quinta-feira, 14 de julho de 2011

Reflexão Salesiana para o décimo sexto domingo do Tempo Comum - 17 de julho de 2011


As leituras de hoje nos lembram como a justiça e a misericórdia de Deus trabalham conjuntamente em benefício da família humana. São Francisco de Sales observa:

Deus é a própria bondade. A infinita bondade de Deus tem duas mãos: uma é a misericórdia, a outra é a justiça. Justiça e da misericórdia só podem prosperar onde há bondade. Deus usa de misericórdia para que acolhamos tudo o que é bom. A justiça é responsável por arrancar alguma coisa que nos impeça experimentar os efeitos da bondade de Deus. Impulsiona-nos a rejeitar o mal.

Aqueles que têm um verdadeiro desejo de servir o nosso Senhor, e para fugir do mal, não devem atormentar-se com pensamentos de morte ou do juízo divino. O medo sagrado que sentem aqueles que amam a Deus representa uma reverência filial. Eles temem desagradar a Deus, só porque ele é seu pai bondoso e amoroso. O bom filho não obedece a seu pai porque ele tem o poder de punir ou repudiá-lo, simplesmente obedece porque ele é um pai amoroso e preocupado. O santo temor fortalece nosso espírito humano. Confia plenamente na bondade de Deus. A misericórdia de Deus ao ver-nos vestido como "carne, como um vento" jamais permitirá que nos lancemos na ruína total.  A infinita misericórdia de nosso Salvador sempre se inclina a nosso favor.

Quando os pecadores persistem no pecado, quando vivem como se Deus não existisse, é então quando nosso Salvador lhes permite encontrar o seu coração cheio de misericórdia, piedade e generosidade para com eles. Embora Davi ofendesse a Deus, sempre recebeu o incentivo do coração indulgente e a divina misericórdia. Refletimos sobre como a bondade de Deus desde a eternidade nos valorizou, e forneceu-nos todos os meios necessários para avançar no caminho do amor sagrado. Agora Deus nos dá a oportunidade de fazer o bem e de seguir adiante com as provas que atualmente devemos enfrentar. A grandeza que encerra a misericórdia de Deus continua a brilhar nas obras impressionante e inspiradora de Jesus. Que razão para depositar toda a nossa esperança e nossa confiança na misericórdia de Deus!

(Adaptado dos escritos de São Francisco de Sales)


Destaque: "Todos aqueles que são justos também devem ser gentis."

Perspectiva Salesiana

O Livro da Sabedoria não deixa espaço para ambiguidade quando trata das características da justiça divina: o cuidado, a misericórdia, o perdão, o ressentimento e a bondade. Estas características em vez de insinuar que Deus pode ser "fraco" descrevem melhor sua natureza, a verdadeira força, a verdadeira autoridade e o seu verdadeiro poder.

Este é o grande paradoxo do amor divino: mesmo quando o pecado e o mal podem provocar o castigo divino, é muito mais provável que recebam a misericórdia, o perdão e a bondade divina. Francisco de Sales observou: "O pecado de Adão verdadeiramente estava muito longe de chegar a constranger a bondade de Deus. Pelo contrário, despertou e motivou ainda mais a bondade de Deus. Como se estivesse tentando realinhar suas tropas a caminho da vitória, a bondade de Deus faz que a graça seja abundante onde antes abundou a desigualdade antes... De fato, a providência de Deus nos deixou muitas marcas que refletem a severidade divina, inclusive mesmo nos momentos em que Deus irradia seu amor por nós. Exemplos dessas marcas incluem o fato de que devemos morrer, as doenças, os trabalhos, a rebelião sensual... mas o favor de Deus flutua acima de todas essas coisas e se alegra ao converter todas essas misérias em benefícios para aqueles que o amam."(Tratado do Amor de Deus, Livro II, Capítulo 5)

Em nenhum outro lugar ou situação podemos ver refletido o exercício do poder e a justiça de Deus tão claramente, com tanta bondade e com tanta misericórdia do que na vida e no legado de Jesus Cristo. São Francisco de Sales escreveu: "Em uma palavra, nosso divino Salvador nunca se esquece de demonstrar que ‘sua misericórdia está acima todas as suas obras’. Que sua misericórdia excede sua justiça, que é ‘copiosa sua redenção', que seu amor é infinito e que, como os Apóstolos dizem "ele é rico em misericórdia" e, portanto, ele "quer que todos sejam salvos" e que ninguém pereça." (Tratado, Livro II, Capítulo 8)

Sobre a prática da virtude, Francisco de Sales escreveu: "Algumas virtudes tem uma utilidade quase geral e não devem somente produzir seus próprios resultados, mas também devem estender-se a todas as outras virtudes. Nem sempre haverá ocasiões em que poderemos fazer uso da fortaleza, da magnanimidade ou de grande generosidade, mas a mansidão, a temperança, a integridade e a humildade são virtudes que devem enquadrar todas as ações que realizamos no transcurso de nossas vidas”.

 A prática da virtude é o fato de partilhar e repartir o poder e a promessa de Deus. Como devemos responder a esse poder divino, poder manifestado na paciência, na misericórdia, na clemência e na bondade?

Primeiro, devemos nos arrepender. Devemos reconhecer a nossa necessidade de sermos salvos, redimidos e reconciliados pela justiça de Deus. Este poder não apenas nos ajuda a afastar-se da desigualdade, mas também nos permite fazer o que é certo e apropriado.

Em segundo lugar, devemos fazer uso do poder divino no qual partilhamos (como resultado da natureza de nossa criação e redenção) perdoando-nos uns aos outros: praticando e difundindo o cuidado e a compreensão, a misericórdia, o perdão e a bondade para com nossos irmãos e irmãs, especialmente quando eles, deliberadamente ou inconscientemente nos machucam, nos ferem ou fazem danos.

A melhor maneira de servir à justiça divina é através da bondade. Estamos prontos para receber - e partilhar - um presente tão poderoso e redentor como este?

O P. Michael S. Murray, OSFS é o Diretor do Centro Espiritual de Sales.

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