Destaque: "Eles contaram como o reconheceram ao partir o pão.”
Perspectiva Salesiana
"Dois discípulos estavam a caminho de uma aldeia chamada Emaús. Em meio à conversa amena que faziam, Jesus aproximou-se e começou a caminhar ao lado deles."
Sabemos que durante o trajeto de quase sete quilômetros que Jesus andou com os dois discípulos, eles foram incapazes de determinar a identidade do viajante que os acompanhava. Somente quando se sentaram à mesa com ele - e somente quando Jesus partiu o pão e partilhou com eles, finalmente abriram os olhos para a realidade.
Que havia, neste ato tão simples ato que permitiu aos dois discípulos reconhecerem Jesus? Sem dúvida, este ato reavivou aquele momento tão poderoso que viveram pouco antes da traição de Judas contra Cristo, sua paixão e morte: o momento da última ceia. Mais ainda, teve ter-lhes recordado as muitas experiências de companheirismo e fraternidade que viveram sentados na mesma mesa com Jesus e com os outros discípulos. Lembraram as oportunidades simples, Pessoais e íntimas que tinham para chegar a entender mais sobre Jesus e sobre si mesmos. Este ato tão simples, mas ao mesmo tempo tão importante - para partir e de partilhar o pão se tornou para eles uma porta que os levou a experimentar o divino em todos os momentos do seu dia. Analisando isso numa escala maior, esse ato deve ter-lhes lembrado a experiência de comunhão e de comunidade que experimentaram com Jesus e seus companheiros ao longo do caminho, os bons momentos, maus e intermediários que passaram enquanto viviam, aprendiam e amavam juntos.
A ligação desta história com a compreensão eventual da Igreja sobre o que é a comunhão foi um ponto destacado por São Francisco de Sales. Em seu livro Sobre o Pregador e a pregação, escreveu: "É verdade que Nosso Senhor está verdadeiramente conosco, nos ilumina porque ele é a luz. Depois que os discípulos de Emaús comungaram, seus olhos se abriram.” (página 26). - Em nossa celebração e recepção como uma comunidade reunida em torno da mesa com o Senhor, ele está desafiando-nos a vê-lo como Cristo está presente na Eucaristia e como Cristo está presente dentro de nós.
Ainda assim, devemos ampliar nossa noção de comunicação para entender mais profundamente o significado desta cena do Evangelho. Jesus se faz especialmente presente em cada mesa onde as pessoas se reúnem em fraternidade. Jesus se encarna onde as pessoas permitem ser partido e compartilhado com e pelos “outros”. Jesus pode ser visto sempre onde as pessoas estão mais focadas em coisas que os unem e menos em coisas que podem chegar a separá-los.
Quando partimos o pão com o outro - literalmente ou figurativamente - o poder e a promessa contínua de Cristo ressuscitado se manifesta a nós. Quando decidimos “repartir-nos” para alimentar os outros, estamos personificando, neste momento, no momento de nossas vidas, em algo do mesmo Jesus que estava com os dois discípulos há muito tempo.
A questão é: reconhecemos Jesus em nossas tentativas de alimentar os outros?
O P.Michael S. Murray, OSFS é o Diretor do Centro Espiritual de Sales.
Comentários a partir de textos de São Francisco de Sales
Hoje os discípulos de Jesus experimentam a aurora da fé em Jesus ressuscitado, quando o encontram na estrada para Emaús. São Francisco de Sales faz a seguinte observação:
Jesus, vestido como um peregrino se encontra com dois dos seus discípulos na estrada de Emaús. Ele faz perguntas relacionadas com as conversas que tinham feito sobre a sua ressurreição, mas eles não o reconhecem. Depois de confessar as dúvidas que estão enfrentando em relação à sua ressurreição, Jesus os instrui e ilumina com suas palavras. Então, finalmente, no momento em que Jesus parte o pão com eles, reconhecem Nele o Salvador ressuscitado e Nele creem.
Quando uma pessoa ouve com gosto a palavra de Deus, este é um bom sinal. Estamos em constante comunicação com Deus, que nunca deixa de falar aos nossos corações pela inspiração e pelos movimentos sagrados. Deus dá a cada um de nós a inspiração necessária para viver, trabalhar e manter nossas vidas no espírito.
Quando Deus nos dá a fé, Ele entra em nossas almas, e simpaticamente sugere que devemos acreditar através da inspiração. Mas a nossa alma em trevas e na escuridão, apenas vislumbra um clarão destas verdades. É como a terra, quando coberta de neblina. Não podemos ver o sol, mas um vislumbre de luz. Esta luz obscura da fé entra em nosso espírito, e passo a passo nos leva a amar a beleza da verdade de Deus, personificada em Jesus Cristo e a acreditar nela.
A fé é a melhor amiga do nosso espírito humano. A fé nos garante a infinita bondade de Deus e, portanto, nos dá motivos de sobra para amá-lo com todo o nosso poder. Devemos cuidar muito bem do que ouvimos dentro de nós e à nossa volta, sobre a palavra divina, para que ela nos fortaleça. Sejam, portanto, dedicados à palavra de Deus, quer ser ouvida em conversas com amigos espirituais ou durante os sermões. Sigam o exemplo dos discípulos. Permitam com alegria, que as palavras de Nosso Salvador alimentem seus corações como se fossem uma pomada cicatrizante valiosa e cheia de muita esperança.
(Adaptado dos escritos de São Francisco de Sales)
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