Destaque: "Eu,
o Senhor, te chamei para a justiça e te tomei pela mão"
Perspectiva
Salesiana
A história do
batismo de Jesus termina com o som de uma voz vinda do céu, dizendo: "Tu
és o meu Filho amado, em ti ponho meu benquerer".
Por que Jesus
é o filho favorito de Deus? Porque Jesus é o Filho da Justiça. Jesus mede tudo
com os padrões estabelecidos por Deus, para dar a todos o que lhes corresponde.
Isaías nos diz
que Deus nos chamou, como Cristo, "para o triunfo da justiça" e nos Atos
dos Apóstolos, para "agir honestamente". Mas, falando em termos
comuns, que significa trabalhar para a justiça de Deus, e agir honestamente?
Consideremos
por um momento o ato oposto de atuar justa e honestamente: "nós condenamos
o nosso vizinho por qualquer coisinha, mas nos escusamos de outras muito grandes
que cometemos e que causam impacto. Queremos vender a preços elevados, mas comprar
a preços de pechincha. Exigimos que se trabalhe de modo correto noutra casa,
mas que a misericórdia e a generosidade sejam concedidas a nossa casa. Queremos
que as pessoas não levem muito a sério as coisas que dizemos, mas nos mostramos
sumamente suscetíveis e ofendidos pelos comentários dos outros". (Introdução
à Vida Devota, Parte III, Capítulo 36). Viver uma dupla moral está no fundo da
injustiça. É usar duas balanças diferentes para pesar o mundo: a balança com a
qual pesamos tudo aquilo que resulte em nosso benefício, e a outra, com a qual pesamos
tudo aquilo que implique em desvantagem para os outros.
O que torna
difícil identificar nossos atos de injustiça é que essas coisas quase nunca são
grandes. Pelo contrário, são muitas vezes pequenas coisas que fazemos e,
portanto, são fáceis de ignorar. São Francisco de Sales escreve: "O
amor-próprio nos impulsiona e nos encoraja a cometer inúmeros e pequenos, mesmo
perigosos, atos de injustiça e iniquidade. Como são tão pequenos não nos
incomodamos. Porque são muitos, é mais fácil que causem grandes ferimentos,
tanto em nós mesmos, assim como nos outros".
Francisco de
Sales diz que as pessoas justas e honestas são, em suma, pessoas sensatas. Elas
não vivem moral dupla. São pessoas integras. Seguem a Regra de Ouro: trate os outros
como você gostaria de ser tratado, e não espere conseguir dos outros, aquilo
que eles mesmos se recusam a colocar em prática. As pessoas justas e honestas
usam apenas uma medida: o amor de Deus. "Filoteia, seja igual justa em
todas as tuas ações. Toma o lugar do próximo e põe-no no teu, e sempre julgarás
com equidade". São Francisco diz: "Viva com um coração generoso, nobre,
educado, verdadeiro, justo e sensato" (ibid.).
Na medida em
que fizermos isso para os outros, todos e em cada um de nossos dias, cresceremos
como "filhos e filhas amados de Deus". O favor de Deus estará conosco
- e habitará em nós, sempre e quando partilhamos o que Ele nos deu com as outras
pessoas.
P. Michael S.
Murray, OSFS é- Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução e
adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB
Dos escritos
de São Francisco de Sales
Hoje nós
celebramos o Batismo de Jesus lembrando o início de seu ministério. São Francisco
de Sales observa que Deus nos chamou para o seu serviço, mesmo que isso às
vezes envolva um grande esforço para nós:
Nosso Salvador
usa meios insondáveis quando ele nos chama a servi-lo, mas ele sempre o faz de
modo amoroso e diferente. Quando tomamos a firme vontade de servir a Deus na forma
e no lugar onde Ele nos chamou para servir, estamos mostrando que a nossa vocação
é verdadeira. Mesmo sendo fortes e perseverantes no nosso serviço a Deus, podemos
cometer faltas. Também pode acontecer que coloquemos em dúvida a nossa vontade
de usar os meios que foram colocados ao nosso alcance para servir a Deus.
Estamos todos à mercê dos nossos sentimentos e das nossas emoções e, portanto,
sujeitos a alterações. Mas não devemos nos preocupar se às vezes sentimos que
estamos distanciando-nos, ou se sentimos relutância em atender ao chamado para
servir a Deus. É normal sentir esses altos e baixos. Que não sejamos excessivamente
virtuosos não nos torna menos dignos para o serviço. O importante é manter-nos
firmes, mesmo se sofremos essas mudanças no estado da nossa mente. Há certas virtudes
que só podem ser implementadas quando passamos por dificuldades. Não será a
teimosia de nossos sentimentos, mas nossa intenção de perseverar
voluntariamente no serviço de Deus que determinará a força do nosso compromisso
de amar como Deus quer que amemos.
Um bom músico de
instrumento de corda tem o hábito de verificar com frequência as cordas do seu
instrumento, para ver se elas precisam ser ajustadas ou soltas, contribuindo
assim para a harmonia impecável no momento da interpretação. Também, ocasionalmente,
temos de examinar e avaliar todas as afeições do nosso coração, para ver se elas
estão em sintonia com os desejos e mandamentos do nosso Salvador. Fortaleçamos
nosso fervor reafirmando nosso compromisso de sermos filhos e filhas de Deus, chamados
a amar divinamente. Vamos viver com coragem e vamos ser fiéis ao sentimento
original e a emoção em nossos corações que nos chamam para servir a Deus. É
assim que seremos felizes!
(Adaptado dos
escritos de São Francisco de Sales)
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