sábado, 12 de julho de 2014

Reflexão Salesiana para o 15º Domingo do Tempo Comum - 13 de julho de 2014


Destaque: "A semente que cai em boa terra dará uma colheita abundante."

Perspectiva Salesiana

Às vezes as coisas boas custam tempo... e exigem muito paciência. Isso acontece até com as melhores coisas, como por exemplo, as sementes do amor de Deus. 
Cada um de nós é "a terra boa", na qual Deus planta a semente da vida e do amor divino. Nós fomos criados à imagem e semelhança de Deus, e nossa vocação comum (que é única para cada um de nós, de acordo com o plano de Deus) é permitir que as sementes da vida divina criem raízes em nossas mentes e em nossos corações e produzam em nós bondade tão abundante que se espalhe e se estenda para a vida de nossos irmãos e irmãs... para que assim todos nós possamos dar glória e honra a Deus. 
No entanto, como é claramente ilustrado na parábola do Evangelho de Mateus, nem todas as sementes do amor de Deus irão crescer bem dentro de nós. Algumas dessas sementes terão seu crescimento estagnado por causa dos nossos medos e ansiedades. Algumas outras serão esmagadas por causa das nossas preocupações ou por certas atrações. Algumas outras simplesmente irão murchar por causa de nossa falta de atenção e cuidados. No entanto, apesar destes e de muitos outros obstáculos que possam surgir, na verdade, muitas das sementes do amor de Deus, irão se enraizar, crescer e produzir uma colheita de amor, justiça, paz, verdade, reconciliação e liberdade. 
Mas esse crescimento leva tempo e exige uma série de períodos de avaliação, de cometer erros e de tentar novamente. É importante que lembremos isto para não desanimarmos e para que simplesmente deixemos que as sementes do amor de Deus trabalhem livremente em nós. A prática da paciência não é somente importante para promover o crescimento espiritual em nós mesmos, mas também para promovê-lo na vida dos outros. Numa carta a Madame Brülart, Francisco de Sales escreveu: "Quanto ao seu desejo de ver seus amados progredindo no serviço de Deus e do seu desejo para chegar a perfeição cristã, quero dizer-lhe que louvo tremendamente este desejo. Mas... para dizer a verdade, eu sempre temo que nestes desejos se encontre em um pouco de amor-próprio e da vontade própria. Por exemplo, poderemos encontrar muito prazer nesses desejos e assim talvez, não damos espaço suficiente para as coisas que realmente importam: a humildade, a resignação, a mansidão de coração e outras coisas desse tipo. Ou pode acontecer que a intensidade desses desejos nos causam tanta ansiedade que no final, não podemos submeter-nos à vontade de Deus, tão perfeitamente como deveríamos fazê-lo." (Cartas de Direção Espiritual , página 110.) 
É claro que, mesmo quando devemos assumir a responsabilidade pelo nosso crescimento na espiritualidade, que devemos nutrir as sementes do amor de Deus em nós e incentivar outros a fazer a mesma coisa, devemos fazê-lo com paciência e com uma mente aberta à vontade de Deus para conosco, para que nossos esforços não acabem sendo apenas um exercício de nosso eu, do nosso amor próprio, de nossa decepção e de nosso ensimesmamento.
Francisco de Sales nos oferece o seguinte conselho: "Lute por seus objetivos de forma gentil e pacífica... através de suas palavras e de suas ações deves plantar sementes que animem os outros... desta forma farão muito melhor do que fazendo, outras coisas, especialmente se implorem para que seja assim.... "(Ibid) 
As sementes do amor de Deus que caem em boa terra, em nós mesmos e nos outros, a longo prazo irão dar uma colheita proveitosa. A curto prazo, é nosso dever nutri-las pouco a pouco, com paciência e com cuidado (especialmente quando somos confrontados com o fracasso e a frustração) e de maneiras que glorifiquem a Deus no céu ... e que ajudem a produzir uma colheita de justiça e paz aqui na terra. 

P. Michael S. Murray, OSFS - diretor do Centro de Espiritualidade de Sales. 
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - sdb 

Dos escritos de São Francisco de Sales

No Evangelho de hoje, Jesus nos diz que se entendermos Sua palavra com o coração, produziremos frutos em abundância. São Francisco de Sales oferece os seguintes pensamentos sobre o assunto: 
A palavra de Deus é tão poderosa e eficaz que pode dar vida aos mais necessitados. Que belo sinal ver um cristão que tem o prazer de ouvir a palavra de Deus, e pertencendo totalmente a Ele! Aqueles que conseguem deixar tudo para entregar-se a Deus, sem quaisquer reservas, são como o girassol que, não contente em virar suas flores, suas folhas, e o seu tronco em direção ao sol, também, e como resultado de uma maravilha incompreensível, consegue redirecionar sua raiz debaixo da terra. Amar a Deus completamente significa que O amamos com autoridade, e que amamos tudo o que Ele comanda. 
Jesus, que morreu por amor a nós, deseja que escutemos Sua palavra para torná-la nossa. Depois de prestar atenção à Palavra de Deus, devemos abrir nosso coração e ser receptivos para que possamos compreender o que ouvimos. Compreender a Palavra de Deus nos ajuda a mantê-la. Nossas ações devem ser coerentes com as nossas palavras. Isto significa que quando nós expressamos a nossa vontade de fazer alguma coisa, devemos executá-la imediatamente. Imploremos a Divina misericórdia para que nos fortaleça, e assim possamos fazer, efetivamente, tudo aquilo que o nosso coração deseja e aprova. 
Nosso Senhor deixa muito claro que a sua palavra se tornará realidade em nós a partir do momento em que decidimos aceitar a Sua vontade como nossa. Isso não quer dizer que vamos nos sentir "bem" ou como uns "santos" ao cumprir a vontade de Deus. O que importa é que reverenciemos a sua palavra, e que mantenhamos a nossa intenção de tirar proveito dela. A Divina Bondade se mostrará satisfeita com isto. Deus fica contente com pouco; Ele se concentra nas intenções do nosso coração, não nos nossos sentimentos. No entanto, aqueles que ouvem a palavra de Deus com especial atenção e desejo, nos falam das vitórias que alcançaram sobre si mesmos e suas fraquezas. A soma da nossa bondade consiste em aceitar a verdade que encerra a palavra de nosso Salvador. Nosso objetivo deve ser perseverar na nossa capacidade de viver esta verdade, de modo que possamos alcançar uma vida em abundância. 
(Adaptado a partir dos escritos de São Francisco de Sales) 

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