sábado, 26 de julho de 2014

Reflexão Salesiana para o 17º Domingo do Tempo Comum - 27 de julho de 2014


Destaque: "Dê a teu servo um coração compreensivo..."

Perspectiva Salesiana

Salomão poderia ter pedido a Deus muitas coisas, mas tudo o que pediu foi "um coração compreensivo" para poder distinguir o bem  do mal. Deus ficou muito satisfeito com esse pedido tão sábio e intuitivo. Deus dá a Salomão o que ele pediu. Um presente que serviu muito a Salomão que se tornou o mais sábio de todos os reis de Israel.

"Um coração compreensivo." Esta parece ser uma das características mais notáveis que está  ​​presentes em todos os santos de Deus. Santos e santas de todas as idades e culturas, muitas vezes mostraram (entre outras coisas) uma grande capacidade para compreender as coisas que realmente importam na vida.

São Francis de Sales não foi exceção a esta tendência. Em uma carta a Santa Joana Francisca de Chantal escreveu: "Espero que eu possa receber e usar o dom do entendimento como deveria, a fim de obter uma compreensão mais clara e mais profunda dos mistérios da nossa santa fé! Porque esta inteligência tem o poder maravilhoso de fazer com que a nossa vontade se entregue ao serviço de Deus; nosso entendimento está comprometido com Deus, imerso nele, e assim o reconhece de uma forma maravilhosa e perfeitamente boa. À medida que a mente deixa de pensar em tudo o resto em comparação com a bondade de Deus, também a vontade deixa de desejar ou de amar qualquer outra bondade quando comparada com a bondade de Deus; mesmo que os nossos olhos olhem direta e profundamente para o sol já não conseguiriam ver nenhuma outra luz. Mas como só podemos demonstrar o nosso amor neste mundo quando fazemos o bem (porque o nosso amor tem que agir de alguma forma), precisamos de conselhos para colocar em prática este amor que vive dentro de nós, porque é um amor celestial que nos impele a fazer o bem. O Espírito Santo nos dá o dom do entendimento, para que possamos aprender a fazer o bem, para que saibamos escolher o tipo de bem que vamos fazer, e para que saibamos de que maneira plasmar nosso amor em nossas ações. " ( Cartas Seletas , pp 281 -  282)

Do ponto de vista prático, o dom da sabedoria (a capacidade de discernir a melhor maneira de conseguir o bem) tem um papel fundamental na seleção e na prática da virtude. Francisco de Sales escreveu: "A caridade nunca entra num coração sem antes alojar-se a si mesma e a todas as outras virtudes que faz uso, e as quais disciplinam como faz um capitão com seus soldados. Não as põe a trabalhar todas ao mesmo tempo, não o tempo todo, nem em todos os lugares... o grande fracasso de muitas pessoas que decidem usar uma virtude em particular é que eles pensam que a têm que praticar em todos os momentos e situações. Ao praticar as virtudes, devemos fazer uso daquelas que melhor se adéquam às circunstâncias com as quais estamos lidando, em vez de usar as que mais nos acomodam ou  aquelas para os quais sentimos mais afinidade... entre as virtudes que praticamos deveríamos preferir aquelas que são mais excelentes, em vez daquelas que são mais evidentes "(Introdução à Vida Devota, Parte III) 
Um coração compreensivo sabe o que significa ser verdadeiramente divino; um coração cheio de compreensão sabe o que significa ser verdadeiramente humano. Um coração cheio de compreensão sabe como fazer o que é correto e adequado; sabe que tipo de bem ou de boa ação deve ser realizada em uma situação particular; sabe como expressar o amor através de ações. 

Tal compreensão é um dom que vem a nós diretamente do nosso lar no céu. Esse entendimento é realmente um tesouro para a nossa casa aqui na terra.
Porque haveríamos de desejar algo a mais? 

P. Michael S. Murray, OSFS - diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB 

Dos escritos de São Francisco de Sales

O Evangelho de hoje nos diz que devemos buscar o Reino dos céus, sem nos importarmos com o custo, uma vez que tudo isso  vale a pena. São Francisco de Sales oferece conselhos práticos sobre como continuar a avançar em nossa busca do Reino: 

O que nós precisamos fazer não mais do que já estamos fazendo:  adorar a providência de Deus, lançar-nos nos braços de Deus, entregar-nos s Seus cuidados. Bem-aventurados são aqueles que escolheram entregar-se nas mãos de Deus! Para poder renovar e cumprir esta decisão, só temos que proclamar que amamos a Deus exclusivamente, e que nós amamos tudo por amor d'Ele. Ser constantes nesse empenho nos ajuda bastante, já que infunde o amor em todas as nossas obras. É particularmente útil para todas as ações que realizamos no cumprimento de nossos deveres diários. O cumprimento das tarefas necessárias, com base na vocação de cada pessoa, ajuda a aumentar o amor divino e recobre de ouro uma obra de santidade.

Devemos ser como aquela valente mulher que fala o Antigo Testamento. "Ela estende a mão para as coisas fortes, generosas e enobrecidas, e mesmo assim não se esquiva de aplicar sua mão no fuso, e suas mãos na roca." Estendam suas mãos para as coisas fortes, adquiram experiência através da oração e da meditação, recebendo os sacramentos, guiando almas para que amem a Deus, e incutindo inspirações positivas em seus corações. Façam trabalhos importantes de acordo com a sua vocação; mas nunca esqueçam seu eixo e nem sua roca. Isto significa que devem praticar as pequenas virtudes como a simplicidade, paciência, humildade e generosidade, as quais crescem como flores cada vez que realizam pequenas obras com um grande amor.
O rouxinol não sente menos amor por sua canção do que quando ele faz uma pausa durante o canto. Da mesma forma, o coração que se dedica à vida espiritual não sente menos amor quando se concentra no cumprimento dos trabalhos externos, do que quando está orando. Nesse corações o  silêncio e a fala, o trabalho e o descanso, cantam com um amor   transbordante de alegria. Sua oração diária de vida se espalha para todas as suas ações. Eles buscam o Reino de Deus a qualquer custo, e este é revelado a eles.

(Adaptado a partir dos escritos de São Francisco de Sales, particularmente seu Tratado do Amor de Deus). 

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