sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Reflexão Salesiana para o Vigésimo Segundo Domingo do Tempo Comum - 28 agosto de 2011



No Evangelho de hoje Jesus nos desafia a perder nossa vida para encontrá-la. São Francisco de Sales nos fala em perder a nossa vida para encontrá-la em Cristo, através de uma mudança de coração.

Perder a nossa vida neste sentido significa livrar-se de todos os nossos amores imperfeitos e egoístas. Isso provavelmente vai fazer-nos sofrer. Mas não devemos deixar nossas imperfeições nos perturbarem, porque a santidade consiste em se livrar delas. Como poderemos retirá-las se não as percebemos e as superamos?  A vitória sobre os nossos defeitos consiste em estarmos conscientes deles e não em consenti-los.

Enquanto estivermos vivos, continuaremos sendo suscetíveis a comoções produzidas pela raiva e pelo carinho. Estas emoções do coração não devem surpreender-nos, uma vez que são inclinações naturais e espontâneas. Estas não são as emoções que queremos arrancar pela raiz. A Santidade não consiste em não sentir nada! O que devemos desarraigar são as ações que surjam como resultado dessas emoções. Um exemplo são aqueles que, voluntariamente, alimentamos em nossos corações por vários dias.  Tudo o que conseguem é fazer com que desperdicemos nossa energia.

Na medida em que o nosso amado Jesus se encontrar presente em seus corações, todo o seu ser se afastará de uma cultura que muitas vezes os tem enganado. Uma vez que tenham morto o que diz respeito a sua vida passada, encontrarão uma nova vida em Cristo. As estrelas não param de brilhar na presença do sol. O que acontece é que a luz solar é tão brilhante que as esconde. Da mesma forma, não estamos mais sozinhos quando vivemos em Jesus já que nossa vida está escondida em Cristo com Deus.

A pessoa que ganha os nossos corações, nos arrebata completamente. Sendo o nosso coração a fonte de nossas ações, ele precisa das nossas instruções para saber como proceder. Se vocês viverem Jesus em seus corações, não demorará muito para que comecem a exteriorizar essa vivência em tudo aquilo que fazem. Dediquem e consagrem seu coração, sua alma e sua vontade a Deus, como se as tivessem em suas mãos. Pouco a pouco, à medida que mudamos a orientação do nosso coração, encontraremos a nossa verdadeira existência em Jesus vivo. Aprenderemos a amar aquilo que Deus ama. Quando isso acontecer, como fez Maria, poderemos dizer, "todo o meu proclama a grandeza do Senhor!"

(Adaptação dos escritos de São Francisco de Sales) 

Destaque: "Se alguém que me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga”. (Mt 16, 24)

Perspectiva Salesiana

Todos nós devemos estar muito familiarizados com este convite, com o desafio que o acompanha, de seguir os passos de Jesus, e com o que ele exige de nós.

Talvez demasiados familiarizados.

Alguma vez leram/ouviram essa admoestação lentamente? com cuidado ? Jesus não nos desafia a carregar a sua cruz; não, Jesus nos chama a todos e a cada um para que carreguemos nossa própria cruz pessoal, particular, única no seu gênero. Para entender o que significa carregar cruzes, devemos primeiro considerar o que significa para nós a cruz de Cristo.

A cruz de Cristo não é apenas a cruz que Jesus carregou no último dia de seu ministério público, a cruz na qual Jesus deu a sua vida: a cruz de Jesus Cristo significa a totalidade da sua vida. A cruz que Jesus carregou todos os dias foi a sua disposição para ser fiel à vontade do Pai e para acolher tudo - sucesso, obstáculos e tudo o mais - que aconteceu como resultado deste estado, do momento e da missão da sua vida.

Em particular, a cruz que Jesus carregou foi a sua fidelidade na hora de acolher a vida - e dar a sua vida – sem se importar com as dificuldades e com os desafios que muitas vezes acompanharam os seus esforços para proclamar o Reino de Deus.

Desde então, todos nós somos seguidores de Jesus. Em virtude do amor criativo, redentor e inspirador de Deus - um amor que foi demonstrado publicamente através do batismo - devemos tomar nossas cruzes – devemos entender o tipo de pessoas que Deus nos chamou a ser - e devemos acolher todos os desafios que implicam em entregar nossas vidas no serviço aos outros. Em suma, devemos reconhecer nosso lugar na vida, e ter a coragem de assumi-lo.

Isto é ainda mais verdadeiro quando se trata de desafios que nós não escolheríamos: criar uma criança difícil, ter que lidar com uma mudança inesperada de residência ou de trabalho, receber inesperadamente um diagnóstico de uma doença grave, trabalhar com um colega conflitivo ou um problema com um vizinho problemático, lutar contra a depressão, perder a esposa ou o marido ou outro ente querido. São Francisco de Sales escreveu: "Vocês estão mais do que dispostos a ter uma cruz, mas querem escolher qual será o tipo da... Eu quero que suas cruzes e a minha não sejam nenhuma outra que não seja a cruz de Jesus Cristo, naquilo que se refere ao tipo e a forma como nos é imposta". (Stopp, Cartas Seletas , pp 79-80)

Querem seguir a Jesus? Então carreguem suas próprias cruzes – acolham suas vidas de maneira profunda e completamente – assim como foram dadas por um Deus que os chama a continuar o ministério de Jesus hoje: em suas casas, em seus empregos, nas suas escolas, onde quer que estejam. Ainda assim, no final não será suficiente que nenhum de nós apenas a carregue. São Francisco de Sales observou: "Por mais sagrada que seja a cruz que Deus nos dá, deveremos amá-la.” ( Ibid )

Padre Michael S. Murray, OSFS  - Diretor do Centro Espiritual de Sales.
Tradução – P. Tarcizio Paulo Odelli – sdb

Leituras deste domingo:

Jeremias 20, 7-9
Romanos 12, 1-2
Mateus 16, 21-27

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Reflexão Salesiana para o domingo da Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria – 21 de agosto de 2011


No dia de hoje, 21 de agosto, lembramos o nascimento de São Francisco de Sales. Ele nasceu numa quinta-feira, entre oito e nove horas da noite do dia 21 de agosto de 1567, num quarto dedicado a São Francisco de Assis, castelo de Sales. Nasceu prematuro. Batizaram-no imediatamente. O batismo solene foi realizado no domingo seguinte, na igreja de Thorens. São Francisco de Sales é considerado o “pai da espiritualidade moderna”. Por isso neste dia, colocamos alguns pensamentos dele referente à Maria, “a mais amante e a mais amada das criaturas”.
Olhando as inúmeras pinturas de São Francisco de Sales poderíamos dizer que se destacam aquelas em que ele aparece com Nossa Senhora. Quando estive em Chieri, em 2004, vi um destes quadros, fotografei e depois fiquei sabendo que, diante dele, o seminarista João Bosco, nosso Pai e Fundador, esteve ali muitas vezes rezando e pedindo luzes para realizar a sua vocação. Com este quadro desejo homenagear São Francisco de Sales no dia em que lembramos o seu nascimento.


 Celebramos hoje a Assunção de Maria. A este propósito, São Francisco de Sales observa:

A sagrada tradição ensina que Maria morreu e foi para o céu em um estado de glória. Maria se elevou em honra do seu Filho, e também para despertar a santidade em nós. Todas as suas ações tinham como objetivo glorificar o seu Filho. Maria também deseja que cada uma de nossas ações sirva para glorificar a Deus.

Após a morte de seu Filho, a Mãe de Jesus tornou-se irrefutável testemunho da verdade de sua natureza humana. Converteu-se também numa luz para os fiéis que estavam profundamente angustiados. Com que devoção ela deve ter amado o seu corpo sagrado, sabendo que era a fonte viva do corpo de Salvador. Ainda assim, para servir bem a Deus, ela deveria dar uma trégua ao seu corpo cansado, a fim de recuperar suas forças. Sem sombra de dúvida, cuidar de nossos corpos é um dos melhores atos de caridade que podemos realizar. Como o grande Santo Agostinho, o amor sagrado de Deus em nós se reflete na obrigação de amar o nosso corpo adequadamente, uma vez que é necessário para realizar boas obras, faz parte da nossa pessoa, e compartilhará conosco a felicidade eterna.

Na verdade, o cristão deve amar o seu corpo, porque é a imagem viva do Salvador encarnado. Somos descendentes da mesma linhagem, e, portanto, nossa origem e nosso sangue pertencem a ele. Como Maria, devemos estar conscientes de nossa excelência humana para poder dar glória a Deus usando os dons que Ele nos deu. Na ressurreição geral nossos corpos mortais serão imortais, e serão refeitos à imagem e semelhança de Nosso Senhor.

Maria nos pede que permitamos ao Seu Filho reinar em nossos corações. Examinemos os afetos do nosso coração para ver se eles estão em sintonia, de modo que, como Maria possamos cantar os grandes feitos que Deus está fazendo em nós. Em meio a todos os perigos, em meio a tempestades, "Voltem seus olhos para a estrela do mar e a invoquem." Com a sua ajuda seus barcos chegarão ao porto sem sofrer desastre nem o naufrágio.

(Adaptação dos Sermões de São Francisco de Sales, L.Fiorelli, Edições)



Alguns trechos de sermões onde São Francisco de Sales fala sobre Maria:

“É costume a gente dizer: ‘Tal vida, tal morte’. Em minha opinião, que morte então teve Nossa Senhora a não ser uma morte de amor? Não resta dúvida que ela morreu de amor. Na sua vida não se percebem raptos nem êxtases, porque toda a sua vida foi um rapto de amor ardente, mas tranquilo e acompanhado de uma grande paz. Ainda que este amor fosse sempre crescendo, este aumento não ia aos saltos, mas avançava como uma corrente, quase imperceptivelmente. Chegando a hora de deixar esta vida, o amor fez a sua alma separar-se do corpo, e a morte não sendo outra coisa que essa separação. Já que era toda pura, sem mancha alguma de pecado, ela foi levada diretamente para o céu”. (Sermões 21; O. C. IX, pp. 182-183)

“Na presença de nossa Rainha, assunta para o céu, apresentemos humildemente o nosso coração como o ‘orvalho do Hermon’ (Sl 132,3) que destila por tudo da sua santa plenitude de graças. Que sublime é a perfeição desta pomba em comparação com todos nós. Oh, como tenho desejado que, no meio do dilúvio das nossas misérias, ela nos alcance o ramo do santo amor, da pureza, amabilidade e oração, para levá-lo, como sinal da paz, ao seu querido Jesus. Jesus viva! Maria viva, o sustento da minha vida!” (Cartas 1230; O.C. XVII, p. 271)

A mais amante e a mais amada das criaturas

São Francisco de Sales inicia sua obra Tratado do Amor de Deus com uma oração dedicada a Virgem Maria, “Rainha do amor soberano”, “a mais amável, a mais amante e a mais amada de todas as criaturas”.

A devoção mariana de São Francisco de Sales tem raízes profundas. Provém de uma profunda fé, viva, enraizada no mistério de Cristo e de Maria. Maria é a criatura mais amada de Deus: Ele colocou nela suas complacências desde toda a eternidade, escolhendo-a e destinando-a para ser a mãe de seu único Filho. Por ser a amada de Deus, é a amante por antonomásia do Filho de suas entranhas: o ama com ternura maternal, da mesma maneira que amou o Pai. J. P. Camus diz que SFS desde seus mais tenros anos a honrou e se alistou nas confrarias e congregações a ela dedicadas. Aprendeu desde os sete anos a rezar o rosário que para ele era verdadeira oração contemplativa, que fazia devagar, lentamente, saboreando os mistérios que contempla. Ainda estudante fez o voto de rezar todos os dias de sua vida o rosário. No Colégio Clermont de Paris fazia parte da Congregação de Maria. Depois veio o combate, a crise. É a Maria que recorre, rezando diante do seu altar (Virgem negra) na Igreja de Santo Estevão de Gres o “Lembrai-vos...” Ali faz o voto de castidade que é renovado em Loreto. Maria o conduz e guia ao sacerdócio. Está presente no seu trabalho missionário no Chablais, como o está depois em sua pregação e ensinamento como Bispo. “Recebi a consagração episcopal no dia da Concepção da Virgem Maria, Nossa Senhora, em cujas mãos coloquei a minha sorte”. Depois funda em 06 de junho de 1610 a Ordem da Visitação de Santa Maria.

Na sua doutrina mariana, dois princípios são muito claros: Maria é infinitamente inferior a Deus e ao Verbo encarnado, a Jesus; Ela é criatura, mas ao mesmo tempo é extremamente superior a qualquer criatura, incluídos os anjos e os santos. É Mãe de Deus e, portanto, inigualável a todos os demais seres criados. A escolha de Deus e sua incomparável vocação a ser a Mãe de seu Filho, a situam num lugar único na vida da Igreja.

São Francisco de Sales é testemunho preclaro do equilíbrio que a Igreja manifesta no culto que tributa a Virgem Maria. Mostra-se em desacordo com aqueles que, movidos por um excesso de devoção, “oferecem um sacrifício” a Maria, bem como com os que, por defeito, “recusam a honra que lhe tributam os católicos”. E escreve neste sentido: “A uns, a Igreja mostra que a Virgem é criatura, mas tão santa, tão perfeita, tão perfeitamente aliada e unida a seu Filho, tão amada e querida por Deus, que não se pode amar ao Filho mais do que pelo amor dela... e aos outros ela lhes diz que: o sacrifício e o culto supremo de latria só pode ser dado ao Criador...” (Sermão da festa da Assunção, 1602, OEA VII, 458)

Nestes princípios básicos se assenta a teologia e a espiritualidade salesiana. O magistério pontifício se baseou em seus textos para declarar alguns dos dogmas marianos, como o da Imaculada Conceição e o da Assunção. Duzentos e cinquenta anos antes da promulgação do dogma, a doutrina salesiana defende com clareza: que Maria, em consideração dos méritos de seu Filho, Jesus Cristo, foi revestida desde o primeiro instante de sua existência com a graça santificante e que, por conseguinte, foi preservada de todo o pecado; foi concebida sem mancha, sem pecado original. Desde o começo de sua existência possuiu a vida divina da graça para que assim pudesse chegar a ser a Mãe do Redentor, tal como Deus mesmo quis. Uma vez consumada sua carreira terrena, foi elevada em corpo e alma a glória dos céus. Também aqui, unido a uma firma tradição eclesial, o Bispo de Genebra se adianta no ensinamento do dogma católico.

“Maria já não é mais do que amor”. A prova definitiva do amor da Mãe para com seu filho se encontra no Calvário, “o monte dos amantes”, “a verdadeira academia da caridade”. (TAD, XII, 13) Ali o amor se empapa de dor, e a dor, de amor. O maravilhoso intercâmbio: “Filho, eis ai tua mãe”. “Mãe, eis ai teu filho”. Não se trata de uma substituição, mas de uma incorporação real. Maria que está oferecendo e entregando seu Filho ao Pai, tem que renunciar ao Filho amado e aceitar, em seu lugar, toda a humanidade, representada em João.

Na devoção e na espiritualidade mariana trata-se de chegar a viver em plenitude o amor que Deus tem por nós, como o viveu Maria. Trata-se de buscar e cumprir a vontade de Deus como Ela. De tentar chegar à perfeição. Para São Francisco de Sales,  Maria é a “mestra da santidade”. Na escola de Maria aprenderemos a amar a Deus de todo o coração como ela o fez. “É a particular auxiliadora das almas que se dedicam a Nosso Senhor.” (Sermão da festa da Anunciação, Obras seletas de SFS, I, 360). A atitude amante de Maria infunde e inspira as atitudes de confiança amorosa. A espiritualidade mariana é sempre missionária. Maria está vinculada à missão da Igreja, porque no centro de toda a atividade apostólica está Cristo. Toda a ação missionária orienta para Cristo: para conhecê-lo e para fazê-lo conhecer, para anunciar seu amor e testemunhá-lo no meio das pessoas.  E neste caminho se encontra Maria. 

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Reflexão Salesiana para o XX Domingo do Tempo Comum - 14 de agosto de 2011



No evangelho de hoje vemos como a fé da mulher Cananeia em Jesus é profunda. São Francisco de Sales elabora uma reflexão a respeito desta resposta cheia de confiança, perseverança e fé em Jesus.

Se Deus mostra que não escutou as nossas orações, ou se não responde a elas imediatamente, perdemos nossa coragem. Nós não sabemos perseverar na oração. A abandonamos completamente neste momento. Este não foi o caso da mulher Cananeia. No início Nosso Senhor não prestou atenção à sua oração. Sua falta de resposta quase parecia uma injustiça para com ela. Não obstante, a mulher perseverou em seu pedido a Jesus, mesmo depois que os apóstolos pediram a Jesus que a mandasse embora.

Ela demonstrou uma grande segurança no momento de fazer o pedido, enfrentando uma série de contratempos e de tempestades que normalmente teriam debilitado a convicção de qualquer pessoa. Nós, como a mulher Cananeia, devemos confiar firmemente no poder e na vontade de Nosso Salvador, particularmente quando experimentamos amarguras. Por acaso vocês não acreditam que Deus dando um lar à tartaruga e ao caracol e que cuida deles, não irá demonstrar misericórdia com vocês, que são seus Filhos? Este tipo de confiança sempre anda de mãos dadas com a fé atenta.

A fé atenta foi o que a mulher Cananeia demonstrou. Ela estava entre as pessoas que escutavam Jesus, e o observava atentamente. Sua fé foi grande. Não somente porque ela prestou suma atenção ao que tinha ouvido falar dele, mas porque também decidiu acreditar naquilo que os outros lhe disseram. A nossa fé em Deus será algo vivo quando refletimos com atenção sobre os mistérios de nosso Salvador. Estas reflexões geram em nosso coração um desejo pelas inumeráveis virtudes de Jesus.

A perseverança é uma virtude que flui de uma fé que permanece atenta aos mistérios que as Escrituras e a Tradição nos ensinam. Nossa felicidade está baseada na perseverança. Se em algum momento temos a impressão que Nosso Senhor não nos está escutando, é somente porque Ele deseja obrigar-nos a gritar com mais força e nos aproximarmos mais de Deus que nos dá o poder para perseverar. Armemo-nos de coragem! E como a mulher Cananeia, caminhemos fielmente e com segurança nos caminhos de Nosso Salvador. Somente assim seremos eternamente felizes.

(Adaptação dos escritos de São Francisco de Sales, particularmente, Os Sermões, edições L. Fiorelli).

Destaque: “Cumpri o dever e praticai a justiça; minha salvação está prestes a chegar e minha justiça não tardará a manifestar-se” (Is 56, 1)

Perspectiva Salesiana

Nosso Deus pode ser descrito de muitas formas: como um Deus de amor; como um Deus de vida; como um Deus de salvação; como um Deus de reconciliação; como um Deus de paz.

E como nos recordam as leituras de hoje, através do Profeta Isaias, nosso Deus é também um Deus da justiça. Isto significa que Deus é justo, que Deus é equitativo. Deus é moralmente reto. Deus é razoável e honesto.

Na medida em que Deus nos chama a viver uma vida justa, uma de nossas grandes tentações é atuar de modo injusto, ou seja, viver com “dois corações”. Na Introdução à vida devota, Francisco de Sales escreveu: “Em geral, nós preferimos as riquezas à pobreza... inclusive preferimos àqueles que se vestem bem. Rigorosamente exigimos nossos direitos, mas queremos que os outros tenham consideração na hora de exigir os seus. Queixamos-nos com facilidade de nossos vizinhos, mas esperamos que eles nunca se queixem de nós. As coisas que fazemos pelos outros sempre nos parecem enormes e de grande sacrifício, mas o que os outros fazem por nós nos parece pouco. Resumindo, temos dois corações. Temos uma atitude moderada, agraciada e cortês para conosco mesmos e às vezes temos um temperamento duro, severo e intransigente para com os outros”. (IVD parte III, Cap. 36)

Francisco de Sales nos desafia para que “sejamos justos e equitativos em todas as nossas ações. Ponha-se sempre no lugar de seus vizinhos e eles no seu, e então assim viverão justamente. Imaginem que vocês são vendedores quando vão comprar alguma coisa, e que são os compradores quando estejam vendendo algo, e assim poderão vender e comprar justamente... afinal, não perderemos nada se vivermos de forma generosa, nobre, cortês e com um coração que seja digno, justo e razoável. Examinem frequentemente seus corações para ver se estão em boa disposição para com os seus vizinhos, da mesma maneira que vocês esperam que os corações dos seus vizinhos estejam em boa disposição para com vocês.” (ibid)

Para buscar a justiça não se trata, então de imitar um atributo longínquo e inacessível. A justiça não é somente um assunto para remediar a desigualdade social. A justiça não se limita a trabalhar por um nobre propósito global. A justiça deve ser uma peça fundamental de inclusão à menor, a mais mundana das dimensões das vidas de todos aqueles que desejamos seguir a Jesus, de todos aqueles que desejamos viver uma vida espiritual. Trata-se, com certeza, de ser mais plena – e profundamente – humana.

Na medida em que tratamos os outros como queremos que eles nos tratem nos pequenos relacionamentos da vida diária – ou seja, nos tratem justamente, razoavelmente, com retidão – estaremos fazendo uso da justiça divina de Deus. Que melhor forma de dar a Deus aquilo que lhe corresponde do que dando-nos uns aos outros o que é devido... e neste mesmo processo, reconhecer as bênçãos que chegam a nossas vidas quando nosso coração é um só.

Textos para o domingo: Isaías 56, 1.6-7 – Romanos 11, 13-15.29-32 e Mateus 15, 21-28

Texto: P. Michael S. Murray, OSFS – Diretor do Centro de espiritualidade De Sales.
Tradução: P. Tarcizio Paulo Odelli, sdb

12 de agosto - Santa Joana Francisca Frémyot de Chantal


Santa Joana Francisca Frémyot nasceu em Dijon, França no dia 23 de janeiro de 1572. Seus pais eram Benigno Frémyot,  Presidente do Parlamento da Borgonha e Margarida de Berbisey.  A mãe morreu quando ela tinha apenas dezoito meses de vida. O pai, um distinto homem de muita personalidade e fé, a influenciou muito na sua infância.



Aos vinte e um anos casou-se com o Barão Christophe Rabutin-Chantal. Desta união nasceram seis filhos. Dois deles morreram na primeira infância. Um menino três meninas sobreviveram. (Celso Benigno, Maria Amada, Francisca e Carlota) Após sete anos de casamento ideal, o seu marido morreu em um acidente caça. Ela educou seus filhos no cristianismo.



No outono de 1602 seu sogro, Guy de Rabutin, Barão de Chantal, pediu-lhe com insistência que fosse viver no castelo de Monthelon, onde vivia quase sozinho e necessitava de alguém que lhe ajudasse. Este senhor tinha sido um homem terrível em sua juventude e agora, já velho, era melhor do que antes, porém se deixava dominar por um mau gênio tremendo e por um modo muito áspero de tratar as pessoas.  Ficou ali sete anos. Na porta do Castelo de Monthelon estava escrita a frase: ”a virtude aumenta com o sofrimento”. Ali imperava a desordem e que se derrocava o dinheiro. Uma servente havia levado a viver ali seus cinco filhos e gastava sem medo nenhum o dinheiro da casa. A baronesa se apressou a avisar o sogro a respeito de tudo isso. A servente que via com maus olhos a chegada desta senhora se havia antecipado e havia enchido a cabeça do velho com muitas coisas contra ela. O velho arremeteu insultos contra Joana e lhe fez saber que a servente e somente a servente é quem mandaria naquela casa. É admirável que durante sete anos a senhora Joana Francisca, dona e senhora do seu antigo Castelo de Chantal, será a servidora obediente desta terrível servente a quem o velho sogro deixou todo o poder sobre seu castelo e bens.



Joana Francisca era irmã do Arcebispo de Bourges, André Fremyot. Em 1604 este convidou Francisco para pregar a quaresma em Dijon. Foi nesta quaresma que a Baronesa de Chantal, Joana Francisca, se encontrou pela primeira vez com Francisco. Confessa-se e diz que já tem outro diretor. Um diretor severo. Impôs-lhe 4 votos, entre os quais nunca trocar de diretor espiritual. Francisco não assume logo. Mas na 1ª parada, ao sair de Dijon, escreveu para ela: “Creio que Deus me entregou a você: cada vez estou mais seguro”. Daí em diante foram inúmeras as cartas que trocaram, na direção espiritual. Em 24 de agosto de 1604, dia de são Cláudio, se encontraram novamente. Neste encontro estavam presentes a mãe do santo e as sras Brulart e Rosa Bourgeois. No dia 25 disse a ela: “estou cansado... Fiquei quase toda a noite ocupado com vosso assunto. Estou certo que é vontade de Deus que eu me encarregue de dirigir-vos espiritualmente e que sigais meus conselhos. Estes quatro votos de antes não valem mais nada. Servem somente para tirar a paz de uma consciência.”



A partir de 25 de agosto de 1604, Santa Joana Francisca Frémyot de Chantal será a Filha de São Francisco de Sales. E assim começou a direção espiritual. A baronesa continua sua vida, ajudando os pobres e cuidando dos enfermos de modo abnegado.  Francisco vai orientando seus passos... vai corrigindo certas coisas... O dia 04 de junho de 1607 marca o 1º ato oficial da fundação da Visitação. Francisco diz a Chantal: “Minha Filha, resolvi o que quero fazer de ti.  E ela: meu Pai, estou resolvida a obedecer.  E ajoelhou-se diante dele. Vais entrar em Santa Clara...Irmã no hospital de Beaune...carmelita... Por último explicou o projeto que tinha sobre nosso Instituto.

Aparecem os obstáculos: morte de Joana (irmã de Francisco de Sales)... Casamento de Bernardo com sua filha Maria Amada. Dificuldades de educar seus filhos na casa do sogro. Seu pai arranjou tudo: se encarregaria da educação do neto.  As meninas iriam para um claustro. Em 1610 morre a filha mais nova, Carlota. Morre a mãe do santo. No dia 13 de outubro de 1609 celebrou-se o matrimonio entre o irmão menor de Francisco e a filha de Joana de Chantal: Bernardo de Sales e Maria Aimée. Foi um cerimônia muito solene assistida por todos os vizinhos dos arredores, além do Sr. de Chantal e o Presidente Frémyot, avós da noiva. Foi um matrimonio de eminentes prelados: o Arcebispo irmão de Joana e tio da contraente e o bispo Francisco, irmão do noivo. Monsenhor Camus numa recordação escreveu: “A noiva é verdadeiramente bela e o noivo possui uma agradabilíssima conversa.”



A baronesa abandona sua casa na quaresma de 1610 (4 de abril) e vai para Sales. Já estava chegando a porta de saída quando seu filho Celso, no meio de comovedoras lágrimas lhe gritou chorando: “mamãe, se quiseres ir terás que passar sobre o corpo de teu próprio filho.”  E deitou-se no meio da porta. Ela, num momento de heroísmo disse: “Pois passarei!” e dando um salto valoroso, passou sobre o corpo estendido de seu único filho. Ao sair a rua sentiu que ia desfalecer de emoção e começou a chorar e a estremecer-se. Afortunadamente neste momento chegou um sacerdote que lhe disse: “Cuidado, senhora. Que as lágrimas de um menino não a façam desistir de um bom propósito!”. – “jamais, jamais” disse ela. “Porém o que você quer? Sou mãe! E enxugando as lágrimas voltou a si.




Eles fundaram a Ordem da Visitação de Annecy, no dia 6 de junho de 1610.  Seu plano desde o início foi a de criar um instituto religioso de vida ativa algo semelhante ao das Irmãs da Caridade, que S. Vicente de Paulo irá fundar no futuro.  No entanto, sob forte pressão do Cardeal Marquemont, arcebispo de Lyon, o Santo foi forçado a abandonar o cuidado dos doentes, dos pobres e dos prisioneiros e de outros apostolados e estabelecer vida religiosa de ordem. O nome oficial era a Ordem da Visitação de Santa Maria. “Segui este caminho, minha queridíssima Filha, e fazei seguir a todas as que o céu destinou a seguir vossas pegadas,” disse Francisco a Joana ao entregar as Constituições. As três primeiras Salesianas foram Joana de Chantal, Jacqueline Favre e Carlota Bréchard. Fizeram a 1ª profissão um ano depois, em 6 de junho de 1611.



Francisco de Sales, para formar suas Filhas no espírito da Visitação, fazia frequentes visitas. (quando podia três vezes por semana). Surgiram assim, as “falas” “conversas” que fazia com elas, às vezes sentado no meio do jardim. É uma espiritualidade baseada na Introdução à vida devota. Oferecer um caminho de perfeição para Quem aspira à perfeição do divino amor... mas que não tem a fortaleza para ingressar nas ordens reformadas.

Um fato na vida de Santa Joana foi providencial.  Joana teve a oportunidade de ter como diretor espiritual São Francisco de Sales e São Vicente. E todos os escritos da Santa revelam a inspiração do Espírito Santo nestes grandes homens. S. Joana escreveu muitas cartas a S. Francisco de Sales, buscando direção espiritual. Infelizmente, depois da morte de S. Francisco a maioria das cartas lhe foram devolvidas pela família dos Sales. Como era de se esperar, ela as destruiu, não por maldade, mas por modéstia, não querendo que as pessoas soubessem o conteúdo das mesmas. Mas ela conservou as que Francisco lhe escreveu. Assim, o mundo ficou privado daquilo que poderia ter sido uma das melhores coleções de obras de natureza espiritual.



Em 1641, a rainha Ana d’Áustria convidou-a para ir a Paris, cumulando-a de honras e distinções. Era a exaltação que a Realeza prestava à Santa que foi, em vida, comparável à própria Mulher forte do Antigo Testamento. Entregou sua alma a Deus em Moulins, a 13 de dezembro de 1641.
Foi beatificada por Bento XIV a 13 de novembro de 1751 e canonizada por Clemente XIII em 16 julho de 1767. À data de sua morte, a Congregação já contava com 87 conventos e, no primeiro século de existência, com 6.500 religiosas.


sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Reflexão Salesiana para o XIX Domingo do Tempo Comum - 07 de agosto de 2011


No Evangelho de hoje, Jesus nos desafia a assumir o risco de segui-lo e aprofundar cada vez mais a nossa fé enquanto a tempestade da vida joga-nos de um lado para o outro. São Francisco de Sales diz algo semelhante:

Quando cheios de temor, enfrentamos tempestades e terremotos, realizamos atos de fé e de esperança. Ainda assim, existe outro tipo de medo que nos faz ver tudo difícil e complicado. Nós gastamos mais tempo pensando nas dificuldades do futuro do que nas coisas que devemos fazer no presente. Levantem-se e não se assustem com o trabalho do dia. A noite é para descansar e o dia para trabalhar, isso é natural.

Existem três coisas muito simples que podemos fazer para ter paz. Devemos ter uma intenção muito pura de procurar em todas as coisas a honra e a glória de Deus. Em seguida, devemos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance, por menor que seja para conseguir este fim. Finalmente, devemos deixar tudo nas mãos de Deus. Na minha vida vi muito poucas pessoas que conseguiram progredir sem serem provadas, portanto, vocês devem ser pacientes. Depois da tempestade, Deus envia a calma. As crianças sentem medo quando estão longe dos braços de sua mãe. Mas sentem que nada poderá prejudicá-las se estão em suas mãos. Peguem na mão de Deus e Ele os protegerá de tudo, já que estarão protegidos com a verdade e a fé.

Se lhes falta coragem, façam como Pedro e gritem "Salve-me Senhor!" Depois tranquilamente continuem sua viagem. Muitas vezes acreditamos que perdemos a paz, porque nos sentimos afligidos. Porém, devemos recordar que não perderemos a paz enquanto continuarmos a depender inteiramente da vontade de Deus, e desde que nós não abandonemos as nossas responsabilidades. Devemos ter coragem para cumprir nossas tarefas. Se o fizermos, perceberemos que com a ajuda de Deus iremos além dos confins do mundo, muito além dos seus limites. Confiem em Deus e tudo se tornará fácil, apesar de no início isso poder assustá-los um pouco.

As Escrituras se referem a nosso Senhor como o Príncipe da paz. Quando Ele é o senhor absoluto, Ele irá manter tudo em paz. Mantermo-nos em calma no meio dos conflitos, assumir com serenidade as provas que aparecem na vida: tudo isso é sinal de que verdadeiramente estamos imitando o "Príncipe da Paz".

Adaptado dos escritos de São Francisco de Sales, particularmente Sermões, edições L. Fiorelli)

Destaque: “Sai e permanece sobre o monte diante do Senhor, porque o Senhor vai passar”

Perspectiva Salesiana

Embora percebamos ou não, todos nós temos expectativas. Esperamos coisas de nossas famílias, esperamos coisas de nossos cônjuges, nossos filhos esperam coisas, esperamos coisas de nossos pais, esperamos coisas de nossos amigos, esperamos coisas de nossos sacerdotes, esperamos coisas de nossos médicos, esperamos coisas dos nossos dentistas, esperamos coisas de nossos líderes.

Inclusive, esperamos certas coisas de Deus, especialmente quando perguntamos onde podemos encontrá-lo.

Há certas expectativas que são razoáveis. Esperamos encontrar Deus em uma igreja, num nascer do sol, num pôr do sol; esperamos encontrar Deus no milagre do nascimento, nos sorrisos das crianças, no dom da amizade.

O problema é que Deus está em muito mais lugares do que podemos imaginar.

Elias esperava encontrar Deus em lugares que são mais óbvios, como por exemplo, num vento forte, ou num terremoto. Mas o que aconteceu foi que Deus escolheu comunicar-se com ele através de um sussurro. O último lugar que os discípulos esperavam encontrar Deus nas primeiras horas da madrugada era andando em um lago no meio de uma tempestade: mas lá estava ele.

Esperamos encontrar Deus nos lugares óbvios, mas temos de aprender a buscar e encontrar Deus em lugares onde menos pensaríamos vê-lo. De fato, as Escrituras estão cheias de histórias e mais histórias sobre como Deus decidiu entrar na vida dos homens, das mulheres e das crianças de maneira que nenhum deles esperava.

Embora o nosso Deus seja um Deus do qual podemos depender, nosso Deus também é um Deus que está cheio de surpresas. Nosso Deus muitas vezes age de maneira que excede, e às vezes rompe – com todas as nossas expectativas. Lembrem-se das perguntas e das críticas que certas pessoas fizeram contra Jesus, coisas como: "Será que algo de bom pode vir de Nazaré?"

Onde devemos esperar encontrar Deus? "Deus está em tudo e em todos os lugares", escreveu São Francisco de Sales. "Não há nada, nenhum lugar neste mundo onde Deus não está realmente presente. De maneira que, como os pássaros, para qualquer região que voem, estão sempre envoltos no ar, assim também nós, a toda a parte a que nos dirigimos ou em que estamos sempre encontramos a Deus presente em nós mesmos e em todas as coisas. Esta verdade é conhecida por todos, mas bem poucos lhe consagram a devida atenção "(Introdução à Vida Devota , Parte II, Capítulo 2)

Assim como Deus, as oportunidades para fazer o que é certo, para fazer a paz, para ser honestos, para compartilhar o amor, para levar cura, cuidado e preocupação com os outros estão em toda parte. Até que ponto estamos envolvidos no que podemos esperar de Deus, naquilo que podemos reconhecer do que ele espera de nós?

Texto: Padre Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro Espiritual de Sales.
Tradução: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Dia a dia com Francisco de Sales - 04 de agosto de 1606

No dia 04 de agosto de 1606 Francisco de Sales escalou a alta montanha onde está situada a igreja de Nossa Senhora de Nancy-sur-Cluse. Encontrou tanta dificuldade que esfolou os pés, chegando a sangrar. As pessoas perceberam o fato e ele disse que realmente estava cansado, mas que experimentava duas sensações: uma de vergonha, por não estar suficientemente acostumado à fadiga pelo serviço de Deus; outra de alegria, por poder dizer que derramou sangue a serviço da Santa Mãe de Deus. Escrevendo à senhora de Chantal, disse que estava maravilhado por ter encontrado, nestas altas montanhas, pessoas que praticavam o amor divino.
(A.S. VIII, p. 70)
Abaixo coloco três fotos que encontrei na internet deste belíssimo lugar, Nancy-sur-Cluse:



Esta última foto é da igreja de Nossa Senhora. Pelo que vi deve ser uma igreja mais recente.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Dia a dia com Francisco de Sales - 1º de agosto de 1603

Catedral de São Pedro - Genebra

No dia 1º de agosto se celebrava, nos tempos de São Francisco de Sales, a festa de São Pedro nos Grilhões. Era uma festa solene, pois este era o título do padroeiro da Catedral de Genebra. Desde 1535 esta catedral tinha passado ao poder dos calvinistas, que expulsaram os católicos da cidade. A sede da Diocese passou para Annecy, de maneira provisória, pois pensavam que um dia iriam voltar. Nunca mais voltaram. Francisco de Sales costumava dizer que os Grilhões de São Pedro encadeavam seu coração com grossas correntes. Em 1603 ele celebrou como Bispo a primeira festa de São Pedro. Seu irmão Luís o viu chorando e quis saber o motivo das lágrimas. Ele disse: "estou enxergando a minha igreja de Genebra nos grilhões e ataduras da heresia e do pecado, e não há anjos para fazer cair essas algemas e abrir as portas. Pelo contrário, um pobre pecador, o teu irmão, foi encarregado dessa Igreja". (A.S. VIII, p. 2)