quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Reflexão Salesiana para o XX Domingo do Tempo Comum - 14 de agosto de 2011



No evangelho de hoje vemos como a fé da mulher Cananeia em Jesus é profunda. São Francisco de Sales elabora uma reflexão a respeito desta resposta cheia de confiança, perseverança e fé em Jesus.

Se Deus mostra que não escutou as nossas orações, ou se não responde a elas imediatamente, perdemos nossa coragem. Nós não sabemos perseverar na oração. A abandonamos completamente neste momento. Este não foi o caso da mulher Cananeia. No início Nosso Senhor não prestou atenção à sua oração. Sua falta de resposta quase parecia uma injustiça para com ela. Não obstante, a mulher perseverou em seu pedido a Jesus, mesmo depois que os apóstolos pediram a Jesus que a mandasse embora.

Ela demonstrou uma grande segurança no momento de fazer o pedido, enfrentando uma série de contratempos e de tempestades que normalmente teriam debilitado a convicção de qualquer pessoa. Nós, como a mulher Cananeia, devemos confiar firmemente no poder e na vontade de Nosso Salvador, particularmente quando experimentamos amarguras. Por acaso vocês não acreditam que Deus dando um lar à tartaruga e ao caracol e que cuida deles, não irá demonstrar misericórdia com vocês, que são seus Filhos? Este tipo de confiança sempre anda de mãos dadas com a fé atenta.

A fé atenta foi o que a mulher Cananeia demonstrou. Ela estava entre as pessoas que escutavam Jesus, e o observava atentamente. Sua fé foi grande. Não somente porque ela prestou suma atenção ao que tinha ouvido falar dele, mas porque também decidiu acreditar naquilo que os outros lhe disseram. A nossa fé em Deus será algo vivo quando refletimos com atenção sobre os mistérios de nosso Salvador. Estas reflexões geram em nosso coração um desejo pelas inumeráveis virtudes de Jesus.

A perseverança é uma virtude que flui de uma fé que permanece atenta aos mistérios que as Escrituras e a Tradição nos ensinam. Nossa felicidade está baseada na perseverança. Se em algum momento temos a impressão que Nosso Senhor não nos está escutando, é somente porque Ele deseja obrigar-nos a gritar com mais força e nos aproximarmos mais de Deus que nos dá o poder para perseverar. Armemo-nos de coragem! E como a mulher Cananeia, caminhemos fielmente e com segurança nos caminhos de Nosso Salvador. Somente assim seremos eternamente felizes.

(Adaptação dos escritos de São Francisco de Sales, particularmente, Os Sermões, edições L. Fiorelli).

Destaque: “Cumpri o dever e praticai a justiça; minha salvação está prestes a chegar e minha justiça não tardará a manifestar-se” (Is 56, 1)

Perspectiva Salesiana

Nosso Deus pode ser descrito de muitas formas: como um Deus de amor; como um Deus de vida; como um Deus de salvação; como um Deus de reconciliação; como um Deus de paz.

E como nos recordam as leituras de hoje, através do Profeta Isaias, nosso Deus é também um Deus da justiça. Isto significa que Deus é justo, que Deus é equitativo. Deus é moralmente reto. Deus é razoável e honesto.

Na medida em que Deus nos chama a viver uma vida justa, uma de nossas grandes tentações é atuar de modo injusto, ou seja, viver com “dois corações”. Na Introdução à vida devota, Francisco de Sales escreveu: “Em geral, nós preferimos as riquezas à pobreza... inclusive preferimos àqueles que se vestem bem. Rigorosamente exigimos nossos direitos, mas queremos que os outros tenham consideração na hora de exigir os seus. Queixamos-nos com facilidade de nossos vizinhos, mas esperamos que eles nunca se queixem de nós. As coisas que fazemos pelos outros sempre nos parecem enormes e de grande sacrifício, mas o que os outros fazem por nós nos parece pouco. Resumindo, temos dois corações. Temos uma atitude moderada, agraciada e cortês para conosco mesmos e às vezes temos um temperamento duro, severo e intransigente para com os outros”. (IVD parte III, Cap. 36)

Francisco de Sales nos desafia para que “sejamos justos e equitativos em todas as nossas ações. Ponha-se sempre no lugar de seus vizinhos e eles no seu, e então assim viverão justamente. Imaginem que vocês são vendedores quando vão comprar alguma coisa, e que são os compradores quando estejam vendendo algo, e assim poderão vender e comprar justamente... afinal, não perderemos nada se vivermos de forma generosa, nobre, cortês e com um coração que seja digno, justo e razoável. Examinem frequentemente seus corações para ver se estão em boa disposição para com os seus vizinhos, da mesma maneira que vocês esperam que os corações dos seus vizinhos estejam em boa disposição para com vocês.” (ibid)

Para buscar a justiça não se trata, então de imitar um atributo longínquo e inacessível. A justiça não é somente um assunto para remediar a desigualdade social. A justiça não se limita a trabalhar por um nobre propósito global. A justiça deve ser uma peça fundamental de inclusão à menor, a mais mundana das dimensões das vidas de todos aqueles que desejamos seguir a Jesus, de todos aqueles que desejamos viver uma vida espiritual. Trata-se, com certeza, de ser mais plena – e profundamente – humana.

Na medida em que tratamos os outros como queremos que eles nos tratem nos pequenos relacionamentos da vida diária – ou seja, nos tratem justamente, razoavelmente, com retidão – estaremos fazendo uso da justiça divina de Deus. Que melhor forma de dar a Deus aquilo que lhe corresponde do que dando-nos uns aos outros o que é devido... e neste mesmo processo, reconhecer as bênçãos que chegam a nossas vidas quando nosso coração é um só.

Textos para o domingo: Isaías 56, 1.6-7 – Romanos 11, 13-15.29-32 e Mateus 15, 21-28

Texto: P. Michael S. Murray, OSFS – Diretor do Centro de espiritualidade De Sales.
Tradução: P. Tarcizio Paulo Odelli, sdb

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