Destaque: "A semente que cai em boa terra dará
uma colheita abundante."
Perspectiva Salesiana
Às vezes as coisas boas custam
tempo... e exigem muito paciência. Isso acontece até com as melhores
coisas, como por exemplo, as sementes do amor de Deus.
Cada um de nós é "a terra boa",
na qual Deus planta a semente da vida e do amor divino. Nós fomos criados
à imagem e semelhança de Deus, e nossa vocação comum (que é única para cada um
de nós, de acordo com o plano de Deus) é permitir que as sementes da vida divina
criem raízes em nossas mentes e em nossos corações e produzam em nós bondade tão
abundante que se espalhe e se estenda para a vida de nossos irmãos e irmãs...
para que assim todos nós possamos dar glória e honra a Deus.
No entanto, como é claramente
ilustrado na parábola do Evangelho de Mateus, nem todas as sementes do amor de
Deus irão crescer bem dentro de nós. Algumas dessas sementes terão seu
crescimento estagnado por causa dos nossos medos e ansiedades. Algumas
outras serão esmagadas por causa das nossas preocupações ou por certas
atrações. Algumas outras simplesmente irão murchar por causa de nossa
falta de atenção e cuidados. No entanto, apesar destes e de muitos outros
obstáculos que possam surgir, na verdade, muitas das sementes do amor de Deus, irão
se enraizar, crescer e produzir uma colheita de amor, justiça, paz, verdade, reconciliação
e liberdade.
Mas esse crescimento leva tempo e
exige uma série de períodos de avaliação, de cometer erros e de tentar
novamente. É importante que lembremos isto para não desanimarmos e para
que simplesmente deixemos que as sementes do amor de Deus trabalhem livremente
em nós. A prática da paciência não é somente importante para promover o
crescimento espiritual em nós mesmos, mas também para promovê-lo na vida dos
outros. Numa carta a Madame Brülart, Francisco de Sales escreveu:
"Quanto ao seu desejo de ver seus amados progredindo no serviço de Deus e
do seu desejo para chegar a perfeição cristã, quero dizer-lhe que louvo
tremendamente este desejo. Mas... para dizer a verdade, eu sempre temo que nestes
desejos se encontre em um pouco de amor-próprio e da vontade própria. Por
exemplo, poderemos encontrar muito prazer nesses desejos e assim talvez, não
damos espaço suficiente para as coisas que realmente importam: a humildade, a
resignação, a mansidão de coração e outras coisas desse tipo. Ou pode
acontecer que a intensidade desses desejos nos causam tanta ansiedade que no
final, não podemos submeter-nos à vontade de Deus, tão perfeitamente como
deveríamos fazê-lo." (Cartas de Direção Espiritual , página
110.)
É claro que, mesmo quando devemos
assumir a responsabilidade pelo nosso crescimento na espiritualidade, que devemos
nutrir as sementes do amor de Deus em nós e incentivar outros a fazer a mesma
coisa, devemos fazê-lo com paciência e com uma mente aberta à vontade de Deus
para conosco, para que nossos esforços não acabem sendo apenas um exercício de
nosso eu, do nosso amor próprio, de nossa decepção e de nosso ensimesmamento.
Francisco de Sales nos oferece o
seguinte conselho: "Lute por seus objetivos de forma gentil e pacífica...
através de suas palavras e de suas ações deves plantar sementes que animem os outros...
desta forma farão muito melhor do que fazendo, outras coisas, especialmente se
implorem para que seja assim.... "(Ibid)
As sementes do amor de Deus que
caem em boa terra, em nós mesmos e nos outros, a longo prazo irão dar uma
colheita proveitosa. A curto prazo, é nosso dever nutri-las pouco a pouco,
com paciência e com cuidado (especialmente quando somos confrontados com o fracasso
e a frustração) e de maneiras que glorifiquem a Deus no céu ... e que ajudem a
produzir uma colheita de justiça e paz aqui na terra.
P. Michael S. Murray, OSFS - diretor
do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução e adaptação: P. Tarcizio
Paulo Odelli - sdb
Dos escritos de São Francisco de Sales
No Evangelho de hoje, Jesus nos
diz que se entendermos Sua palavra com o coração, produziremos frutos em
abundância. São Francisco de Sales oferece os seguintes pensamentos sobre
o assunto:
A palavra de Deus é tão poderosa
e eficaz que pode dar vida aos mais necessitados. Que belo sinal ver um
cristão que tem o prazer de ouvir a palavra de Deus, e pertencendo totalmente a
Ele! Aqueles que conseguem deixar tudo para entregar-se a Deus, sem
quaisquer reservas, são como o girassol que, não contente em virar suas flores,
suas folhas, e o seu tronco em direção ao sol, também, e como resultado de uma
maravilha incompreensível, consegue redirecionar sua raiz debaixo da terra. Amar
a Deus completamente significa que O amamos com autoridade, e que amamos tudo o
que Ele comanda.
Jesus, que morreu por amor a nós,
deseja que escutemos Sua palavra para torná-la nossa. Depois de prestar
atenção à Palavra de Deus, devemos abrir nosso coração e ser receptivos para
que possamos compreender o que ouvimos. Compreender a Palavra de Deus nos ajuda
a mantê-la. Nossas ações devem ser coerentes com as nossas
palavras. Isto significa que quando nós expressamos a nossa vontade de
fazer alguma coisa, devemos executá-la imediatamente. Imploremos a Divina misericórdia
para que nos fortaleça, e assim possamos fazer, efetivamente, tudo aquilo que o
nosso coração deseja e aprova.
Nosso Senhor deixa muito claro
que a sua palavra se tornará realidade em nós a partir do momento em que
decidimos aceitar a Sua vontade como nossa. Isso não quer dizer que vamos nos
sentir "bem" ou como uns "santos" ao cumprir a vontade de
Deus. O que importa é que reverenciemos a sua palavra, e que mantenhamos a
nossa intenção de tirar proveito dela. A Divina Bondade se mostrará satisfeita
com isto. Deus fica contente com pouco; Ele se concentra nas
intenções do nosso coração, não nos nossos sentimentos. No entanto,
aqueles que ouvem a palavra de Deus com especial atenção e desejo, nos falam
das vitórias que alcançaram sobre si mesmos e suas fraquezas. A soma da
nossa bondade consiste em aceitar a verdade que encerra a palavra de nosso
Salvador. Nosso objetivo deve ser perseverar na nossa capacidade de viver esta
verdade, de modo que possamos alcançar uma vida em abundância.
(Adaptado a partir dos escritos
de São Francisco de Sales)
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