sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Reflexão Salesiana para o Vigésimo Segundo Domingo do Tempo Comum - 28 agosto de 2011



No Evangelho de hoje Jesus nos desafia a perder nossa vida para encontrá-la. São Francisco de Sales nos fala em perder a nossa vida para encontrá-la em Cristo, através de uma mudança de coração.

Perder a nossa vida neste sentido significa livrar-se de todos os nossos amores imperfeitos e egoístas. Isso provavelmente vai fazer-nos sofrer. Mas não devemos deixar nossas imperfeições nos perturbarem, porque a santidade consiste em se livrar delas. Como poderemos retirá-las se não as percebemos e as superamos?  A vitória sobre os nossos defeitos consiste em estarmos conscientes deles e não em consenti-los.

Enquanto estivermos vivos, continuaremos sendo suscetíveis a comoções produzidas pela raiva e pelo carinho. Estas emoções do coração não devem surpreender-nos, uma vez que são inclinações naturais e espontâneas. Estas não são as emoções que queremos arrancar pela raiz. A Santidade não consiste em não sentir nada! O que devemos desarraigar são as ações que surjam como resultado dessas emoções. Um exemplo são aqueles que, voluntariamente, alimentamos em nossos corações por vários dias.  Tudo o que conseguem é fazer com que desperdicemos nossa energia.

Na medida em que o nosso amado Jesus se encontrar presente em seus corações, todo o seu ser se afastará de uma cultura que muitas vezes os tem enganado. Uma vez que tenham morto o que diz respeito a sua vida passada, encontrarão uma nova vida em Cristo. As estrelas não param de brilhar na presença do sol. O que acontece é que a luz solar é tão brilhante que as esconde. Da mesma forma, não estamos mais sozinhos quando vivemos em Jesus já que nossa vida está escondida em Cristo com Deus.

A pessoa que ganha os nossos corações, nos arrebata completamente. Sendo o nosso coração a fonte de nossas ações, ele precisa das nossas instruções para saber como proceder. Se vocês viverem Jesus em seus corações, não demorará muito para que comecem a exteriorizar essa vivência em tudo aquilo que fazem. Dediquem e consagrem seu coração, sua alma e sua vontade a Deus, como se as tivessem em suas mãos. Pouco a pouco, à medida que mudamos a orientação do nosso coração, encontraremos a nossa verdadeira existência em Jesus vivo. Aprenderemos a amar aquilo que Deus ama. Quando isso acontecer, como fez Maria, poderemos dizer, "todo o meu proclama a grandeza do Senhor!"

(Adaptação dos escritos de São Francisco de Sales) 

Destaque: "Se alguém que me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga”. (Mt 16, 24)

Perspectiva Salesiana

Todos nós devemos estar muito familiarizados com este convite, com o desafio que o acompanha, de seguir os passos de Jesus, e com o que ele exige de nós.

Talvez demasiados familiarizados.

Alguma vez leram/ouviram essa admoestação lentamente? com cuidado ? Jesus não nos desafia a carregar a sua cruz; não, Jesus nos chama a todos e a cada um para que carreguemos nossa própria cruz pessoal, particular, única no seu gênero. Para entender o que significa carregar cruzes, devemos primeiro considerar o que significa para nós a cruz de Cristo.

A cruz de Cristo não é apenas a cruz que Jesus carregou no último dia de seu ministério público, a cruz na qual Jesus deu a sua vida: a cruz de Jesus Cristo significa a totalidade da sua vida. A cruz que Jesus carregou todos os dias foi a sua disposição para ser fiel à vontade do Pai e para acolher tudo - sucesso, obstáculos e tudo o mais - que aconteceu como resultado deste estado, do momento e da missão da sua vida.

Em particular, a cruz que Jesus carregou foi a sua fidelidade na hora de acolher a vida - e dar a sua vida – sem se importar com as dificuldades e com os desafios que muitas vezes acompanharam os seus esforços para proclamar o Reino de Deus.

Desde então, todos nós somos seguidores de Jesus. Em virtude do amor criativo, redentor e inspirador de Deus - um amor que foi demonstrado publicamente através do batismo - devemos tomar nossas cruzes – devemos entender o tipo de pessoas que Deus nos chamou a ser - e devemos acolher todos os desafios que implicam em entregar nossas vidas no serviço aos outros. Em suma, devemos reconhecer nosso lugar na vida, e ter a coragem de assumi-lo.

Isto é ainda mais verdadeiro quando se trata de desafios que nós não escolheríamos: criar uma criança difícil, ter que lidar com uma mudança inesperada de residência ou de trabalho, receber inesperadamente um diagnóstico de uma doença grave, trabalhar com um colega conflitivo ou um problema com um vizinho problemático, lutar contra a depressão, perder a esposa ou o marido ou outro ente querido. São Francisco de Sales escreveu: "Vocês estão mais do que dispostos a ter uma cruz, mas querem escolher qual será o tipo da... Eu quero que suas cruzes e a minha não sejam nenhuma outra que não seja a cruz de Jesus Cristo, naquilo que se refere ao tipo e a forma como nos é imposta". (Stopp, Cartas Seletas , pp 79-80)

Querem seguir a Jesus? Então carreguem suas próprias cruzes – acolham suas vidas de maneira profunda e completamente – assim como foram dadas por um Deus que os chama a continuar o ministério de Jesus hoje: em suas casas, em seus empregos, nas suas escolas, onde quer que estejam. Ainda assim, no final não será suficiente que nenhum de nós apenas a carregue. São Francisco de Sales observou: "Por mais sagrada que seja a cruz que Deus nos dá, deveremos amá-la.” ( Ibid )

Padre Michael S. Murray, OSFS  - Diretor do Centro Espiritual de Sales.
Tradução – P. Tarcizio Paulo Odelli – sdb

Leituras deste domingo:

Jeremias 20, 7-9
Romanos 12, 1-2
Mateus 16, 21-27

Nenhum comentário:

Postar um comentário