reflexão Salesiana para o Décimo Quarto Domingo do Tempo Comum - 08 de julho de 2012

Na semana de 1º a 6 de julho estive em São Paulo pregado um retiro sobre São Francisco de Sales para as Filhas de Maria Auxiliadora. No domingo passado estive para Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora do Bom Retiro, em São Paulo e tirei esta foto do altar dedicado a São Francisco de Sales.


O Evangelho de hoje nos mostra como Jesus experimentou a rejeição e como foi surpreendido pela falta de fé Nele, por parte de algumas pessoas. São Francisco de Sales fala da fé como um ato de consentimento ao amor de Deus:
Quase sempre há um espaço de tempo entre o momento em que percebemos que somos descrentes e quando decidimos acreditar plenamente no amor de Deus e em sua preocupação por nós. Muitas vezes aparecem dificuldades entre os primeiros sinais de fé na bondade de Jesus Cristo e em nossa decisão de acreditar. Santo Agostinho deixou passar algum tempo antes de aceitar plenamente os ensinamentos de Jesus Cristo. Santo Ambrósio lhe disse certa vez: "Se não crês, reze para que você possa chegar a fazê-lo."
Durante este tempo nós oramos como fez Santo Agostinho, que a certa altura exclamou: "Senhor, eu creio, mas ajuda-me a deixar a minha incredulidade". Isso significa que, "mesmo que eu já não me encontre mais imerso na noite escura de infidelidade, ilumina o horizonte da minha alma com raios de luz da tua fé, porque eu ainda não sou o crente que deveria ser. O conhecimento que provém da fé ainda é frágil em mim, e, portanto, ocasionalmente se mistura com a dúvida."
Deus chama os nossos corações constantemente, até que os ensinamentos de Jesus se tronem agradáveis para nós. Enquanto procuramos chegar a esse ponto, a bondade de Deus jamais cessa em seus esforços para conseguir uma aproximação conosco por meio das inspirações. Mesmo assim, somos livres para aceitar seu chamamento amoroso, ou rejeitá-lo. Os grandes rios se espalham ao chegar às planícies, e ocupam cada vez mais espaço. Assim acontece com o amor sagrado de Deus. Se não o rejeitarmos, continua a crescer em nós até que nos converta plenamente. O amor de Deus é o nosso guia no caminho para o perdão. Conforta-nos, nos anima e nos fortalece em meio às dificuldades. É por isso que a fé inclui um ponto de partida que é o amor que o coração sente pelas coisas de Deus. Não rejeite esse dom que é a fé.
(Adaptado dos escritos do Tratado do Amor de Deus de São Francisco de Sales.)


Destaque: "Um profeta só não é estimado em sua pátria, entre seus parentes e familiares”

Perspectiva Salesiana

O relato do Evangelho de hoje é um dos muitos episódios em que Jesus experimentou  o que é a rejeição: as pessoas se "incomodavam" pela sua dedicação e sua devoção para fazer a Vontade de Deus em sua própria vida. Esta rejeição e esta resistência foi tão forte em sua terra natal que "não podia mostrar ali o seu poder".
A tentação que Jesus enfrentou nesta época, e que é uma tentação que todos nós enfrentamos, é que na hora de enfrentar a rejeição, nos preocupemos mais para sermos aceitos pelos outros do que para manter-nos firmes em nossas convicções. Somos tentados a diluir a verdade, baixarmos o nível, a evitar que qualquer coisa possa "jogar mais lenha na fogueira." Muitas vezes somos tentados a fazer amigos a qualquer custo, mesmo se neste processo nos perdemos de nós mesmos.
São Francisco de Sales, o santo cavaleiro, era um homem que sempre fez um grande esforço para falar e viver a verdade do Evangelho de forma humilde, gentil e amigável. Mesmo assim, com todo o seu poder de persuasão, ele também experimentou a rejeição. Em sua Introdução à Vida Devota escreveu: "Tão logo as pessoas percebem que você quer levar uma vida devota (espiritual) te lançam mil dardos de gozação e de crítica. Os mais difamadores caluniarão a tua devoção dizendo que é hipocrisia e intolerância, e apenas um ardil. Teus amigos vão opor-se de mil maneiras que considerem prudentes e caridosas: advertirão que vais ficar deprimido, vais perder tua reputação no mundo, vais te tornar insuportável, que envelhecerás antes do tempo e que terás problemas em casa. Eles irão te dizer que podes salvar a tua alma sem ir a tais extremos. " (IVD Parte IV, Capítulo 1)
Parece (pelo menos de acordo com determinados padrões) que a Boa Nova nem sempre é tão boa - ou pelo menos não é tão fácil para as pessoas que tentam vivê-la!
O melhor que podemos fazer é encontrar essas pequenas sementes de verdade que podem ser achadas em meio às críticas e as rejeições. Somos arrogantes? Somos estridentes? Somos muito teimosos? É realmente a vontade de Deus que promovemos, ou é a nossa vontade? Mesmo assim, se a nossa consciência está limpa, como devemos lidar com a rejeição?
 Francisco de Sales nos aconselha o seguinte: "Sejam firmes em seus propósitos e inquebrantáveis em suas resoluções. A perseverança provará se vocês estão se sacrificando a Deus com sinceridade e se estão dedicados a uma vida devota." E conclui: "Talvez para o mundo sejamos uns loucos", mas assim como aconteceu com Jesus, devemos ter em mente que a rejeição é um preço que, por vezes, devemos estar dispostos a pagar - por mais doloroso que seja.

Padre Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro Espiritual de Sales.
Tradução – P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB