quinta-feira, 2 de junho de 2011

Reflexão salesiana para o final de semana - Ascensão do Senhor - 05 de junho de 2011



As leituras de hoje falam sobre a ascensão de Jesus ressuscitado rumo à plenitude do Reino de Deus. São Francisco de Sales observa:

O mistério da Ascensão nos deixa admirados. Se entendermos a Ascensão, conseguiremos o maior tesouro de todos os dons que Jesus nos dá.  Seu corpo, não no físico, mas espiritual, entra no céu e está presente na Eucaristia. Ele se entrega a todos os que desejam recebê-lo e acolhê-lo. Secretamente, ele está transformando a todos nós.

O amor de Deus diviniza nossa humanidade constantemente. Nossa vida de amor divino nos impõe uma obrigação: amar o nosso corpo corretamente. O corpo é parte integrante de nossa condição humana e também dividirá conosco a felicidade eterna. Como cristãos devemos amar os nossos corpos, pois eles são a imagem viva da encarnação do nosso Salvador. Também devemos reconhecer e amar a imagem divina nos outros.

Quando começamos a viver uma vida “escondida em Deus, com Jesus Cristo”, estamos vivendo  através de nosso verdadeiro eu interior. Estamos vivendo uma nova vida de amor divino. Nossos amores egoístas ficarão, então, à mercê do amor divino. Como fazemos isso? A luz forte do sol faz com que a luz das estrelas desapareça. Da mesma forma, quando concentramos nossos afetos em coisas que são imperecíveis, coisas que são eternas, estamos ajudando a sufocar o amor desenfreado que sentimos pelas coisas que são efêmeras. O fogo do amor de Deus, que é muito mais forte e mais poderoso, extingue o nosso amor excessivo a todas as coisas que são inferiores.

A Ressurreição, a Ascensão de Jesus nos dá o poder para viver uma nova vida no amor sagrado, que é totalmente contrária a todas as opiniões e as regras da nossa cultura atual, que tende para o materialismo. O amor de Cristo é a fonte do nosso amor. Não há nada comparável ao amor para estimular o coração de uma pessoa. Naveguemos jubilosos no meio das dificuldades desta vida passageira, já que tudo o que é perfeito e será aperfeiçoado na eterna bem-aventurança do céu. Será então que o nosso Salvador nos glorificará em Sua glória, por termos amado todas as coisas, não para nosso benefício, mas para a glória de Deus.

(Adaptado dos escritos de São Francisco de Sales)

Destaque: "Ide e fazei discípulos meus todos os povos."

Perspectiva Salesiana

Falando sobre o mistério da Ascensão de Nosso Senhor, Francisco de Sales escreveu: "Nós abandonamos a nossa própria vida para viver uma vida mais nobre e que está acima de nós. Todos nós escondemos esta nova vida em Deus, com Jesus Cristo, o único que pode vê-la, o sabe e a outorga. Nossa nova vida é o amor do céu, o qual  vivifica e anima a nossa alma, e esse amor é completamente escondido em Deus e nas coisas de Deus com Jesus Cristo. Como dizem as palavras sagradas do Evangelho, depois de Jesus ter aparecido um pouco antes a seus discípulos, subiu ao céu, e quando as nuvens começaram a cercá-lo, o cobriram e o esconderam dos seus olhos. Jesus Cristo, então, está escondido no céu, em Deus. Jesus Cristo é o nosso amor e nosso amor é a vida da nossa alma. Portanto, nossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Jesus, que é o nosso amor e, portanto, a nossa vida espiritual, aparecer no dia do Juízo Final, também apareceremos com ele na glória. Jesus Cristo nosso amor nos glorificará ao comunicar-nos com a sua própria felicidade e esplendor”. (Tratado do Amor de Deus, Livro VII, capítulo 6)

Nossa vida está realmente escondida em Deus. Aquilo que somos em nossa total realidade, em nosso interior, é algo que só Deus sabe. Mesmo assim, para Francisco de Sales, viver uma vida escondida em Deus não é o mesmo que manter uma vida secreta: trata-se de testemunhar a verdade mais profunda de quem somos - e quem é Deus, através da qualidade de nossos relacionamentos com os outros. É justo, então, que Francisco de Sales nos chame a praticar as virtudes ocultas, “essas pequenas e humildes virtudes que crescem como flores aos pés da cruz: ajudar os pobres, visitar os enfermos, cuidar da família e todas as pequenas tarefas que a prática destas virtudes trazem, com uma diligência útil que não nos permita ficarmos parados.
( Introdução à Vida Devota , Parte III, Capítulo 35)

Através da Ascensão, Jesus foi tirado da nossa vista, pelo menos de vista física dos nossos olhos. Mesmo assim, a autoridade que Jesus conquistou de seu Pai, nos foi outorgada em virtude na nossa criação e confirmada em nosso batismo. Somos chamados a continuar a obra que Jesus começou, ou seja, fazer discípulos, seguidores, líderes, criadores em todas as nações. Somos chamados a sermos sinais convincentes de atividade continua, redentora e desafiante do Deus uno e trino, mas em tarefas simples, da vida comum e cotidiana.

Paradoxalmente, na medida em que formos fiéis à prática destas pequenas virtudes – “que crescem aos pés da cruz”, Jesus já não estará escondido para nós: ele se fará claramente visível em nosso amor, em nossa preocupação, em nossa luta para a justiça, em nossa promoção da paz, em nossa vontade de perdoar, em nossas tentativas de curar.

Qual pode ser outra forma mais convincente – e poderosa – do que fazer discípulos em todas as nações?

Ou pelo menos, das pessoas com quem interagimos todos os dias.

O P. Michael S. Murray, OSFS é o Diretor Centro Espiritual de Sales.

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