sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Primeiro Domingo do Advento – Ano A – 28 de novembro de 2010



 As leituras de hoje, primeiro domingo do Advento nos convidam a andar nos caminhos da luz do Senhor. Chamam-nos a responder ao amor de Deus mudando o coração. São Francisco de Sales observa o seguinte: 

Maria que tinha um coração sem igual entregou sua mente, seu coração e sua alma a Deus sem reserva alguma. De maneira perfeita, superando qualquer outra criatura, sua vontade acatava a Vontade de Deus. Se houve alguma mudança em Maria, esta somente contribuiu para que ela continuasse avançando e amadurecendo na prática das virtudes, tornando imutável sua resolução de pertencer completamente a Deus. Não obstante, em nosso caso, devido as constantes vicissitudes da vida e da nossa constante disposição para mudar a maneira como nos relacionamos com os outros, frequentemente nos vemos obrigados a renovar as promessas que fizemos de aceitar e viver a palavra de Deus.

Como poderemos afirmar que pertencemos unicamente a Deus? Cuidando realmente de nosso coração toda manhã e toda noite. Deste modo consagraremos nossa mente, nosso coração e nosso corpo ao amor de Deus e a Seu serviço. A primeira coisa que devemos fazer cada manhã é preparar o nosso coração para que esteja em paz. Em seguida assegurar-nos que o coração retorne frequentemente a este estado de paz. Felizes são aqueles que caminham pelos caminhos do amor a Deus! Seus corações se converteram!

Vocês me perguntarão: como faço hoje para entregar a Deus meu coração, quando ainda está tão cheio de imperfeições? Como isso poderia agradar a Deus, quando poucas vezes me dediquei ai cumprimento de Sua vontade? E eu lhes perguntarei: Por acaso não sabem que Deus converte para o bem o nosso coração? Deus não nos disse: “Entreguem-me um coração puro como o dos anjos ou o de Maria.” Ele disse: “Entreguem-me seus corações”. Portanto, entreguem a Deus seus corações tal como estão, porque Ele somente deseja que vocês sejam o que são.

Esforcemo-nos para alcançar este amor que Deus deseja dar-nos. Da mesma maneira que os veados, ao serem perseguidos pelos caçadores redobram a velocidade, até o ponto de parecer que voaram, nós também devemos avançar na busca daquilo que Deus deseja para nós. Não nos limitemos somente a correr. Oremos a Deus para que nos conceda asas de pombas para com elas alçar voo nesta vida e que também nos ajudem a encontrar o descanso na eternidade.

(Adaptação dos escritos de São Francisco de Sales)

Destaque

“Despojemo-nos das ações das trevas e vistamos as armas da luz.”

Perspectiva Salesiana

Existe um sentido de urgência palpável nas palavras da carta de Paulo aos romanos para o dia de hoje: uma súplica urgente para que “despojemo-nos das ações das trevas” e para que vistamos “a armadura da luz”. Paulo é bastante específico quando descreve as “ações das trevas”. O comentarista bíblico William Barclay argumenta que a leitura desta descrição nos traz material suficiente para que examinemos e avaliemos quem somos e o que fazemos.

Fazer farra – promover tumulto e perturbar os demais em momentos que as pessoas decentes estariam descansando. Em geral este conceito se refere a pessoas que incomodam os outros.
A embriaguez – o estar intoxicado – literalmente envenenado, até o ponto em que alguém perde a razão, a disciplina e o sentido comum.

Exceder-se na sexualidade e na luxúria – Desejar consumir pelo desejo de sentir prazer sem pensar nas consequências ou no impacto que isso possa ter nos outros. Iludir-se pelo fato de não ter nenhuma norma moral.

Ser briguento – ser incapaz de relacionar-se com outras pessoas sem provocar brigas, controvérsias ou conflitos. Esta pessoa sempre quer ganhar ou que sempre quer ter razão.

Os ciúmes – sentir inveja dos benefícios ou da boa fortuna dos outros.

São Francisco de Sales nos diz que não é suficiente que abandonemos estas – ou outras más ações. Também devemos descartar nosso afeto –ou nossa atração – pelos mesmos: “Todos os israelitas saíram do Egito fisicamente, mas muitos deixaram preso lá o seu coração e nem todos  deixaram para traz sua atração por aquele lugar; é por isso que no meio do deserto muitos deles se lamentaram da falta de alimento e de lugares de entretenimento lascivo que havia no Egito. Do mesmo modo existe penitentes que dão as costas ao pecado porém não descartam sua atração pelo mesmo” (IVD Parte I, Cap. 7).

Porque devemos abandonar nossa atração pelo pecado, nossa tendência para seguir as más ações?  “Além de arriscar-nos perigosamente a cair novamente, estas vis tendências podem debilitar nosso espírito terrivelmente e podem se converter numa carga que nos impedirá de fazer boas obras pontuais, diligentemente e frequentemente” (Ibid)

O advento é o tempo da esperança: a esperança de que a promessa que nos foi feita com a vinda de Cristo será cumprida. Esta mesma esperança requer que examinemos seriamente se as obras que fazemos e/ou as que deixamos de fazer nos estão ajudando para que a esperança se torne uma realidade em nossas vidas e nas vidas dos outros. Que estamos dispostos a ir longe em nosso desejo de poder viver uma vida devota, quer dizer, de fazer boas obras pontuais, diligentemente e frequentemente? Se acreditarmos que a única tarefa é somente dar as costas ao pecado, porém, ao mesmo tempo não deixarmos nossa atração pelo pecado, então, simplesmente não estamos dispostos a ir demasiado longe.

O P. Michael S. Muray é o Diretor do Centro Espiritual de Sales

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