sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Reflexão Salesiana para o Segundo Domingo do Tempo Comum - 20 de janeiro de 2013


Destaque: "Este foi o início dos sinais de Jesus. Ele o realizou em Caná da Galileia, e manifestou assim a sua glória, e seus discípulos creram nele."

Perspectiva Salesiana

Como um primeiro passo para Jesus "se tornar conhecido", esta primeira demonstração do poder divino dele é, por assim dizer, modesta.  Aqui não houve milagre espetacular. Não houve exorcismo de demônios, nem ressuscitou algum morto. Ao contrário, ele simplesmente impediu que o provedor ficasse sem vinho durante a recepção que se seguiu ao casamento.
 Muitas pessoas consideram isso como um mau uso, inclusive como um desperdício do poder salvador de Jesus. O próprio Jesus parece ter sentido que seu poder poderia ser usado de uma maneira melhor e depois em outros lugares.
Mas Francisco de Sales não pensa o mesmo. Ele observa que esse milagre tem um significado que vai além do que pode ser visto a olho nu. Aqui está um exemplo de como o poder de Deus permeia todas as experiências humanas, mesmo as mais comuns. Com isso se refere à prática das "pequenas virtudes", algo muito valioso para São Francisco de Sales, e a marca da sua compreensão do poder salvador de Cristo.  Em seu Tratado do Amor de Deus, Francisco de Sales escreveu: "É possível que uma virtude muito pequena tenha um valor muito maior para uma alma na qual reina o amor sagrado, com um fervor que é maior do que o martírio numa alma onde o amor é doentio e fraco." (Livro 11, Capítulo 5) Dito de outra forma, as pequenas virtudes, a expressão de cuidado ou preocupação por circunstâncias que parecem normais, pode ser" mais agradável aos olhos de Deus do que as grandes e famosas obras que são feitas com pouca caridade e devoção ".
Ainda assim, há espaço para grandes manifestações de amor: "Eu não estou dizendo que não devemos aspirar às virtudes notáveis, mas se sustento que devemos treinar-nos nas pequenas virtudes, é porque sem estas, as obras grandes são falsas e enganosas. "(Stopp, letras selecionadas , p. 159)
Jesus pode ter sido tentado a acreditar que transformar água em vinho fosse uma ação bem abaixo da sua dignidade divina, talvez até mesmo da sua dignidade humana. Eventualmente as necessidades dos outros eram mais persuasivas do que o desejo de "fazer um grande show" para os outros. Ironicamente, pode ter sido a disposição de Jesus de usar seus poderes celestiais para satisfazer um pedido aparentemente tão comum, que permitiu que seus discípulos "começassem a acreditar nele."
Seus mais milagres famosos, maravilhosos e com manifestações de poder vieram depois. Mas seja na cruz do Calvário, ou num simples casamento em Canaã, o poder, a promessa e a pessoa eram uma e a mesma coisa.
A moral deste milagre? Nada é pequeno demais para o Reino de Deus. Podemos dizer o mesmo de nós mesmos?

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

Dos Escritos de São Francisco de Sales

O Evangelho de hoje fala de como Deus está presente em Jesus no momento em que ele transforma a água em vinho, e como este é um símbolo de nossa própria transformação em Cristo. São Francisco de Sales observa que:
Jesus veio para criar uma nova humanidade. Ele dá início ao seu ministério, o de transformar a pessoa humana, mostrando a bondade de Deus ao fazer um milagre durante o banquete. Jesus realiza a transformação da água durante a festa de casamento em Caná, quando ele percebe que os noivos estão sem vinho. Noutro banquete, realizado antes de sua morte, Ele instituiu o sacramento da Eucaristia, para que pudéssemos ser nutridos e ser como Ele.
A bondade de Deus na Pessoa de Jesus aparece diante de nós na transformação da água em vinho e da instituição da Eucaristia. A presença de Cristo em nossa vida transforma as águas mornas do nosso amor no vinho do amor de Deus. O amor divino nos revigora e fortalece-nos no longo caminho que leva à plenitude, que é Jesus vivo.
Maria, no evangelho de hoje, convencida de que Jesus proveria o vinho para os recém-casados, fala com seu filho sobre a necessidade que apareceu. Da mesma forma, devemos confiantemente pedir a Deus para nos ajudar nas necessidades espirituais e temporais que temos. Na oração, pedir a Deus diariamente para a vinda do Reino de Deus, e que faça a vontade de Deus. Mas Jesus também nos disse para pedir a Deus o pão de cada dia.
Quando estamos desanimados e nos sentimos desolados, devemos apresentar a Deus a nossa necessidade com plena convicção de que Ele vai nos responder de acordo com nossas necessidades. Podemos dizer: "Estar diante de ti como sou, já é suficiente. Tu te encarregarás de minhas misérias e das minhas necessidades como desejares.” Mesmo que Deus nunca nos der mais do que o nosso ego quer, teremos a certeza de que Ele sempre nos provê tudo para nosso bem-estar. Sempre e quando tivermos vontade de aceitar a Sua presença em nossas vidas.

(Adaptado dos escritos de São Francisco de Sales, especificamente os sermões de São Francisco de Sales, Fiorelli L., ed). 

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