quinta-feira, 21 de abril de 2011

Reflexão Salesiana para o Domingo de Páscoa - 24 de abril de 2011


Hoje vivenciamos o triunfo de Jesus sobre a morte. Que alegria saber que o amor de Deus é mais forte que a morte! São Francisco de Sales comenta o seguinte:

"A ressurreição de Jesus nos enriquece com uma nova vida cheia de glória. Este era o ardente desejo que existia no coração do nosso doce Salvador, que, ao conseguir para nós a salvação, generosamente decidiu dividir conosco a sua glória. Em sua redenção, o amor de nosso Salvador, sendo mais poderoso que a morte, transborda, derrete nossos corações e nos transforma. Com sua chegada a este mundo Ele elevou a nossa natureza sobre todos os anjos, e, ao se transformar, nos faz à sua imagem e semelhança, que poderíamos chegar até a dizer que nos parecemos com Deus. Ao tornar-se um de nós, nosso Salvador assumiu a nossa semelhança e nos deu a Sua.

Reflitam sobre a natureza que Deus nos deu. É a maior que existe neste mundo visível. Tem a capacidade de alcançar a vida eterna e ser perfeitamente unida a perfeição com Deus. Como alimentamos esta união? Temos que começar por amar a divina semelhança do Criador, primeiro em nós mesmos e depois nos outros. Quando Maria Madalena foi ao túmulo, não reconheceu o Salvador, porque Ele estava vestido como um jardineiro. Ela não o viu do modo como queria vê-lo. Por acaso, não é o nosso Salvador, vestido como jardineiro que encontramos durante as provas que enfrentamos todos os dias? Abramos as portas do nosso coração para que o nosso Salvador possa saturá-lo com o amor divino. Então nós poderemos começar a servir ao jardineiro, assim como ele deseja que o façamos.

Nosso Salvador anseia poder plantar muitas flores no nosso jardim, porém, a seu gosto. Nossa tarefa é cultivar bem nossas almas e responder fielmente. Quando a primavera chega, as flores se renovam e nos trazem alegria. Chegará também um dia que nós nos elevaremos também a uma vida de felicidade eterna. Nosso desejo sincero deve ser o de atingir esse paraíso encantador. Encaminhemo-nos rumo a esta terra abençoada que nos foi prometida, deixando de lado tudo o que nos faz mal, tudo o que pode atrasar nossa viagem. Caminhemos, então, no jardim de Jesus ressuscitado. Este é um dia para nos alegrar"!

(Adaptado dos escritos de São Francisco de Sales)

Destaque

"A morte e a paixão de Nosso Senhor é o motivo mais doce e mais convincente que pode avivar nossos corações nesta vida mortal... os filhos da cruz se glorificam nisto, seu maravilhoso paradoxo, que muitos não entendem: a morte que devora todas as coisas, originou alimento de nossa consolação. Da morte, que é forte, acima de tudo, emanou o doce mel do nosso amor" (Tratado do Amor de Deus, Livro 12, Cap. 13)

Perspectiva Salesiana

Este, aliás, é o mistério central da nossa fé. Jesus deixa-se consumir através da sua paixão pela justiça, e por sua morte conquistou, de uma vez por todas, o poder da promessa da vida eterna.

O caminho da paixão, morte e ressurreição de Cristo foi pessoal: foi único. Foi planejado pelo Pai desde a eternidade. Jesus foi fiel à visão de Deus para com ele; Jesus aceitou sua vocação como humilde e manso Messias; Jesus sofreu a dor da morte; Jesus experimentou o poder de ressuscitar.

Deus planejou um caminho pessoal para cada um de nós desde a eternidade. Cada um de nós desempenha um papel único na revelação eterna da vida divina, do amor divino, da justiça divina, da paz divina e da reconciliação divina do Pai. Ainda assim, o caminho para a ressurreição é o caminho da cruz, o caminho da entrega, o caminho do desprendimento, o caminho para deixar de lado todas as coisas, pensamentos, atitudes e ações que não nos permitem encarnar a paixão de Cristo: a paixão por tudo o que é reto e verdadeiro.

Francisco de Sales oferece esta imagem no livro  9 do seu Tratado do Amor de Deus: "Deus mandou o profeta Isaias para se despisse completamente: isso fez o profeta, e, foi assim para a pregação por três dias completos (ou, como contam alguns, por três anos completos). Então, quando o tempo que Deus tinha determinado passou, Isaias se vestiu novamente. Também devemos tirar todos os afetos, grandes e pequenos e fazer exames frequentes de nossos corações para ver se eles realmente estão prontos para despir-se e tirar todas essas roupas, tal como fez Isaias. Então, na hora certa, devemos voltar a cobiçar com os afetos adequados para o serviço da caridade, para que assim possamos morrer nus sobre a cruz com o nosso Divino Salvador, e depois subir novamente como novas pessoas."

Devemos estar seguros de uma coisa: a morte diária de eu pessoal, que faz parte de uma vida de paixão, não se trata de morrer, mas de se despir, de deixar ir, para o nosso próprio bem. Tudo o que somos deve ser purificado, para assim poder viver uma vida de paixão e compaixão mais fiel e efetivamente. Deus não quer que deixemos que nosso eu morra por modéstia, mas que o nosso eu morra para que assim, paradoxalmente, possamos ser o que Ele nos chamou a ser.

"O amor é forte como a morte e morte para permitir-nos abandonar todas as coisas", escreveu São Francisco de Sales. "É tão magnifica como a ressurreição, que nos enriquece com a glória e a honra".

Esta glória, não está só reservada para o céu. Na medida em que morrermos a cada dia um pouco e experimentarmos o amor fiel de Deus no meio das adversidades, as provações e dificuldades, poderemos experimentar um pouco da ressurreição a cada dia.

Desejo a todos uma feliz e santa Páscoa do Senhor!

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