quinta-feira, 26 de abril de 2012

Reflexão Salesiana para o 4º Domingo da Páscoa - 29/04/12


No Evangelho de hoje escutamos Jesus referir-se a si mesmo como Bom Pastor e o escutamos explicar-nos o que isso significa. São Francisco de Sales recorda que todos nós somos pastores e que devemos ocupar-nos de nossas ovelhas:
Nosso Bom Pastor nos reúne a todos ao seu redor para manter-nos sempre sob sua mais sagrada proteção. Mas nós também somos pastores e temos um rebanho de ovelhas que devemos cuidar. Nosso rebanho é feito por nossos desejos, nossos sentimentos e nossas emoções. Nossa obrigação é velar sempre por este rebanho espiritual, aprendendo com Jesus como devemos governar-nos a nós mesmos.
Muitas vezes tendemos a não nos comportar bem e por isso Nosso Bom Pastor quer que deixemos de lado a autogestão, exceto na hora de aceitar e cumprir sua Vontade. Ele deseja para nós tudo aquilo que nos ajudará a alcançar a plenitude. Quando nós seguimos os passos do Bom Pastor aprendemos a dirigir, a governar e a colocar nossos desejos, nossos sentimentos e nossas emoções em ordem, para que assim possam ajustar-se a bondade de Deus. Que poderá resultar mais prazeroso para este Divino Pastor do que o fato de que nós lhe entreguemos nossos amores para que Ele possa purificá-los? O amor sagrado deve ser nosso principal desejo. Nós alcançaremos o amor sagrado no momento em que deixarmos de viver nossa vida em função de satisfazer nossos desejos egoístas e comecemos a viver de acordo com as inspirações e as indicações de Nosso Salvador.
Nosso Pastor nos alimenta docemente com um amor que é incompreensível. Ele morreu no amor, para o amor e por amor. Para poder dar-nos vida, Ele sofreu a morte. Que sobra para nós? Devemos consagrar cada momento de nossa vida ao amor divino que nos foi revelado com a morte de Nosso Salvador, que abriu a porta da vida eterna. Isto quer dizer que nós devemos levar a bom termo todas as nossas obras, todas as nossas ações, todos os nossos pensamentos para que a Glória de Deus possa brilhar através de cada um deles. Que felizes seremos se permanecermos na presença do Bom Pastor e se nos dedicarmos fielmente a contribuir para a permanência do Seu reino entre nós!

(Adaptação dos sermões de São Francisco de Sales, L. Fiorelli, Ed. E do Tratado do Amor de Deus de São Francisco de Sales)

Destaque: "Eu sou o bom pastor e conheço as minhas ovelhas e minhas ovelhas me conhecem, assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai".

Perspectiva Salesiana

Certamente vocês já escutaram a expressão "conhecer é amar". Em geral é certo que não se pode esperar que nos enamoremos de alguém ou de algo quando não temos nenhuma familiaridade com ele, ela ou aquilo. É por isso que a frase "conhecer é amar" não se encaixa totalmente dentro do contexto das relações humanas. Nas relações humanas é mais acertado dizer "amar é conhecer", pois nos decidimos a amar os outros, a comprometer-nos com os outros, nos abrir-nos a eles e eles reciprocamente se abrem e se comprometem conosco. Jesus fala desta verdade quando diz: "Aquele que me ama será amado por meu Pai e eu o amarei e me manifestarei nele" (Jo 14, 21) Francisco de Sales faz eco desta verdade quando nos diz "Ter conhecimento do bem nos leva a conhecer o princípio do amor, mas não a medida do mesmo". (TAD Livro 6, cap. 4)
No evangelho de hoje Jesus nos revela algo surpreendente e inquietante sobre sua relação conosco. "Eu sou o Bom Pastor e conheço minhas ovelhas e as minhas me conhecem assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai". Ele está dizendo que nos conhece tão intima e pessoalmente como seu Pai celestial o conhece. E que nós, por sua vez, o conhecemos da mesma maneira como ele conhece o Pai. O tipo de conhecimento que Cristo, nosso Bom Pastor tem de cada um de nós somente pode ser adquirido através de um contato muito próximo e intimo conosco. É o resultado de seu amor para conosco, de sua vontade de comprometer-se total e completamente conosco, do mesmo modo como o pastor compromete sua vida total e completamente para cuidar de suas ovelhas.
Se estudarmos a relação de um pastor com suas ovelhas veremos que sua vida gira em torno da vida de suas ovelhas. O pastor passa o dia com elas, e muitas vezes, cuida delas durante a noite. Não é de surpreender então que ele chegue a conhecer cada uma de suas particularidades, suas características individuais e inclusive chegue a dar um nome para cada uma delas. Para os outros, as ovelhas são todas iguais, mas para o pastor cada uma é diferente. É por isso que não tem dificuldade de reconhecê-las entre cem outras no redil.
A parábola do Bom Pastor não está distante de nós como inicialmente somos inclinados a acreditar. De fato está implícita em nosso ser a necessidade de sermos conhecidos e amados por aquilo que somos, aconteça o que acontecer. Pode acontecer que algumas vezes pensemos, nos sintamos ou atuemos de forma um pouco inoportuna ou descuidada como muitas ovelhas o fazem. Pode ser que às vezes nos envolvemos com todo tipo de problemas quando nos afastamos do nosso pastor, como as ovelhas que ficam presas nas sarças ou que caem nos penhascos ou que sofrem um tropeço. Não obstante nosso Bom Pastor esta ai para curar nossas feridas. Ele nos conhece e nos ama tanto que até coloca sua vida em risco por nós.
Somos capazes de arriscar nossa vida pelos outros, do mesmo modo como o faz o Bom Pastor?

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro Espiritual de Sales
Tradução do espanhol: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

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