sexta-feira, 29 de julho de 2011

Reflexão Salesiana para o Décimo oitavo domingo do tempo comum – 31 de julho de 2011


No evangelho de hoje experimentamos o modo como Jesus usa o seu poder para curar e animar as pessoas. Nós também somos chamados a colocar nossos dons para amar e cuidar dos outros. São Francisco de Sales elabora um pouco mais este tema:

Devemos amar de maneira intensa para ajudar os outros, para que prosperem no caminho da santidade. A fé, a esperança e o amor, constituem o núcleo do coração generoso. A generosidade nos permite confiar que a bondade de Deus está dentro de cada um de nós. A generosidade nos impulsiona a proclamar que podemos fazer qualquer coisa em Deus, que nos fortalece. Um coração humilde e generoso, comandado por Deus, pode fazer milagres. Mesmo quando se mantém vigilante para evitar uma queda, o coração que confia em Deus dá origem a um espírito generoso. O espírito generoso, humilde de coração, põe mãos à obra, com plena segurança de que Deus não deixará de dar os meios necessários para tornar realidade os seus projetos.

O coração generoso não se fia em sua própria força para levar a término estas tarefas. Confia inteiramente nos dons que Deus lhe dá. Portanto, devemos valorizar enormemente os dons que Deus nos deu. Devemos reconhecê-los, respeitá-los, honrá-los e utilizá-los para dar glória a Deus. Existem pessoas que possuem uma falsa humildade, que as impede de ver a bondade nelas mesmas. A verdadeira humildade é generosa, e reduz toda falsidade existente em nós. A falsidade nos degrada e não nos permite apreciar nossa inerente excelência. A falsidade não quer que tenhamos em conta a excelência de Deus em nós. Devemos dar-nos conta de que estamos sendo orgulhosos quando recusamos a graça que Deus deseja dar-nos. Temos a obrigação de aceitar os presentes de Deus.

Se valorizarmos a Deus, que é o autor da nossa perfeição, aprenderemos a valorizar os dons espirituais escondidos em nós e nos nossos semelhantes. Nosso próprio amor, e os demais, tem origem no amor de Deus do qual Jesus Cristo foi o exemplo. Nosso Salvador sempre preferiu a nós mesmos antes que a Si Mesmo, e continua fazendo-o cada vez que nos aviva por meio da eucaristia. De mesmo modo, Ele deseja que nós alimentemos nossos dons utilizando-os para amá-lo e servi-lo, com todo nosso coração e com todo o nosso poder.

(Adaptação dos escritos de São Francisco de Sales, particularmente As Conferências Espirituais, I. Edições Carneiro)

Destaque: “Dai-lhes vós mesmos de comer!”

Perspectiva Salesiana

Os discípulos encontravam-se preocupados pelo bem estar da multidão que tinha seguido Jesus até um lugar deserto. Tinha sido um longo dia, a noite se aproximava e não havia nenhum lugar próximo onde as pessoas poderiam conseguir comida, e, pior ainda, hospedagem. Sentindo-se temerosos com as possíveis consequências, os discípulos sugeriram a Jesus que ele deveria despedir as pessoas para suas casas.

Parecia, à primeira vista, a melhor sugestão razoável. Do ponto de vista simplesmente prático, os discípulos tinham medo dos possíveis resultados que poderiam acontecer com tal multidão num deserto, sem provisões. Por isto, ainda mais surpreendente foi o que Jesus disse aos discípulos, em vez de despedir a multidão: “Dai-lhes vos mesmos de comer”

Que motivou Jesus a responder desta maneira?

Considerem que é possível que Jesus fosse capaz de perceber um nível mais profundo de medo nos discípulos, um medo muito mais aterrador que a perspectiva dos cinco mil homens, das mulheres e das crianças sem água e sem alimentos. Talvez os discípulos tivessem medo de que a multidão invertesse, buscando ajuda neles... ou, pior ainda, que se voltassem contra eles por não poderem ajudá-los. Ao enfrentarem-se com esta perspectiva tão aterradora, os discípulos, efetivamente, decidiram sugerir a Jesus que o melhor seria enviar as pessoas para suas casas.

Devemos estar seguros de uma coisa, existem certas circunstâncias em nossas vidas – e nas vidas daqueles a quem amamos – que parecem ultrapassar qualquer tempo, talento, tesouro que nós possuímos. Como diria “Dirty Harry” o famoso personagem protagonizado por Clint Eastwood, “um homem tem que estar consciente de suas limitações.” É sábio que, em tempos de necessidade, nas quais sejamos confrontados com nossas limitações, nos voltemos para Jesus.

Porém, esta cena do Evangelho de Mateus nos desafia a considerar as circunstâncias nas quais somos tentados a dirigir-nos a Deus precipitadamente, buscando respostas sem antes considerar que Deus espera que nós sejamos instrumentos de vida e de amor para os outros. Circunstâncias maiores como trazer a paz para o Oriente Médio é algo que está além do alcance de nossas possibilidades. Por isso eu peço a Deus que traga a paz e peço por aquelas pessoas que trabalham pela realização da mesma. Porém, em outros casos, quantas vezes esperamos que Deus dê alimentos para os famintos sem antes considerar que nós somos chamados a oferecer alimento e bebida para os outros. Quantas vezes pedimos a Deus que ajude a salvar uma relação, sem antes fazer nenhum tipo de esforço para sermos nós mesmos fontes de cura?

Frequentemente em minha vida eu me volto para Deus esperando que ele resolva o problema imediatamente, sem sequer considerar que Deus pode estar pedindo para que eu seja parte da solução?

Em resumo, viver uma vida espiritual – seguindo o exemplo de Jesus – não é fazer tudo depender somente de Deus, nem tão pouco, que dependa somente dos outros. Trata-se na vida de ter equilíbrio, de discernir, de aceitar aquelas situações nas quais nós devemos depender de Deus para conseguir o bem e também para reconhecer as circunstâncias nas quais Deus depende de nós para fazer com que as coisas boas cheguem a um bom final.

P. Michael S. Murray, OSFD – Diretor do Centro Espiritual de Sales
Tradução: P. Tarcizio Paulo Odelli – SDB. 

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