Destaque: "A minha alma tem sede de ti, ó Senhor, meu Deus."
Perspectiva Salesiana
Deus derrama sobre nós seu
espírito de graça e de oração. No salmo deste domingo (salmo 62) percebemos que
somente Deus pode nos saciar. Vimos nestes dias as pessoas nas ruas bradando
por mais justiça, mais respeito, mais honestidade, mais verdade... temos sempre
sede de tudo isso e somente Deus nos encherá. Porém, também temos que agir COMO
Deus. Este como é que faz a diferença.
O que significa estar "sedentos
de Deus"?
Significa querer estar perto de
Deus.
Desejar conhecer a Deus.
Querer caminhar com Deus aqui na
terra.
Desejar viver com Deus para
sempre no céu.
Nosso desejo de
unir-nos a Deus deve se expressar por meio de nossos esforços para manter a
união entre nós. Estar com Deus não é suficiente. Devemos também agir como
Deus. Algo que foi dito nas bem-aventuranças: "Bem-aventurados os que têm
fome e sede de justiça, porque eles serão saciados."
William Barclay sugeriu que essa fome - essa
sede - é própria daqueles que sofrem de fome, sede dos que morrem sem uma gota
de líquido. Isto faz-nos perguntar: o nosso desejo de justiça é realmente
profundo? De todas as coisas que estamos com fome/sede, qual a prioridade que
temos dado ao desejo que se faça justiça?
Pode ser que aqueles
que sentem este desejo não necessariamente o vejam realizado nesta terra. Este
mundo não é perfeito, não somos seres perfeitos, por isso não deve surpreender-nos
ou chocar-nos que ainda temos um longo caminho a percorrer no esforço para
fazer da justiça uma realidade na vida de todas as pessoas. Mesmo assim, as
bênçãos são dadas para aqueles que, mesmo apesar das suas deficiências e
falhas, continuam apegados a esta fome e sede por aquilo que é certo e justo...
e lutam para que isso se torne uma realidade para cada um dos seus pequenos
cantos do mundo.
Francisco de
Sales escreveu certa vez: "Eu sei que você tem uma dívida... nunca tire dos
outros aquilo que lhes corresponde" (Stopp, Letters, 69). Sentir fome e
sede de justiça de Deus significa que devemos também ser justos: é preciso trabalhar
para cumprir com a dívida que temos para com os outros. Isso obviamente levanta
a questão: Por que eu tenho uma dívida com os outros? Acaso lhes devo alguma
coisa?
Eis a resposta:
Respeito.
Reverência.
Cortesia.
Paciência.
Honestidade.
Verdade.
Generosidade.
Estar com fome
de Deus, estar sedentos de Deus requer, entre outras coisas, que atuemos como
Deus: que nós nos esforcemos para tratar os outros com o mesmo respeito, a mesma
reverência, a mesma cortesia, a mesma paciência, a mesma honestidade, a mesma veracidade
e a mesma generosidade com que Deus nos trata.
Estamos
famintos e sedentos?
P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor
do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução e adaptação: P. Tarcizio
Paulo Odelli - SDB
Dos escritos de São Francisco de Sales
No Evangelho de
hoje ouvimos Jesus dizer aos seus discípulos que se eles desejam segui-lo devem
estar dispostos a negarem-se a si mesmos e carregar a sua cruz de cada dia. São
Francisco de Sales negar-se a si mesmo significa que devemos deixar de lado
todos os amores que não vêm de Deus, para que Ele possa encher com Seu amor
divino. Como levar nossas cruzes, ele diz o seguinte:
As cruzes que
encontramos fora são excelentes, mas melhor ainda são aquelas que encontramos em
casa. Na mesma medida em que elas são insuportáveis, valem mais do que o jejum
e inclusive a austeridade. As cruzes que nós inventamos quase sempre pesam
muito pouco. Nós as criamos, portanto, não levam a uma transformação
significativa.
A vida de Jesus
confunde a todos aqueles que tentam ignorar os ensinamentos do Evangelho. O
verdadeiro cristão entrega toda sua santidade na sabedoria da cruz. Esta
sabedoria é totalmente oposta à sabedoria com base na cultura. Carregar nossas
cruzes significa que estamos dispostos a passar trabalho, a suportar perseguições
e insultos por causa da justiça.
Não desejem
carregar cruzes maiores do que aquelas que hoje estão a suportar com paciência.
Não devemos desejar ser mártires, quando na verdade não temos a coragem e paciência
necessárias para carregar pequenas cruzes que enfrentamos diariamente. Muitas
vezes nos deixamos levar pelo desejo de coisas que não temos, e que jamais
encontraremos, apenas para desviar a nossa atenção das coisas que temos e que, por
pequenas que sejam, podem beneficiar-nos imensamente.
È possível que
na hora de assumir suas cruzes diárias sintam certa impotência. Mas este
sentimento de impotência os ajudará a colocarem-se nas mãos de Deus. Nosso
Salvador deseja fazer da nossa impotência Seu trono. O que não esperamos de nosso
próprio poder, podemos esperar da graça de Deus, cuja bondade divina está
sempre presente em nós.
(Adaptado a
partir dos escritos de São Francisco de Sales)
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