sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Reflexão Salesiana para o 26º Domingo do Tempo Comum - 29 de setembro de 2013


Destaque: "Combate o bom combate da fé".
Perspectiva Salesiana

Tanto a leitura do profeta Amós como a parábola do Evangelho de Lucas nos adverte em relação à despreocupação, ou seja, ao fato de estarmos satisfeitos  com o tipo de vida sossegada que estamos vivendo.  Inclusive satisfeitos com os nossos defeitos, com a autossatisfação e a falta de preocupação. Estas leituras sugerem que aqueles que são complacentes com isso são os que estão em maior perigo de sofrer um desastre pessoal. 
Poucas pessoas decidem estar satisfeitas o tempo todo com seus defeitos. De forma lenta e sutil nós permitimos que os bons momentos e as experiências nos deem uma falsa sensação de segurança. Então, começamos a acreditar que, de certa forma, estamos acima das provas e das tribulações das outras pessoas.  Então achamos que já "chegamos" mesmo quando lembramos que a jornada da vida, com suas responsabilidades, demandas e desafios estão longe de terminar. 
São Paulo certamente reconheceu a tentação de sentir-se satisfeito com seus defeitos. Qual o remédio que ele apresentou?  "Combate o bom combate da fé. Procure a justiça, a piedade, o amor, a fé, a firmeza, a mansidão".
Justiça - a adesão ao código moral ou ético. 
Piedade - a devoção religiosa ou reverência a Deus e aos outros. 
Fé - a crença na verdade, valor e confiança em uma pessoa, ideia ou coisa. 
Amor - uma emoção profunda, doce, carinho inefável e solicitude para com os outros, um sentido de ser alguém.
Firmeza - lealdade, a perseverança, algo imutável.
Mansidão - considerar-se doce, sem severidade. 
Combater o bom combate exige um esforço constante. Requer energia. Requer vigilância. Preocupar-se continuamente. Ouvimos os ecos disto na compreensão de São Francisco de Sales sobre a devoção: "Fazer o que é certo e bom de maneira cuidadosa, muitas vezes e prontamente." 
Posto de forma simples, a vida espiritual é um processo que dura toda a vida. Não importa quanto progresso fazemos num determinado momento do caminho. Devemos evitar tornar-nos despreocupados, ou tornar-nos "satisfeitos com os nossos defeitos". Não importa o quanto temos conseguido individualmente e coletivamente, no amor de Deus e do próximo. Sempre há muito mais coisas boas que devemos fazer.
Cuidadosamente, com frequência e prontamente.

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB 

Dos escritos de São Francisco de Sales

As leituras de hoje lembram que devemos estar continuamente abertos para receber o amor de Deus e trabalhar por este amor que ainda lhe devemos. São Francisco de Sales observa o seguinte: 
Ricos e pobres são chamados a cumprir o serviço devido a Deus. No Evangelho de hoje, vemos como Lázaro, através do sofrimento, persevera no amor fiel a Deus e morre feliz. Enquanto o rico se agarrou com tanta força a sua riqueza, que esta se tornou o seu deus. 
Tal como o rico, podemos ficar obcecados com as nossas posses. Quando isso acontece, oramos para que Deus faça a nossa vontade, em vez de rezar para que façamos a vontade de Deus. Em outras palavras, tentamos usar Deus como um meio para atingir nossos objetivos, o que é uma ilusão. Deus é o nosso verdadeiro fim. 
A avareza não é a única inclinação desordenada que podemos experimentar. Há outras, incluindo o egoísmo, a raiva, o orgulho ou inveja. Mas, se nos abrirmos para receber o amor de Deus, nem nosso temperamento ou nossas inclinações irão atrapalhar nossos contínuos esforços para viver uma vida santa. Ainda assim, não importa quão abundante seja uma fonte de água. A energia com que esta água irrigará as plantas do jardim será diretamente proporcional ao tamanho do canal que a transporta. O Espírito Santo é como uma fonte de água viva que flui dentro de nossos corações tentando encharcá-los com a sua graça, sempre e quando aceitamos que isso aconteça. 
Depois de sua conversão São Paulo, que por natureza era astuto, descortês e severo, se abriu completamente para receber a graça de Deus. Então, o amor de Deus apoderando-se da severidade de Paulo o converteu num homem decidido e invencível a fazer o bem, para que pudesse enfrentar toda sorte de sofrimentos e trabalhos.  Será que o amor de Deus não está acima da natureza? Sejam perseverantes e, com a ajuda de Deus poderão reestruturar todas as suas inclinações de forma racional. Então vocês se tornarão mais conscientes do amor que devemos a Deus e todas as suas boas obras darão frutos que vêm do Espírito de Deus que é a fonte de nosso próprio espírito.

(Adaptado a partir dos escritos de São Francisco de Sales) 

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Reflexão salesiana para o 24º Domingo do Tempo Comum - 15 de setembro de 2013


Destaque: "E o Senhor desistiu do mal que havia ameaçado fazer ao seu povo". 

Perspectiva salesiana

As leituras bíblicas de hoje expressam fortemente suas ideias ao descrever o grupo de pecadores entristecidos. As pessoas sobre as quais Deus tinha derramado seu amor preferencial tornaram-se "depravadas e rígidas", deixaram de adorar o único Deus verdadeiro e agora adoram um bezerro de metal. Diante da débil criação de suas próprias mãos, eles se curvam em adoração e sacrifício. 
O autor do Salmo 50 facilmente admite sua culpa e seu pecado diante do Deus de bondade e compaixão. São Paulo fala abertamente sobre a maneira como ele era e como ele vivia a sua vida antes de chegar a ter fé em Jesus. Ele era, admite ingenuamente, um blasfemador e perseguidor do povo santo de Deus. Sua arrogância espiritual foi inigualável. Finalmente, o Evangelho narra a história familiar de um filho pródigo que desperdiçou sua herança em uma vida despreocupada e dissoluta e, no processo, ele rompe o coração de seu pai. 
Qual é o objetivo desta ladainha de pecado, de culpa, de fraqueza humana e de fracasso? Este é o lado obscuro da boa notícia do evangelho, o fundo sombrio contra o qual a beleza brilhante e a graça transparente da obra redentora de Jesus brilha em todo o seu esplendor. É o humilde reconhecimento de nossa total falta de poder e perda como resultado de ter pecado contra um Deus bom e compassivo. Esta humildade, esta verdade sobre nós mesmos, é a condição necessária para poder escutar o chamado das boas novas da fé e para receber com gratidão o poder curador da graça.
Atualmente hesitamos, muitas vezes, em falar de pecado, especialmente do pecado pessoal. Nós não gostamos de admitir que rejeitamos a Deus ou que nos desviamos do caminho que Ele nos mostrou na Bíblia, no exemplo e nas palavras de Jesus, e nos ensinamentos da Igreja. Ainda assim, este é o reconhecimento, na humildade e na verdade, que nos prepara para a experiência libertadora da doce graça e do perdão de Deus. 
Os santos são pecadores convertidos. Isto é o que as Escrituras proclamam alto e em bom som hoje. A graça toma os fracos, toma inclusive os pecadores mais difíceis, e os transforma em santos e heróis. 
São Francisco de Sales tinha um grande respeito pelo exemplo dos santos, mas ele queria que as pessoas vissem os Santos realisticamente, isto é, como pessoas fracas e pecadoras que, através do poder transformador da graça, tornaram-se heróis. 
Francisco de Sales considerava São Pedro um herói. Ele foi cativado por este homem. Embora fosse muitas vezes herói e tendo sempre boas intenções, faltou frequentemente com a coragem ("Eu não conheço esse homem"), ou fraco para tentar entender que era o que Jesus realmente defendia ("Afasta-te de mim, Satanás"), e que mais de uma vez caiu em seu próprio rosto. Ainda assim, este homem tornou-se um gigante pela graça! Francisco de Sales percebeu que São Pedro era útil para a espiritualidade, pois foi um homem que cometeu faltas com as quais outras pessoas poderiam identificar-se e também falar de um santo cuja santidade eles poderiam imitar. Seu herói tinha verrugas. Ao apontá-las, ele estava, na verdade encorajando outras pessoas em sua busca da santidade. 
Finalmente falemos do belo hino de louvor de São Paulo na segunda leitura. Ele celebra o triunfo da graça sobre o pecado e a fraqueza humana: "ao Rei dos séculos, ao imortal e invisível, ao único Deus, honra e glória pelos séculos dos séculos. Amém ".

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales. 
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB


Dos escritos de São Francisco de Sales

    As leituras de hoje lembram o desejo de Deus, motivado por seu grande amor, de ir em nossa busca quando andávamos desgarrados. Aqui estão algumas reflexões feitas por São Francisco de Sales sobre a misericórdia amorosa de Deus: 
    O vinho que deleita e fortalece o coração representa toda a alegria e satisfações terrenas. Além disso, o amor de Deus, acima de todos os prazeres terrenos, tem uma força incomparável e poder para restaurar e renovar o coração humano. Só o amor divino tem a capacidade de dar satisfação ao coração humano e felicidade perfeita. Nosso Divino Amante não se contenta em proclamar publicamente seu desejo intenso de ser amado. Nosso Salvador vai de porta em porta, batendo, repreendendo, e proclamando: Volte para mim e viva! Eu te amei com um amor que é eterno. 
    Nosso Salvador nunca deixa de nos mostrar que a sua misericórdia está acima de todas as suas obras, mesmo quando nos afastamos muito do caminho do amor de Deus. Quando Nosso Senhor vê uma alma mergulhada no mal se apressa em ajudá-la. Ao acessar o amor de Deus, que vem para nos salvar de nossa miséria, somos como as plantas quase murchas que foram enfraquecidas pelo inverno, mas agora crescem verdes e vigorosos. Então, recuperamos nossas forças, e nossa vida, graças ao "vinho" do amor celestial que alegra o coração humano. Deus, em Sua infinita misericórdia, quer que todos cheguem à vida eterna, e que ninguém se perca.
    Mesmo assim, todos nós guardamos um que outro falso amor. Estes amores nos afastam de nossa inclinação natural de amar a Deus. Mas, se formos fiéis a esta inclinação, a misericórdia de Deus vai nos ajudar a progredir no amor sagrado. Então, na presença de Deus, coloquemos todos estes amores desordenados que possuímos e permitamos que Ele nos transforme completamente. Tentem manter a sua vontade firmemente ancorada neste desejo de encontrar o bem que Deus mostrou, e assim nosso Senhor os ajudará a progredir no exercício do amor divino. Deus dispôs que a cura sempre supere a doença. A Divina Providência, mais de uma vez, fez dois pedaços de madeira tornam-se belas obras de arte.

(Adaptado a partir dos escritos de São Francisco de Sales) 

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Perspectivas Salesianas 23 - O Colégio do amor... o calvário


"A vida é difícil. Esta é uma grande verdade, uma das maiores verdades. É uma grande verdade, pois uma vez que a aceitamos, transcende. A partir do momento em que descobrirmos a entender e a aceitar que a vida é difícil, então a vida já não é difícil. Porque uma vez que se aceita o conceito de que a vida é difícil nada tem mais importância." É o que diz M. Scott Peck, M.D. em seu livro The Road Less Traveled. Assim dizem todos os cristãos que meditam sobre a imagem que resume o amor de Cristo no Calvário.
Jesus não amou para sofrer, Jesus sofreu porque amou. Ele abraçou a vida e cada pessoa nela mesma, plena, aberta e honestamente.
Em algumas ocasiões ele não fugiu das dificuldades, dos desafios nem da natureza "desordenada". Jesus veio para redimir toda a criação, não apenas o que lhe fosse agradável, alegre e prazeroso.
Esse é o mundo dos relacionamentos. Esse é o mundo da vida. Esse é o mundo do amor. Jesus teve a sua parte de angústias. Ele experimentou decepção, rejeição, frustração, humilhação, perda e por último a morte. Esteve diante da tentação de "evitar os desafios da vida, de dar às costas as oportunidades decorrentes das situações dolorosas, de escolher escapar do mundo e de si mesmo."(M. Scott Peck). No entanto, Jesus nunca permitiu que esta dimensão de vida obscurecesse sua visão do poder e da promessa a todos aqueles que, cada dia se esforçam para conhecer e cumprir a vontade de Deus, mesmo em momentos  difíceis.
Dura como pode ser às vezes a vida, se tentarmos evitar suas dificuldades a qualquer preço, só conseguiremos piorar as  coisas. A verdade é simples: se quisermos desfrutar o lado rosado da vida, então também temos que estar dispostos a aceitar os seus espinhos.
Onde é que vamos aprender a encontrar oportunidades para amar, mesmo quando enfrentamos suas realidades dolorosas? São Francisco aponta-nos o "Calvário como escola de amor. Todo o amor que não tem origem na paixão do Salvador é imprudente e perigoso. Infeliz é a morte sem o amor do Salvador; infeliz é o amor sem a morte do Salvador. Amor e morte estão tão mesclados na paixão o Salvador. Não podemos ter um em nossos corações sem o outro."
Isso não é ser chorão, mas realista. E se o amor verdadeiro não é nada mais, deve ser real. Este mundo está cheio de contínuo sucesso e de renúncias, de abraçar ou soltar, de vida ou morte.
Santa Joana de Chantal nos encoraja a acalmar as paixões e inclinações e a "viver de acordo com a boa razão e a santa Vontade de Deus. Caso contrário, estaríamos sempre ansiosos e perturbados. Mas se você tiver sorte o suficiente para aceitar as dificuldades desta vida, que Deus permite para aqueles que Ele quer, então, mesmo nesta vida você começará a sentir um pouco do sabor de uma eternidade gloriosa e crescerá e progredirá na santidade."
De qualquer maneira, nós precisamos ter certeza de que o Calvário que abraçamos é o de Cristo, não um calvário que criamos. Às vezes criamos nossas próprias cruzes quando não cumprimos os desafios da vida de uma forma humilde, gentil, paciente e confiante: tais cruzes não são um meio de salvação, mas, por sua vez a razão da nossa própria miséria.
Uma vez Santa Joana disse a alguém da Comunidade da Visitação: "Você deve continuar sendo sua própria cruz? Eu posso ver que não importa qual o caminho que leva a Deus. Se você der volta a tudo, você transforma tudo em problemas e amarguras."
Certifique-se de que os sofrimentos que você suporta são oportunidades para seguir a vontade de Deus, diferente do sofrimento que vem de suas tentativas de forçar sua vontade na de Deus e dos outros.
Queira Deus, em toda a sua compaixão, conceder-nos a graça de abraçar as dificuldades que encontramos quando tentamos seguir a sua vontade. Se assim fizermos, também iremos experimentar algo da glória de Deus, prometida a todos aqueles que se inscrevem no Colégio do Amor.

Para refletir:

1. Como estou lidando com as dificuldades da minha vida?
2. Estou zangado ou ressentido porque acho difícil desprender-me das feridas e decepções, mesmo quando elas deveriam ter desaparecido?
3. Eu sou das pessoas que veem a vida "meio cheia" ou "meio vazia"?
4. Evito os momentos difíceis da vida, mesmo correndo o risco de perder a alegria que poderia ter deles?
5. Neste momento da minha vida, o que preciso aprender do Calvário?
6. Que poderia necessitar para levar a Cruz de Cristo?

Para rezar:

“Meu Deus, eu te entrego esta ação. Concede-me a graça de realizá-la da melhor maneira possível aos teus olhos. Desde já te ofereço todo bem que eu possa fazer. Que eu aceite qualquer dificuldade que possa encontrar no meu caminho.”

Textos bíblicos

Mc 8, 31-35 - Hb 2, 10-18 - Is 53, 1-12 - Rm 8, 12-17  - 1 Pd 4, 12-19 - 1 Pd 2, 19-25
Fl 3, 7-11 - 2 Tm 1, 8-12 - 1 Pd 3, 8-17

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Reflexão Salesiana para o 23º Domingo do Tempo Comum - 8 de setembro de 2013























Destaque: "Qual é o homem que pode conhecer os desígnios de Deus? Ou quem pode imaginar o desígnio do Senhor?"

Perspectiva Salesiana
Às vezes vivemos nossa vida de uma maneira tão frustrante que podemos torná-la pior. Tudo isso acontece porque nós nem sempre temos a capacidade de olhar para frente. Quantas vezes voltamos para uma loja, porque não fizemos a lista daquilo que era necessário comprar? Quantas vezes corremos três, quatro, ou cinco vezes ou mais durante o dia, para um supermercado, porque simplesmente não paramos para considerar, em primeiro lugar, tudo o que seria necessário para a nossa casa? Quantas viagens de férias apresentaram problemas porque não sentamos para fazer a lista das coisas necessárias e percebemos que esquecemos uma série de coisas que deveríamos ter trazido?
 Qualquer coisa que tem valor, não importa quão simples ou complexa que seja, vale a pena fazer bem. E a primeira coisa que devemos fazer é planejar tudo muito bem, com antecedência. 
Escutamos os ecos desta verdade na parábola do Evangelho de Lucas, que ouvimos neste final de semana. Jesus chama a atenção do seu público, dizendo-lhes que a primeira coisa que se deve fazer é determinar aquilo que se precisa para realizar uma tarefa importante, antes de por as mãos à obra. São Francisco de Sales recomenda: "Seja cuidadoso e atento a todos os assuntos que Deus te confiou. Como Deus te confiou, Deus quer que prestes bastante atenção." 
Claro, nós sabemos que a tradição salesiana nos adverte que não devemos ficar obcecados sobre como fazer planos antes do tempo, a ponto de nos tornamos ansiosos ou compulsivos.  No entanto, esta mesma tradição nos adverte que não devemos começar a fazer coisas ou projetos perigosamente e sem cuidado. Nossa própria experiência mostra claramente que quando deixamos de planejar nossas ações, muitas vezes elas falham. 
Tome uma página da vida do próprio Jesus. Antes de começar o seu ministério público, ele foi para o deserto, onde sem dúvida ele fez um inventário de todas as coisas que precisava para levar a cabo o grande plano de Deus para ele: a salvação da família humana. Jesus não começou o seu ministério de forma desordenada, ele não inventava coisas à medida que avançava. Ele era deliberado. Ele era prudente. Antes de iniciar seu ministério, primeiramente ele considerou com seriedade tudo o que precisava, com o amor do Pai, para redimir toda a criação, através de sua vida, seu amor, sua paixão, morte e ressurreição. 
Deus nos confiou o mais importante de todos os projetos: continuar a obra de Cristo na terra, para sermos fontes de paz, justiça, reconciliação, verdade, esperança, carinho e amor de Deus para os outros. Assim como a torre no Evangelho de hoje, a realização deste objetivo pode ser realmente algo muito difícil de fazer. Contudo, muitos de nós nos damos ao luxo de parar quarenta dias no deserto para determinar o que nós precisamos, a fim de seguir a vontade de Deus e ser o tipo de pessoa que Deus nos chamou a ser. Calculamos o que precisamos para ter sucesso, para sermos fiéis em nossa busca, para o maior de todos os projetos? 
Que tal se o fizéssemos nos primeiros minutos de cada dia? 

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB 


Dos escritos de São Francisco de Sales

O Evangelho de hoje recorda-nos que, se nós realmente apreciamos o fato de sermos discípulos de Jesus, devemos ser determinados, e nossa mente deve estar focada apenas nas coisas que nos levam para os caminhos do amor a Deus e ao amar dos nossos semelhantes. São Francisco de Sales diz que é possível que este trabalho requeira uma reorientação de nossas afeições: 
O verdadeiro amante não se deleita em quase nenhuma outra coisa que não seja o objeto de seu amor. Assim acontece com nossas amizades, quer boas, quer excelentes. Essas amizades são inteiramente para Deus, e de Deus. O amor e a amizade que temos em Deus vai durar toda a eternidade, já que seu fundamento, que é sólido e permanente, é o amor divino. 
Como resultado do nosso desejo de amar a Deus sobre todas as coisas, pouco a pouco, vamos nos desprendendo de todas as afeições que são insignificantes, que não têm valor diante Dele, já que não há garantia de que irão durar para sempre. Além disso, sentir amor pelas coisas e amigos cujo núcleo não é o amor de Deus, somente nos levará para um caminho vazio. Contudo, não podemos ficar muito tempo privados de qualquer tipo de afeto. Devemos aceitar esses sentimentos que são dignos de nosso serviço ao amor de Deus. Se estamos despojados de nosso velho amor por nossos pais, nosso país, nossa casa, nossos amigos e nossas coisas, agora temos que retomar esse carinho por eles, mas de uma nova maneira. Agora, este afeto que sentiremos não será para o nosso próprio benefício, mas que fará parte do nosso serviço para a glória de Deus. 
O pescador tece uma rede sólida e bem amarrada, de forma que esta possa flutuar sobre as ondas do mar. Da mesma forma, mesmo que haja coisas transitórias que rodeiam nossos corações devemos mantê-los sempre à tona, acima de tudo, para que eles possam presidi-los. Seus corações devem estar abertos somente para o céu. Uma vez que deixamos tudo pelo amor de Deus, adquirimos a liberdade para praticar as virtudes de acordo com o amor divino. Amemos, pois, nossos queridos amigos,  amemos nossos relacionamentos e nossas coisas, mas somente por meio do amor e da amizade sagrada, que irão perdurar em toda a eternidade.

(Adaptado a partir dos escritos de São Francisco de Sales) 

Sobre a cruz de cada dia:

Para São Francisco de Sales o mérito de carregar a cruz não está no seu peso, mas no modo como se leva. É preciso que o discípulo siga cada dia seu mestre tomando a própria cruz, mas “as cruzes que nós fazemos ou que inventamos que sempre são polidas pelo que tem de cada um de nós e por isso sempre são menos mortificantes. Humilhai-vos, pois, e recebei alegremente as que nos impõem contra nossa vontade”.

“Preferiria levar uma cruz pequena que me fosse colocada nos ombros a ir cortar madeira com grande trabalho e levá-la com grande fadiga. Eu creio realmente que agrado mais a Deus com a cruz de palha que Ele me envia, do que com uma lavrada com sacrifícios e suores, feita por mim. Esta eu levaria para satisfazer meu amor próprio, que se compraz em tais invenções, pois não concorda em deixar-se conduzir e governar com simplicidade”

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Perspectivas Salesianas 22 - Um modelo de civilidade... um distintivo salesiano


M. Scott Peck, M.D. enfatiza que algo "muito grave está errado em nossa sociedade." Em seu livro, Um mundo esperando para nascer, (Bantam, 1993), o autor expressa sua crença de que um câncer corrosivo ameaça nossas famílias, escolas, locais de trabalho, comunidades e instituições sociais: uma epidemia de incivilidade.
Parece que para onde quer olhemos, as pessoas estão travando um combate. Seja numa luta no Congresso, seja numa troca de obscenidades na hora do rush, no aumento da violência juvenil ou nas palhaçadas satíricas que a televisão apresenta diariamente na televisão. Parecemos estar perdendo a habilidade de tratar os outros de uma forma civilizada. O Respeito, a cortesia e a educação estão recuando para o nível de "não aprisionar" quando se aborda o tema da competência e do conflito no pessoal, político ou familiar.
Qual é o remédio para esta situação? Primeiro, é preciso lembrar Deus nos criou por amor. Em segundo lugar, precisamos lembrar constantemente que cada pessoa que encontramos tem dignidade e valor dados por Deus. Terceiro, precisamos mostrar essas verdades, tratando-nos uns aos outros de modo respeitoso e civilizado.
São Francisco de Sales (1567-1622) é um modelo de civilidade. Apesar de no seu tempo ele ter testemunhado e experimentado um desafio muito grande, é reconhecido por suas inquebrantáveis tentativas de tratar os outros com profundo respeito, boas maneiras e uma atitude amigável, mesmo no meio dos conflitos. (Esta qualidade lhe valeu o título de "Santo Cavaleiro", cuja festa é celebrada em 24 de janeiro.)
Ele acreditava que a melhor maneira de demonstrar que estamos seguindo o mandamento de Jesus de "amar-nos uns aos outros," se faz pela prática da civilidade nos relacionamentos com nossos pais, cônjuges, crianças, colegas, amigos e até mesmo com os nossos  inimigos, de forma justa, digna  e hospitaleira.
São Francisco de Sales nos diz que promover civilidade nas famílias, escolas, comunidades e estruturas sociais hoje é tão prático e poderoso como era há 400 anos. O fonte mais simples para a sabedoria prática pode ser encontrada na Introdução à Vida Devota, publicada pela primeira vez em 1608. Um exemplo de sua orientação e incentivo inclui:
* "Embora seja importante resistirmos ao mal e enfrentarmos os defeitos dos outros, devemos fazê-lo de uma forma suave e pacífica."
* "Quando você está no meio das dificuldades e contradições não tente rompê-las, mas dobre-as com tempo e suavidade."
* "Você pode atrair mais moscas com uma colher de chá de mel do que com um barril vinagre."
As raízes da civilidade significam "membros da família." Nós somos membros da família de Deus, concidadãos dos santos que somos chamados "a viver em Jesus," para construir a Cidade de Deus na terra, embora saibamos que o nosso lar eterno está no céu.
Nosso compromisso de tratar-nos unas aos outros respeitosamente, de modo justo e gentil pode ser, com certeza, um poderoso remédio para um mundo cada vez mais ameaçado pela hostilidade, pelo rancor e pela violência. Bem-aventurados nós que temos a São Francisco de Sales como o nosso companheiro e guia, enquanto cada dia e todos os dias "tentamos andar de modo suave,  pacífico e gentil com nossos irmãos e irmãs"!
Que Deus nos ajude a reconhecer que civilidade é uma das bases sólidas para praticar a caridade.

Para refletir
1. Como lido com conflitos  na minha vida?
2. Reajo de uma forma justa, quando eu enfrento discordâncias?
3. A graça supõe a natureza: trato os outros de modo Cortez e civilizado?
4. Muitas vezes a vida nos oferece grandes oportunidades para respeitar os outros?
5. Em que área da minha vida poderia usar o toque de cura de civilidade dos outros?
Para rezar:

“Meu Deus, eu te entrego esta ação. Concede-me a graça de realizá-la da melhor maneira possível aos teus olhos. Desde já te ofereço todo bem que eu possa fazer. Que eu aceite qualquer dificuldade que possa encontrar no meu caminho.”