14 de novembro de 2010
No Evangelho de hoje Jesus nos diz que, independentemente de qualquer situação que está acontecendo ao nosso redor, temos que perseverar em nossos esforços para segui-lo. Sobre este assunto, Francisco de Sales diz o seguinte:
Será que existe alguma sociedade, uma religião, uma instituição, um estilo de vida tão protegido que está isento dos ataques do mal? Dado que este perigo atinge tudo, é arriscado conviver com aqueles que se dedicam a fazer o mal. Quando confrontado com o mal, é preciso distinguir entre fatos reais e medos infundados. Deus não nos dá a força para lidar com o conflito imaginário, mas sim para o momento em que a necessidade exige. Muitos dos servos de Deus sentiram medo, quase perderam toda a sua coragem ao enfrentarem-se com os perigos fictícios. No entanto, nos momentos em que o perigo foi iminente, comportaram-se com bravura.
Se nos deixarmos levar por nossos medos infundados podemos perder nossa valentia e não faremos nada para tentar combater o mal. Temos de começar a trabalhar. O Senhor quer lutadores e vencedores do mal. Se sentimos que precisamos de coragem iremos gritar cheios de confiança, "Salva-nos Senhor". Se o nosso desejo de servir a Deus é sincero, mas nos falta força para pôr em prática esse desejo, ofereçamo-lo a ele, que nos dará a capacidade de realizá-lo. Deus irá renovar as nossas aspirações tantas vezes quanto seja necessário para perseverarmos neles. Basta sentir o desejo de lutar com coragem, cheios de confiança verdadeira para que o Espírito nos ajude.
Na medida em que continuarmos a fazer a vontade de Deus, Ele nos ajudará a triunfar em tempos difíceis. Entreguemos ao Senhor a nossa vontade e Ele a renovará para que assim possamos adquirir a coragem necessária e fará que perdure durante toda a nossa vida mortal. As crianças se sentem seguras estando nos braços de suas mães. Sentem que nada pode prejudicá-las enquanto não forem tiradas de suas mãos. Mesmo que os tempos conflitantes criem medo em nós, temos que segurar na mão do nosso "Deus Todo-Poderoso", que nos protege e nos põe a salvo.
(Adaptado dos escritos de São Francisco de Sales)
Destaque
“Para vós, que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, trazendo salvação em suas asas”
Perspectiva Salesiana
Sentir medo do Senhor é o princípio da sabedoria (Salmos 111: 10). Mesmo assim, o Salmista recorda-nos que este temor do Senhor (que está diretamente relacionado à aquisição da sabedoria) é apenas o começo: deve levar-nos a "seguir os preceitos de Deus,” deve levar-nos à ação.
Em outras palavras, ter medo do nome do Senhor deve nos levar a realizar as obras do Senhor!
Como ouvimos na segunda leitura de hoje, São Paulo certamente sabia disso: "Bem sabeis como deveis seguir o nosso exemplo, pois não temos vivido entre vós na ociosidade. Pelo contrário, trabalhamos com esforço e cansaço, de dia e de noite, para não sermos pesados a ninguém. Quem não quer trabalhar também não deve comer”.
Esse temor do Senhor – esse medo do nome de Deus - não se destina a nos paralisar. Não, o seu objetivo é claramente para nos motivar, nos fazer mudar, fazer com que trabalhemos – individual e coletivamente - na busca dos mandamentos do Senhor, para construir o Reino de Deus. Dito de outra forma, o temor de Deus não nos deve tornar passivos, ao contrário, deve tornar-nos ativos.
Isso deveria ser óbvio. Ainda assim, a mensagem oposta pode ser transmitida (involuntariamente) quando consideramos as vida e os legados dos santos que, entre outras coisas, sentiam claramente temor do nome do Senhor: "Quando pensamos em homens e mulheres santos através dos séculos, muitas vezes nos lembramos de esculturas, desenhos e pinturas em que todos os santos aparecem menos ativos. Nossos santos mais ativos muitas vezes não estão fazendo nada mais enérgico do que segurando um lírio ou piamente que olhando para o céu. E embora essas imagens possam vir a comover e inspirar, e mesmo que algumas vezes são úteis em momentos de contemplação, se estamos procurando modelos de ação e energia, estas imagens não são tão atraentes "(James Martin, SJ Patronos e Protetores: ocupações mais por Michael McGrath O'Neill)
É com esta visão que James Martin escreveu que "talvez o fato que mais temos ignorado na história cristã é o fato de que Jesus trabalhou. Podemos facilmente imaginar Jesus sendo instruído por São José, o carpinteiro. Na oficina de José em Nazaré, Jesus aprendeu sobre os materiais de sua arte... José ensinou a seu aprendiz a maneira correta de pregar um prego com o martelo, de cavar um buraco na madeira ou como nivelar uma prateleira." (Ibidem)
E quem teria temido o nome do Senhor e seguido os preceitos de Deus de forma mais clara e mais convincente do que Jesus? Gregory Pierce sugere que precisamos ver e experimentar o trabalho como "todo o esforço (remunerados ou não) que fazemos para tornar o mundo um lugar melhor, um lugar que se assemelhe mais à forma que Deus quer que as coisas sejam."(Espiritualidade e Trabalho, Página 18)
O trabalho, o trabalho de Deus é verdadeiramente a nossa carga na vida, a nossa razão de ser, a finalidade para a qual vivemos. Vamos olhar para a vida em Jesus, este trabalho pode ser árduo, demorado e frustrante. Ainda assim, o que pode ser mais gratificante do que usar toda nossa energia para tornar o nosso pequeno canto do mundo lugares em que o "sol da justiça" pode surgir nos corações e nas mentes de nossos irmãos e irmãs? O temor do Senhor é, em última instância, um convite - e não uma exigência - para fazer a obra do Senhor.
O P. Michael S. Murray, OSFS é o Diretor do Centro Espiritual de Sales.
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