sexta-feira, 18 de julho de 2014

Reflexão Salesiana para o 16º Domingo do Tempo Comum - 20 de julho de 2014

Destaque: "Assim procedendo, ensinaste ao teu povo que o justo deve ser humano; e a teus filhos deste a confortadora esperança de que concedes o perdão aos pecadores." (Sb 12, 19) 

Perspectiva Salesiana

O Livro da Sabedoria não deixa espaço para ambiguidade quando se refere às características da justiça divina: o cuidado, a clemência, a indulgência, o ressentimento e a bondade. Estas características em vez de insinuar que Deus possa ser "fraco", descrevem, de um modo melhor, a natureza da verdadeira força, da autoridade real e do verdadeiro poder.
Este é o grande paradoxo do amor divino: mesmo quando o pecado e o mal podem provocar o castigo divino, é muito mais provável que, no final recebam a misericórdia, a indulgência e a bondade divina. Francisco de Sales observou: "O pecado de Adão verdadeiramente estava muito longe de chegar a constranger a bondade de Deus. Ao contrário, despertou e motivou ainda mais a bondade de Deus. Como se estivesse tentando realinhar suas tropas a caminho da vitória, a bondade de Deus faz com que a graça preencha grandemente onde antes enchia a desigualdade... Na verdade, a providência de Deus nos deu muitas grandes demonstrações que refletem a severidade divina, embora, mesmo em momentos que Deus irradia Sua misericórdia sobre nós;  Exemplos destas demonstrações incluem o fato de que devemos morrer, as doenças, os trabalhos, a rebelião sensual... mas a graça de Deus flutua acima de todas estas coisas e se alegra ao converter todas estas misérias em benefícios para todos aqueles que o amam. "(Tratado do Amor de Deus , Livro II, Capítulo 5) 
Em nenhum outro lugar ou situação podemos ver refletido o exercício do poder e da justiça de Deus de forma tão clara, tão gentilmente e com tanta clemência do que na vida e no legado de Jesus Cristo. São Francisco de Sales escreveu: "Em uma palavra, o nosso Divino Salvador nunca se esquece de mostrar que 'a sua misericórdia está acima de todas as suas obras.' Que sua misericórdia excede Sua justiça, que a 'sua redenção é abundante', que o seu amor é infinito e que, como os Apóstolos dizem 'ele é rico em misericórdia' e, portanto, ele 'deseja que todos sejam salvos', e que ninguém pereça". (Tratado , Livro II, capítulo 8) 
Sobre a prática da virtude, Francisco de Sales escreveu: "Algumas virtudes têm apenas um uso quase geral e não somente devem produzir os seus próprios resultados, mas também devem ser estendidas a todas as outras virtudes. Nem sempre se apresentam momentos nos quais podemos fazer uso da fortaleza, da magnanimidade, ou de uma grande generosidade. Mas a mansidão, a temperança, a integridade e a humildade são virtudes que devem emoldurar todas as ações que realizamos no decurso de nossas vidas."
Praticar a virtude é partilhar e repartir o poder e a promessa de Deus. Como podemos responder a este poder divino, poder expresso em paciência, em indulgência, em clemência e em bondade? 
Em primeiro lugar, devemos nos arrepender. Devemos reconhecer nossa necessidade de sermos salvos, redimidos e reconciliados por meio da justiça de Deus. Esse poder não só nos ajuda a afastar-nos da desigualdade, mas também nos permite fazer o que é certo e correto. 
Em segundo lugar, devemos fazer uso do poder divino no qual partilhamos (como resultado da natureza da nossa criação e redenção) o perdão de uns para os outros, praticando e ampliando o cuidado e a compreensão, a misericórdia, a paciência e a bondade para com os nossos irmãos e irmãs, especialmente quando, intencionalmente ou sem pensar, nos machucam ou nos ferem.
A melhor maneira de servir à justiça divina é através de bondade. Estamos felizes por receber e partilhar um presente tão poderoso e redentor como este?

P. Michael S. Murray, OSFS - diretor do Centro de Espiritualidade de Sales. 
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - sdb

Dos escritos de São Francisco de Sales

As leituras de hoje nos recordam o modo como a justiça e misericórdia de Deus agem conjuntamente para cuidar da família humana. São Francisco de Sales observa: 
Deus é a própria Bondade. Esta infinita bondade de Deus tem duas mãos: uma mão representa a misericórdia, a outra a justiça.  A justiça e misericórdia só podem florescer onde há bondade. Deus usa a misericórdia para conseguir que nós acolhamos tudo aquilo que é bom.  A justiça se encarrega de arrancar na raiz qualquer coisa que nos impeça de experimentar os efeitos da bondade de Deus. Impele-nos a rejeitar o mal. 
Aqueles que têm um verdadeiro desejo de servir o nosso Senhor e de escapar do mal, não devem atormentar-se com pensamentos sobre a morte ou sobre o julgamento divino. O santo temor que sentem aqueles que amam a Deus representa para Ele uma reverência filial. Eles temem desagradar a Deus, simplesmente porque Ele é o seu pai amoroso e bondoso. O bom filho não obedece a seu pai porque ele tem o poder de castigá-lo ou deserdá-lo. Simplesmente obedece, porque ele é um pai amoroso e preocupado. O santo temor fortalece nosso espírito humano; confia plenamente na bondade de Deus. A misericórdia de Deus, vendo-nos vestidos de "carne, como um vento" que vem e vai, nunca permitirá que nos lancemos na ruína total. A infinita misericórdia de Nosso Salvador sempre se inclina a nosso favor.
Quando os pecadores persistem no pecado, quando vivem como se Deus não existisse, é então é que o nosso Salvador lhes permite encontrar Seu coração cheio de sofrimento, piedade e generosidade para com eles. Embora Davi tivesse ofendido a Deus, ele sempre recebeu o alento do coração indulgente e a clemência divina. Reflitamos sobre como a bondade de Deus, que desde toda a eternidade, tem nos valorizado, e proporcionado todos os meios necessários para avançar no caminho do amor sagrado. Agora, Deus nos dá a oportunidade de fazer o bem, e de seguir em frente com as provas que atualmente enfrentamos. A grandeza que encerra a misericórdia de Deus continua a brilhar nas obras deslumbrantes e inspiradoras de Jesus. Que grande motivo para colocar toda a nossa esperança e nossa confiança na misericórdia de Deus! 
(Adaptado a partir dos escritos de São Francisco de Sales) 

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