É muito bonito e significativo
que o dia das mães caia, neste ano, neste sexto domingo da Páscoa. Nós
frequentamos tantas academias no mundo de hoje... talvez nem todos frequentem a
academia do amor, assim denominada por São Francisco de Sales para referir-se
ao amor como autodoação. Creio que nossas mães fizeram e fazem muito
autodoação. Muitas delas frequentam também a academia do Calvário, de onde
brota, segundo Sales, o verdadeiro amor. Parabéns a todas as mães!
Gostaria de falar um pouco também
da mãe de São Francisco de Sales. Chamava-se Francisca. Uma "verdadeira
dama" na opinião de Santa Joana de Chantal, que a conheceu. Entre ela e
Francisco desenvolveu-se uma intimidade excepcional. Ela tendia a mimar
Francisco. Porém, velou pela sua educação religiosa, ensinou as orações, o
levava à Igreja. Dizem que Francisco se converteu "em ídolo de sua
mãe". Dizem também que as primeiras palavras que ele disse foram estas:
"Meu Deus e minha mãe me amam muito". Mais tarde, Francisco a chamará
de "minha caríssima e ótima mãe". Quando ele como bispo dava aula de
catecismo para as crianças, sua mãe ia ouví-lo. Um dia ele disse para ela:
"mãe, não precisa vir ao catecismo. Tudo o que eu falo para as crianças,
ouvi, quando pequeno, de seus lábios". E ela respondeu: "Só que
naquela época eu te dizia as palavras, ensinava o catecismo sem compreender o
significado. Agora, escutando tuas explicações, entendo tudo".
Destaque: "Amai-vos uns aos
outros assim como Eu vos amei."
Perspectiva Salesiana
Jesus nos ensinou um tipo de amor
que é muito diferente do amor que experimentamos comumente no mundo. Através de
suas palavras e de suas obras, Ele nos mostrou o amor da Trindade. Este amor é
um amor que se autossacrifica, um amor tão focado nos outros que o eu é
esquecido. No grande mistério da Páscoa vemos Jesus tão envolvido no amor do
Pai que Ele voluntariamente sacrificou seu próprio ser por este amor: seu amor
pela vontade do Pai era tudo o que importava.
São Francisco de Sales é um
mestre espiritual na escola deste amor. Sua grande obra, o Tratado do Amor de
Deus mostra a viagem ao coração do amor que é a própria Trindade. No final
deste trabalho de dois volumes, Francisco chega ao calvário. Para Francisco,
esta é a verdadeira academia do amor: quando a vontade humana se rende diante
da vontade do Pai num ato de autodoação, o amor floresce. Nada acende tão forte
o coração humano como este amor desinteressado.
Francisco de Sales escreveu:
"A morte e a Paixão de nosso Senhor é o mais doce, o motivo mais poderoso
que pode animar nossos corações nesta vida mortal... os filhos da cruz se glorificam
nisto, e este é o paradoxo que o mundo não compreende: da morte que devora
todas as coisas, vem o alimento da nossa consolação, e da força da morte sobre
todas as coisas, saiu o doce mel do nosso amor. Ó Jesus, meu Salvador! Como a
vossa morte é amável, já que é o soberano efeito do vosso amor". (TAD,
parte 12, cap. 13)
São Francisco de Sales e Santa
Joana de Chantal são conhecidos por desenvolver uma filosofia da vida tão
otimista, gentil, humilde e afetuosa porque centraram-na no Calvário. Como podem
a amizade e a devoção brotar desta fonte?
No entanto, é isto que celebramos, precisamente, no dia de hoje. A
Páscoa, a Ressurreição, a nova vida prometida por Deus serão nossas quando
seguirmos este caminho. Sempre que passarmos pelo Calvário, Jesus nos mostrará
que o objeto deste amor sacrificado será poder partilhar a vida na própria
Trindade. Esta vida, o destino verdadeiro do espírito humano, é o amor que
nunca termina.
Nós não precisamos ir muito longe
para encontrarmos a oportunidade de doar este amor sacrifício. São Francisco de
Sales sabia muito bem que estas oportunidades estão presentes na caminhada e em
cada situação da vida. Estas oportunidades vem em tamanhos pequenos, médios e
grandes. O desejo diário e a habilidade para acolhê-las é a chave para a
santidade. Escutemos Jesus: "Eu vos disse isso para que a minha alegria
esteja em vós e a vossa alegria seja plena".
P. Michael S. Murray, OSFS -
Diretor do Centro Espiritual de Sales
Tradução e adaptação - P.
Tarcizio Paulo Odelli - SDB
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