sexta-feira, 22 de julho de 2011

Reflexão Salesiana para o domingo XVII do Tempo Comum - 24 de julho de 2011

Sonho de Salomão - Lucas Jordán - 1694

O Evangelho de hoje nos diz que devemos procurar o reino dos céus sem se importar com o custo, porque vale a pena investir tudo. São Francisco de Sales oferece conselhos práticos sobre como continuar a progredir em nossa busca do Reino:

O que devemos fazer não é mais do que já estamos fazendo: devemos adorar a providência de Deus, atirarmo-nos nos braços de Deus e entregar-nos aos Seus cuidados. Bem-aventurados os que escolheram entregar-se nas mãos de Deus! Para renovar e dar cumprimento a presente decisão, tão somente temos que proclamar que amamos exclusivamente a Deus, e nós amamos tudo por amor a Ele. Ser constantes neste empenho nos ajuda bastante já que infunde amor em todas as nossas obras. É particularmente útil para todas as ações que levamos até o fim no cumprimento de nosso trabalho diário. O cumprimento das tarefas necessárias, com base na vocação de cada pessoa, ajuda a aumentar o amor divino e recobre de ouro uma obra de santidade.

Devemos ser como aquela mulher corajosa que fala o Antigo Testamento. "Ela estende a mão para as coisas fortes, generosas e enaltecidas, e ainda assim não se esquiva em colocar as suas mãos no fuso, e suas mãos na roca". Estendam suas mãos para as coisas fortes, ganhem experiência através da oração e da meditação, recebendo os sacramentos, guiando as almas para que amem a Deus, e infundindo inspirações positivas em seus corações. Façam trabalhos importantes de acordo com sua vocação, mas nunca esqueçam seu fuso e nem sua roca. Isto significa que vocês devem implementar as pequenas virtudes como a simplicidade, a paciência, a humildade e a generosidade, que crescem como flores cada vez que levam até o fim as pequenas obras com um grande amor.

O rouxinol não sente menos amor por sua canção quando ele faz uma pausa mais do que quando ele canta. Da mesma forma, o coração que se dedica a espiritualidade não sente menos amor quando se concentra no cumprimento dos trabalhos externos, mais do que quando em oração. Nestes corações o silêncio e a fala, o trabalho e o descanso, cantam com um amor repousante cheio de alegria. Sua oração diária de vida se espalha a todas as suas ações. Eles buscam o reino de Deus a qualquer custo, e isso é revelado a eles.

(Adaptado dos escritos de São Francisco de Sales, em particular o seu Tratado do Amor de Deus).

Destaque: "Dá, pois a teu servo um coração compreensivo..."

Perspectiva Salesiana

De todas as coisas que Salomão poderia pedir a Deus, a única que pediu foi "um coração compreensivo" para distinguir o certo do errado. Dizem-nos que Deus estava verdadeiramente satisfeito com esse pedido tão sábio e intuitivo. Deus dá a Salomão o que ele pediu, um presente que tanto serviria a Salomão, que o tornou no mais sábio dos reis de Israel.

"Um coração compreensivo." Esta parece ser uma das características mais notáveis ​​de todos os santos de Deus. Santos de todas as idades e culturas muitas vezes mostram (entre outras coisas) uma capacidade de entender as coisas que são realmente importantes na vida.

São Francisco de Sales não foi exceção nesta tendência. Em uma carta a Santa Joana Francisca de Chantal escreveu: "Espero que eu possa receber e utilizar o dom da compreensão como deveria fazê-lo, para assim poder obter um entendimento mais claro e mais profundo dos mistérios sagrados da nossa fé! Porque essa inteligência tem o poder maravilhoso de fazer com que nossa vontade se entregue ao serviço de Deus. Nosso entendimento está comprometido com Deus, submergido nele e assim o reconhece de uma forma maravilhosa e perfeitamente boa. À medida que a mente deixa de pensar em tudo o mais em comparação com a bondade de Deus, também a vontade deixar de desejar ou de amar qualquer outra bondade ao compará-la com a bondade de Deus. Mesmo que nossos olhos olhem diretamente e profundamente o sol já não poderiam ver nenhuma outra luz. Mas como só podemos mostrar o nosso amor neste mundo, quando fazemos o bem (porque o nosso amor deve atuar de alguma forma), precisamos do conselho para poder colocar em prática este amor que vive dentro de nós, porque é um amor celestial que nos impele a fazer o bem. O Espírito Santo nos dá o dom da compreensão, para que possamos aprender a fazer o bem, para que saibamos escolher o tipo do bem que fazemos, e para que saibamos de que forma plasmar nosso amor está em nossas ações." (Cartas Seletas, pp 281-282)

Do ponto de vista prático, o dom da sabedoria (a capacidade de discernir a melhor maneira de fazer o bem) tem um papel fundamental na seleção e na prática da virtude. Francisco de Sales escreveu: "A caridade nunca entra num coração sem antes alojar-se a si mesma e a todas estas virtudes das quais faz uso e as quais disciplina como um capitão o faz com seus soldados. Não as põe a trabalhar todas ao mesmo tempo, não todo o tempo e nem tão pouco em todas as partes.... a grande falha de muitas pessoas que decidem empregar uma virtude em particular é o fato de que elas pensam que tem que praticá-la em toda ocasião e situação. Na hora de praticar as virtudes nós devemos fazer uso das que melhor encaixem com as circunstâncias com as quais estamos lidando, em vez de usar as que mais nos acomodam ou aquela com as quais sentimos mais afinidade... entre as virtudes que praticamos, deveríamos preferir aquelas que são mais excelentes, em vez das que são mais óbvias"(Introdução à Vida Devota, Parte III)

Um coração que entende sabe o que significa ser verdadeiramente divino, um coração cheio de compreensão sabe o que significa ser verdadeiramente humano. Um coração cheio de compreensão sabe como fazer o que é certo e apropriado. Sabe que tipo de boa ação ou bem deve ser feito em uma situação particular. Sabe como expressar o amor através da ação.

Esse tipo de compreensão é um dom que nos vem diretamente de nossa casa no céu. Este entendimento é um verdadeiro tesouro para as nossas casas aqui na terra.

Por que iríamos querer algo a mais?

O P. Michael S. Murray, OSFS é o Diretor do Centro Espiritual de Sales.
Tradução: P. Tarcizio Paulo Odelli, SDB

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