quinta-feira, 31 de março de 2011

Reflexão Salesiana - IV Domingo da Quaresma - 03 abril de 2011


Esta imagem de São Francisco de Sales se encontra na capela da Casa de Encontros da Inspetoria do Chile, em Lo Cañas, Santiago. Ele é o padroeiro da casa de encontros.

Hoje, Jesus nos lembra que Ele é a luz do mundo, fonte de toda bondade, justiça e verdade. Todos nós somos convidados a viver na Sua luz. São Francisco de Sales comenta o seguinte: A mente humana encontra satisfação na descoberta, a fim de saber a verdade das coisas. Quanto maior for uma verdade, maior será o prazer. Mesmo assim, a nossa condição humana nos torna ágeis na busca de honrarias, riquezas e poder. A experiência diária nos ensina que todos esses amores inúteis podem fazer-nos desviar da verdade, ao invés de considerar a verdade do amor de Deus. O amor de Deus nos faz pensar sobre a verdade de um paraíso cheio de felicidade eterna.

O amor sagrado refresca e fortalece os nossos corações quando aceitamos com fé a verdade que está presente nos ensinamentos de Jesus. Quando a bondade de Deus traz luz para iluminar a nossa cegueira, este é um sinal de que houve uma conversão interna. É então que nos reconhecemos como filhos da luz. Quando nós removemos todos os obstáculos que nos impedem de amar a Deus, nos tornamos capazes de amar uns aos outros como Ele quer que nós o amemos. Quando descobrimos uma imperfeição humana, nós já fizemos metade do trabalho necessário para corrigi-la, porque recebemos o entendimento que nos permitirá libertar-nos de nossa cegueira. No entanto, é importante ter paciência para lidar com as nossas faltas. Temos que aprender a reconhecê-las com calma e sem confusão. Nada é mais favorável para o crescimento dessas "ervas daninhas" do que a nossa ansiedade para nos livrar-nos delas. Caminhem sempre pela estrada da santidade e verão como estas imperfeições irão enfraquecer.

Nosso Salvador nos teve em suas mãos e guiou nossas vidas, mesmo quando teimamos em entregar-nos inteiramente a Ele. Neste momento, quando tudo que queremos é sinceramente cumprir a vontade de Deus, não acreditam que Ele deseja proteger estes pequenos cordeirinhos que se desviaram do doce Pastor? Concentremo-nos fielmente em nutrir com carinho e confiança o dom da conversão que Deus nos deu. Façamos da graça de Deus algo eficaz em nossas vidas, perseverando nas nossas sagradas resoluções e em nossos bons desejos. Será então que poderemos viver na Luz de Cristo, e gerar verdade, justiça e bondade.

(Adaptado dos escritos de São Francisco de Sales)

 Destaque

"Vivam como filhos da luz porque a luz produz todos os tipos de justiça, bondade e verdade". 

Perspectiva Salesiana

Jesus cura a cegueira tocando com as mãos.  Ao expressar nossa fé - sendo fontes do toque de Jesus na vida dos outros - permitimos que eles também possam experimentar o poder curador de Jesus.

Jesus tomou a iniciativa quando curou a cegueira do jovem que tinha nascido assim. Este milagre permitiu que outras pessoas pudessem ter uma melhor compreensão de Jesus e de sua missão.

O menino dialogou com as autoridades sobre a cura. Ao fazer isso chegou a uma compreensão melhor do próprio Jesus e assim pode desafiar as autoridades a respeito de suas crenças.

Francisco de Sales escreveu na Introdução à Vida Devota (3,26) "Se vocês amam a Deus, falarão Dele constantemente em suas conversas familiares com aqueles que vivem em suas casas, com os seus amigos e vizinhos... Mas sempre falem de Deus, como Deus: com reverência e devoção, não ostensivamente, mas com um espírito submisso, caridoso e humilde... rezem em segredo a Deus no fundo de seus corações para que assim possam agradá-lo, para conseguir que este sagrado orvalho chegue até o profundo dos corações daqueles que os escutam." 

Na medida em que o jovem continuava a falar de Jesus, ele descobriu o mistério do que lhe tinha acontecido e o quanto Jesus significava para ele. Passou a ver Jesus como um operador de milagres, a reconhecê-lo, a acreditar que ele era o Filho de Deus ("ele o reverenciava”). Gradualmente ele começou a conhecer a Jesus em sua totalidade, encontrando e fazendo sua esta verdade e, sem dúvida, mudando sua vida para sempre. 

Durante este tempo da Quaresma, o sacramento da reconciliação nos oferece este toque de Jesus que cura a nossa cegueira, a nossa fraqueza e os nossos pecados. A oração e a meditação nos fornecem os meios para que o mistério nos seja revelado para nossa própria redenção. Ler e ouvir a Palavra de Deus nas Escrituras e compartilhá-la com outros em grupos de estudos bíblicos e outros encontros menos formais, nos permite alcançar uma maior compreensão sobre como podemos ser participantes da missão de Jesus e da sua Igreja.  Abertos ao dom da fé que nos permite ver os outros da mesma forma como Deus os vê: Samuel viu em Davi o homem que Deus tinha ungido. 

São Paulo em sua carta aos Efésios afirma: "Vivam como filhos da luz, porque a luz produz todo tipo de justiça, bondade e verdade".

Se nosso estilo de vida como cristãos se converte num desafio para outros, podemos expressar nossas convicções com humildade. Temos de aceitar o dom da graça que recebemos não somente como um dom, mas também como uma responsabilidade: para ajudar os outros para que se abram também à graça e para que sejam curados de sua própria cegueira, para que cheguem a experimentar a luz que encontramos somente na vida, na morte e na ressurreição e o amor de Jesus Cristo. 

quinta-feira, 24 de março de 2011

Terceiro Domingo da Quaresma - 27 de março de 2011

A imagem acima é da Casa de Encontros da Inspetoria Salesiana de Santiago do Chile, onde me encontro participando, nesta semana, da Reunião de Conjunto do Reitor-Mor, Conselheiros Gerais, Inspetores e seus Conselhos do Cone Sul. A Casa de Encontros é dedicada à São Francisco de Sales.
As leituras de hoje nos falam dos catecúmenos. Moisés experimenta uma fé muito profunda na Palavra de Deus. A mulher samaritana experimenta uma nova vida em Cristo. São Francisco de Sales escreve: "Há duas vidas completamente diferentes, que estão presentes em todos nós. A "velha vida" e a “vida nova".  Na "vida antiga" vivemos de acordo com os pecados e os sofrimentos que temos feito como resultado da nossa condição humana e da cultura. Somos como uma águia que arrasta suas penas velhas no chão, incapaz de voar. Se desejamos entrar na "vida nova" devemos libertar-nos da velha vida, "enterrado-a nas águas sagradas do batismo e da penitência."
Na "vida nova" temos como base para viver, o amor, o favor e a vontade de nosso Salvador. A nossa vida nova em Cristo nos cura e nos redime. É a vida animada e estimulante. Dá-nos a capacidade de voltar a voar, porque estamos "vivos para Deus e para Jesus Cristo nosso Senhor." Nossa nova vida também é como a águia, que, uma vez despojada de suas penas velhas, adquire novas penas. Rejuvenescida pelo crescimento de novas penas voa com grande poder. Infelizmente há almas ternas, recém-nascidas das cinzas do arrependimento, que experimentam grandes dificuldades voando pelo ar do amor sagrado. Mesmo vivas, animadas, voando pelo amor, ainda podem reter dentro de si os hábitos de sua antiga vida. Durante a nossa passagem neste mundo, podemos curvar-nos ao amor sagrado ou a amores inúteis.
Quando decidimos nos dedicar a buscar as coisas fúteis, tornamo-nos vacilantes em nossa vontade de servir a nosso Senhor. Isso é normal. Quando ofendemos um amigo é normal sentir-nos envergonhados. Mas nunca devemos viver na vergonha. Nosso processo de amadurecimento no amor divino é tal que existe sempre uma abertura para outros aparentes benefícios. A razão para a insegurança de louvar-nos a Deus é nossa fraqueza, para que nós possamos nos jogar ainda mais nos seus braços misericordiosos. Devemos ter coragem de desfazer-nos da velha vida. Aumentemos a nossa confiança a fim de viver uma vida nova em Jesus Cristo, que deseja aprofundar o nosso amor para vivermos eternamente no amor.
(Adaptado dos escritos de São Francisco de Sales)
Destaque
"O Senhor está conosco ou não?"
Perspectiva Salesiana
Esta tem sido uma questão que tem transcendido as gerações e que quase sempre aparece em tempos de crise e de confusão, ou quando passamos por sofrimentos, tragédias, injustiças ou nas quais estamos perdidos.
Irritados, frustrados e desiludidos, os israelitas - os nossos antepassados ​​espirituais – fizeram a mesma pergunta a Moisés durante uma viagem, aparentemente sem uma direção clara, para a qual eles tinham sido levados. Nós fazemos esta mesma pergunta do nosso jeito, todo dia ou por causa de eventos globais como o terrorismo, a guerra, fome e epidemias, ou por causa de nossos próprios conflitos como o desemprego, doença, morte, e os relacionamentos humanos.
Além disso, esta pergunta é perfeita para refletirmos durante o tempo da Quaresma.
Pelo menos intelectualmente falando, nós acreditamos que Deus está verdadeiramente entre nós. Francisco de Sales acreditava muito, mas esta crença não era algo puramente intelectual: era uma crença fundamental.  "Não há lugar, nada neste mundo onde Deus não está realmente presente. Os pássaros estão sempre voando no ar, e da mesma maneira, onde quer que vamos, iremos encontrar Deus presente."( Introdução à Vida Devota , Parte II, Capítulo 2)
No entanto, em nosso afã de que Deus faça com que a água jorre da rocha em tempos de adversidade, muitas vezes esquecemos o fato de que Ele está conosco em todos os momentos. Em tempos de crise, aqueles que nos inspiram com uma palavra amável, um gesto de amizade ou com um ouvido atento estão refletindo a presença imediata de Deus em nossas vidas, a presença da mesma maneira como os israelitas experimentaram na leitura das Escrituras que ouvimos e nós compartilhamos a Eucaristia e a oração que emana de nós.
Ainda assim, somos tomados pelo pânico e não vemos o óbvio quando estamos freneticamente procurando o Senhor, especialmente em tempos de grande necessidade. Nós esquecemos que Deus está tão perto de nós como o ar que respiramos, um erro que a mulher samaritana quase cometeu em seu próprio encontro com Jesus junto ao poço. O Senhor está com ela - na verdade ele está bem na frente dela, mas o fato de que um homem judeu espontaneamente lhe pediu algo para beber é tão surpreendente para ela que é quase incapaz de reconhecer quem está falando. Felizmente, ela percebe que "possivelmente seja Cristo" e a gratidão que sente a move para deixar a jarra com água abandonada e ir à cidade para anunciar ao povo a Boa Nova sobre seu encontro com Jesus.
Seja no deserto ou perto do poço, os sinais da presença de Deus estão sempre entre nós, e assim como a mulher do Evangelho, isto é algo que deve tornar-nos gratos. A gratidão que sentimos e expressamos através desses sinais produz confiança: confiança em Deus e a confiança naqueles que são sinais do amor de Deus por nós. "Somente confiem no Senhor", escreve São Francisco de Sales, "e Ele irá continuar a guiá-los com sabedoria para que vocês possam enfrentar qualquer coisa. Onde quer que vocês não puderem caminhar, Deus irá levá-los em seus braços."
Nós oramos para que sejamos sinais da presença de Deus na vida dos outros, como demonstração de gratidão por todos aqueles momentos em que o Senhor nos conduziu em seus braços.
O P. Michael S. Murray, OSFS é o Diretor do Centro Espiritual de Sales.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Dia 19 de março - São José

Imagem de São José que se encontra na Catedral de Santiago do Chile

“Ao pensar na grandeza de São José, considera as palavras: “Senhor, faze o bem aos bons, aos corações retos” (Sal 124,4) Eu gostaria de dizer umas palavras sobre este santo que tanto queremos, porque sustentou o Amor do nosso coração e o coração do nosso amor. Meu Deus que bom e reto deve ter sido esse santo, se o Senhor lhe deu o elevado privilégio de ser encarregado da sua Mãe e do seu Filho! Com essas duas responsabilidades, ele podia causar inveja aos anjos e desafiar todo o céu, pois o que há entre os anjos, comparável à Rainha dos Anjos, e em Deus mais do que Deus? No entanto, São José era mais próximo deles do que de qualquer outro”. (São Francisco de Sales - Cartas, 671; O.C. XV, p. 33)

quinta-feira, 17 de março de 2011

Reflexão Salesiana - Segundo Domingo da Quaresma – 20 de março de 2011

 

     Neste domingo subimos o monte Tabor com Jesus. Nele vislumbramos, brevemente, a glória de nosso Salvador, cujo amor divino nos transforma continuamente. São Francisco de Sales observa que Jesus, através de sua transfiguração, mostra-nos um vislumbre da felicidade eterna que nos aguarda. Nosso Senhor transfigurou-se para gerar em nós o desejo de felicidade eterna total.
     Nosso gentil Salvador usa seus atrativos e inspirações para aproximar-nos da mais pura expressão do Seu amor. Quando Deus nos dá a fé, Ele se comunica diretamente com a nossa mente através de inspirações. O Espírito Santo se encarrega de propagar em nós estes primeiros sinais do amor de Deus. Nos corações que se acendem, Ele vai fortalecendo, aos poucos, suavemente, o amor sagrado que emana de suas inspirações.
    Os discípulos experimentaram tanta alegria no Monte Tabor, que por um momento quiseram ficar lá. Entreguemos também todos os nossos sentimentos a Nosso Salvador, e aspiremos conseguir a felicidade que Deus preparou para nós. Ele nos deu todos os meios necessários para atingir a felicidade da glória eterna. Estamos também nós escalando o Monte Tabor, já que também tomamos a firme resolução de servir bem ao nosso Salvador e de amar a Sua bondade divina. Mesmo assim e quando começamos o caminho da santidade, muitas vezes achamos que nossos sentimentos ainda estão enraizados no amor inútil. Mas, não fiquemos tristes por causa disso. É uma oportunidade para praticar as virtudes. Sentimos um grande desejo conseguir a santidade. Alimentemos este desejo e permitamos que cresçam a cada dia. Se tropeçarem, clamem a Nosso Senhor que os pegará na sua mão. Escalemos então o Monte Tabor, sem desfalecer, devido à visão celestial que nosso Salvador nos deu.
     Caminhemos felizes entre as dificuldades que surgem nesta vida passageira. Assumamos todos os desafios que se apresentam ao longo do caminho que Deus determinou para nós, e fiquememos em paz. A transformação é a verdadeira marca da manifestação divina. Que vocês sempre sintam o desejo de serem transformados!

(Adaptado dos escritos de São Francisco de Sales)

Destaque

"Ele se transfigurou diante de seus olhos..."

Perspectiva Salesiana

     Jesus leva Pedro, Tiago e João a uma alta montanha. Lá, diante de seus olhos, Jesus se transfigurou. Eles viram sua glória deslumbrante e radiante. Através de Moisés e de Elias, eles puderam ver claramente a relação de Jesus com tudo o que o havia precedido na história divina da salvação. Eles ouviram uma voz, que confirmou a união de Jesus com Deus, Abba... Pai.
     Às vezes me pergunto: foi Jesus quem mudou ou algo mudou dentro de três seguidores de Jesus?
     Foi Jesus quem lhes mostrou algo novo e diferente de si mesmo, ou foram os seus seguidores que, pela primeira vez, puderam ver sem dificuldade ou obstáculos, a glória ofuscante que sempre fez parte do ministério de Jesus para com os pobres, os desfavorecidos, os necessitados, os esquecidos? Foi uma nova revelação para eles ouvir a voz que falava de Jesus como o filho amado, ou foi pela primeira vez que esses homens ouviram uma voz que sempre esteve presente e atuante desde o momento da concepção de Jesus?
     E quanto a nós? Nós somos capazes de ver a glória que Deus nos deu e que está dentro de nós tão claramente, como os três discípulos tiveram a oportunidade de ver em Jesus? Nós somos capazes de ver o plano divino da salvação de Deus neste momento da nossa vida? Temos a capacidade de reconhecer o papel para o qual cada um foi chamado a desempenhar nesse plano divino da salvação? Ouvimos a voz de Deus que nos criou, que nos redimiu e nos inspirou a sermos Seus filhos amados, os seus verdadeiros filhos e filhas?
     A mensagem não poderia ser mais clara do que a Palavra de Deus que lemos no livro de Gênesis. O mesmo Deus que falou ao nosso antepassado Abraão é o mesmo Deus que se refere a nós quando diz: "Eu farei de vocês uma grande nação e abençoá-los-ei. Vou fazer com que o seu nome seja grande para que vocês mesmos se convertam em bênçãos. Abençoarei os que te abençoarem... todas as comunidades da terra encontrarão em vocês uma bênção."
Na medida em que cada um de nós for uma bênção para os outros (o que é muito diferente de ser uma maldição) a glória deslumbrante de Deus brilhará em nós. A vontade de Deus é revelada através de nós, a voz amorosa de Deus está incorporada em nós... para que o mundo possa vê-lo. Não só no topo da montanha da vida, mas também nos vales e planícies da vida diária.
     À medida que transcorre este tempo da Quaresma, oremos para que possamos alcançar a graça de ver não só a glória de Jesus, que está sempre conosco, mas também a glória que Deus nos deu e que brilham dentro de nós e dentro todos aqueles cujas vidas influenciamos. Não escutemos somente a voz de Deus que fala de Jesus como um filho. Escutemos também a voz do mesmo Deus que nos chama seus filhos e filhas nas circunstâncias, relacionamentos e experiências que enfrentamos todos os dias de nossas vidas.

O P. Michael S. Murray, OSFS é o Diretor do Centro Espiritual de Sales.

terça-feira, 15 de março de 2011

Tempo da quaresma


"A quaresma é o outono da vida espiritual, durante o qual colhemos os frutos para todo o ano. Enriqueçam-se com esses tesouros preciosos que ninguém lhes pode roubar nem fazer com que estraguem. Estou acostumado a dizer que não aproveitamos bem a quaresma se não nos empenharmos ao máximo. Passemos esta, pois, como se fosse a última, e tiraremos um bom proveito. Assistam aos sermões. Palavras santas, pois, são pérolas que a misericórdia divina nos proporciona." (S. Francisco de Sales - Cartas 329; O.C. XIII, p. 144)

segunda-feira, 14 de março de 2011

Dom Bosco e São Francisco de Sales (7)

     
     Para estimulo e para ter boa disciplina Dom Bosco tinha introduzido uma prática louvável, que permaneceu por muitos anos: a premiação dos que eram julgados os melhores, por voto comum. A distribuição destes prêmios acontecia, ordinariamente, na noite da festa de São Francisco de Sales, aos estudantes e artesãos. (MB 5,11)
     No dia 23 de janeiro de 1863 começava a novena de São Francisco de Sales. Dom Bosco escrevia algumas “Flores” para serem realizadas pelos alunos durante a novena. São nove itens para serem praticados em cada dia da novena. Havia um décimo para o dia da festa, que era: “Confissão e comunhão em honra do santo, pedindo-lhe a graça de perseverar no bem.” No oitavo dia a “flor” era a seguinte: “Imitar São Francisco de Sales na fuga dos maus colegas e em frequentar os bons.”(MB 7, 375)
     Em 1866, novamente escreve “flores” para a novena de São Francisco de Sales. Mas não aparece nenhuma alusão explícita ao Santo, como na precedente. (MB 8,292)

sexta-feira, 11 de março de 2011

Reflexão Salesiana - Primeiro Domingo da Quaresma – 13 de março de 2011



O Evangelho de hoje fala sobre as tentações de Cristo. São Francisco de Sales nos diz que Nosso Senhor não buscava a tentação. No entanto, Ele permitiu ser levado ao deserto pelo Espírito Santo para ser tentado, mostrando assim como devemos resistir às tentações. Nenhuma pessoa no serviço de Deus estará livre de tentações. No entanto, isso não significa que vamos à procura. Se o Espírito nos leva a um lugar onde encontramos a tentação, devemos confiar que Ele também vai nos trazer de volta aos trilhos.

Quando você percebe que a tentação está à espreita, deve agir como crianças quando veem um urso no campo. Elas imediatamente correm para os braços de seu pai ou da mãe, ou ao menos os chamam para ter proteção ou assistência. Recorram a Deus da mesma maneira, porque nós não devemos confiar em nossa própria força, ou na nossa própria coragem para vencer o mal. Se a tentação persistir, ocupe seus pensamentos com qualquer atividade que seja saudável e louvável. Quando vocês permitem que os bons pensamentos encontrem espaço em seus corações, eles irão mover os maus pensamentos.

Não importa que tipo de tentação aconteça e não importa o tipo de prazer que implica. Enquanto você se recusar a ceder a ela, não será capaz de ofender a Deus. Os inimigos da nossa salvação continuam à espreita na soleira da porta dos nossos corações, tentando obter acesso a eles. Enquanto os rejeitarmos, poderemos ter certeza de que o amor divino, a vida da alma, permanecerá dentro de nós. Através de constante oração, dos sacramentos e confiando em Deus, a nossa força voltará e desfrutaremos de uma vida saudável e feliz.

Caminhemos com confiança, então, e fiquemos em paz. Vivamos bem no meio da gentileza, humildade e simplicidade. Se acreditarmos em Deus e na verdade da Palavra de Deus, nada poderá prejudicar-nos. Tomemos o propósito de não pecar, mas se formos surpreendidos, fiquemos tranquilos sem cairmos em pecado. Estamos comprometidos com a bondade de Deus que, apesar de tudo, não nos amará menos.

(Adaptado dos escritos de São Francisco de Sales)



Destaque

"Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto, onde foi tentado pelo diabo"

Perspectiva Salesiana

Quando Jesus estava se preparando para começar o seu ministério público - para anunciar a Boa Nova do Reino de Deus - para ser o tipo de Messias que o Pai tinha planejado - para abrir suas mentes e corações ao poder e à promessa do Espírito Santo - foi tentado.

Tentado a converter a pedra em pão, para usar seu poder de salvação para sua própria conveniência. Tentado a ser satisfeito com os reinos terrenos, tentado a encontrar sua satisfação em uma glória passageira e em majestade. Tentado a se jogar do templo, presumivelmente para convencer as pessoas de sua identidade e de sua autoridade através de um único evento dramático, um super evento.

Basicamente, Jesus foi tentado a se tornar alguém diferente do que Deus queria que ele fosse. Jesus foi tentado a ser um tipo diferente de Salvador. Jesus foi tentado a acreditar que havia uma maneira mais fácil para redimir, salvar, santificar. Jesus foi tentado a acreditar que ele poderia pegar um atalho no caminho para a salvação, uma forma "padrão para todos" para a redenção.

Todos nós podemos nos identificar com esse tipo de tentação. Quantas vezes repetimos que seríamos mais felizes, mais saudáveis ​​e mais santos se fossemos outra pessoa? Quantas vezes dizemos que deve haver outra forma (em outras palavras, uma maneira mais fácil, menos desvantagem) de ser uma esposa melhor, um marido melhor, um filho melhor ou uma filha melhor, boa irmã ou um bom irmão, um bom amigo ou um vizinho melhor? A verdadeira tragédia é que se nós gastarmos nossas vidas acreditando que seria melhor se fossemos outra pessoa ou se estivéssemos em outro lugar, nós nunca vamos viver a vida, a única vida que Deus nos deu.

Francisco de Sales escreveu: "Não semeie os teus desejos no jardim de outra pessoa; cultive o teu da melhor maneira possível. Não tentes ser alguém que não és, mas, deseja profundamente ser quem você é. Concentre todos os teus pensamentos sobre isso, em fazer o bem e carregando as cruzes, grandes ou pequenas, que encontrares no caminho. Acredite, este é o ponto mais importante – e o mais incompreendido na vida espiritual. (Cartas de Direção Espiritual , p. 112)

Jesus foi tentado a ser alguém diferente de quem o Pai queria que ele fosse. Jesus foi tentado a abandonar o caminho que conduz ao amor autêntico e alterá-lo com a promessa vazia de poder chegar a ele através de um atalho. Jesus foi tentado a correr para fora do caminho (aparentemente) simples. Mas repudiou a promessa vazia de uma solução rápida, pois tinha fé no plano de Deus para Ele. E escolheu o caminho que conduz à verdadeira felicidade, saúde e santidade.

Agora que estamos neste tempo da Quaresma, oremos para que nos seja dada a coragem necessária para reconhecer a voz do tentador que vive dentro de nós. Rezemos para que nos seja concedida a visão necessária para identificar as formas pelas quais podemos ser tentados a gastar a nossa vida querendo ser outra pessoa. Peçamos que nos conceda a graça e a força para seguir o exemplo de Cristo, que nos mostrou que o amor não passa por soluções rápidas e que o caminho do amor não se alcança através de atalhos: o amor requer que estejamos dispostos a ir onde for necessário... fielmente, dia após dia, e para cada pessoa no momento certo.

O P.Michael S. Murray, OSFS é o Diretor do Centro Espiritual de Sales.

sexta-feira, 4 de março de 2011

CATEQUESE DO PAPA: AMAR A DEUS SEM PEDIR NADA EM TROCA

Intervenção na audiência geral sobre São Francisco de Sales


Queridos irmãos e irmãs:


"Dieu est le Dieu du coeur humain" (Deus é o Deus do coração humano - "Tratado do Amor de Deus", I, XV): com estas palavras, aparentemente simples, temos a essência da espiritualidade de um grande mestre, de quem eu gostaria de vos falar hoje: São Francisco de Sales, bispo e Doutor da Igreja.

Nascido em 1567, em uma região de fronteira francesa, era o filho do Se-nhor de Boisy, de uma família antiga e nobre de Saboia. Viveu dividido entre dois séculos, o XVI e XVII, recolhendo em si o melhor dos ensina-mentos e das conquistas culturais do século que terminava, reconciliando a herança do humanismo com a tendência ao absoluto, própria das correntes místicas. Sua formação foi muito completa; em Paris, cursou o ensino superior, dedicando-se também à teologia; e na Universidade de Pádua, fez os estudos de jurisprudência, como seu pai desejava, concluindo-os de forma brilhante, com doutorado em utroque iure, direito canônico e direito civil. Em sua harmoniosa juventude, refletindo sobre o pensamento de Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, teve uma profunda crise, que o levou a questionar sobre sua própria salvação eterna e sobre a predestinação de Deus com relação a ele, sofrendo como drama espiritual verdadeiro as principais questões teológicas da sua época.

Ele orava intensamente, mas a dúvida o atormentou de tal forma que, du-rante várias semanas, quase não comeu nem bebeu. No final da provação, foi para a igreja dos dominicanos em Paris e, abrindo o coração, orou desta maneira: "Aconteça o que acontecer, Senhor, tu, que tens tudo em tuas mãos, e cujos caminhos são a justiça e a verdade, o que quer que tenhas decidido para mim... Tu, que és sempre juiz justo e Pai misericordioso, eu te amarei, Senhor (...), eu te amarei aqui, ó meu Deus, e esperarei sempre em tua misericórdia, e repetirei sempre teu louvor... Ó Senhor Jesus, sempre serás a minha esperança e a minha salvação na terra dos vivos" (I Proc. Canon., Vol. I, artigo 4).

Por volta dos 20 anos, Francisco encontrou a paz na realidade radical e libertadora do amor de Deus: amá-lo sem pedir nada em troca e confiar no amor divino; não perguntar mais o que Deus vai fazer comigo: eu simplesmente o amo, independentemente do que Ele me der ou não me der. Assim, ele encontrou a paz e a questão da predestinação - sobre a qual se discutia há muito tempo - se resolveu, porque ele não buscava mais o que poderia obter de Deus; apenas o amava, abandonava-se à sua bondade. Este foi o segredo da sua vida, que aparecerá em sua obra mais importante: o "Tratado do amor de Deus".

Vencendo a resistência do seu pai, Francisco seguiu o chamado do Senhor e, em 18 de dezembro de 1593, foi ordenado sacerdote. Em 1602, ele se tornou o bispo de Genebra, em um período em que a cidade era um ponto forte do calvinismo, tanto que a sede episcopal se encontrava "exilada" em Annecy. Pastor de uma diocese pobre e conturbada, em um enclave de montanha do qual conhecia bem tanto a dureza como a beleza, escreveu: "Encontrei-me com Ele [Deus], cheio de doçura e ternura, entre nossas altas e escarpadas montanhas, onde muitas almas simples o amavam e o adoravam com toda verdade e sinceridade; o cervo e a gazela corriam aqui e ali, entre o gelo terrível, para anunciar seu louvor" (Carta à mãe de Chantal, outubro de 1606, em Oeuvres, Ed. Mackey, t. XIII, p. 223). E, no entanto, a influência da sua vida e dos seus ensinamentos na Europa da época foi imensa. Ele foi apóstolo, escritor, pregador, homem de ação e oração; esteve comprometido com os ideais do Concílio de Trento, envolvido na controvérsia e no diálogo com os protestantes, experimentando cada vez mais, muito além do necessário confronto teológico, a eficácia da relação pessoal e da caridade; foi também encarre-gado de missões diplomáticas a nível europeu e de deveres sociais de mediação e reconciliação. Mas, acima de tudo, São Francisco de Sales é um pastor de almas: do encontro com uma jovem mulher, a senhora de Charmoisy, inspirou-se para escrever um dos livros mais populares da era moderna, a "Introdução à vida devota"; de sua profunda comunhão espiritual com uma personalidade excepcional, Santa Joana Francisca de Chantal, nasceu uma nova família religiosa, a Ordem da Visitação, caracterizada - assim como quis o santo - por uma consagração total a Deus, vivida na simplicidade e humildade, em fazer extraordinariamente bem as coisas ordinárias: "Quero que minhas filhas - escreveu ele - não tenham outro ideal a não ser o de glorificar [Nosso Senhor] com sua humildade" (Carta a Mons. De Marquemond, junho de 1615). Ele morreu em 1622, aos 55 anos, após uma existência marcada pela dureza dos tempos e pelo desgaste apostólico.

A vida de São Francisco de Sales foi relativamente curta, mas vivida com grande intensidade. Da figura deste santo emana uma impressão de estranha plenitude, demonstrada com a serenidade de sua busca intelectual, também na riqueza dos seus afetos e na "doçura" de seus ensinamentos, que foram muito influentes na consciência cristã. Da palavra "humanidade", ele incorporou diferentes significados e, então como agora, este termo pode se referir à cultura, à cortesia, à liberdade e ternura, à nobreza e solidariedade. Em sua aparência, tinha algo da majestade da paisagem em que viveu, conservando também a simplici-dade e a natureza. As antigas palavras e imagens com que se expressava são ouvidas de forma inesperada, também pelo homem atual, como uma língua materna e familiar.

A Filoteia, destinatária ideal de sua "Introdução à vida devota" (1607), Francisco de Sales dirige um convite que podia parecer, na época, revolu-cionário. É o convite a ser totalmente de Deus, vivendo em plenitude a presença no mundo e os deveres do próprio estado. "Minha intenção é instruir aqueles que vivem na cidade, no estado civil, no tribunal (...)" (Prefácio da "Introdução à Vida Devota"). O documento com o qual o Papa Leão XIII, mais de dois séculos depois, o proclamou Doutor da Igreja insistirá nesta ampliação do chamado à perfeição, à santidade. Nele, escreveu: "[A verdadeira piedade] penetra até no trono de reis, na barraca dos chefes dos exércitos, no tribunal dos magistrados, nos escritórios, nas lojas e até nas cabanas dos pastores (...)" (Breve Dives in misericordia, 16 de novembro de 1877). Assim nasceu o chamado aos leigos, esse cuidado pela consagração das coisas temporais e pela santificação da vida cotidiana, em que insistirão o Concílio Vaticano II e a espiritualidade do nosso tempo.

Manifestava-se no ideal de uma humanidade reconciliada, na harmonia entre ação no mundo e oração, entre condição leiga e busca da perfeição, com a ajuda da graça de Deus, que permeia o ser humano e, sem destruí-lo, purifica-o, elevando-o às alturas divinas. A Teótimo, o cristão adulto, espiritualmente maduro, a quem dirigirá, alguns anos mais tarde, o seu "Tratado sobre o amor de Deus" (1616), São Francisco de Sales oferece uma lição mais complexa. Esta supõe, no início, uma precisa visão do ser humano, uma antropologia: a "razão" do homem, mesmo a "alma racional", é vista como uma arquitetura harmoniosa, um templo articulado em mais espaços, em torno de um centro, que ele chama, juntamente com os grandes místicos, de "cume", "ponta" do espírito ou "fundo" da alma. É o ponto em que a razão, percorridas todas as fases, "fecha os olhos" e o conhecimento se torna uma só coisa com o amor (cf. Livro I, cap. XII). Que o amor, em sua dimensão teológica, divina, seja a razão de ser de todas as coisas, em uma escala ascendente que parece não conhecer rachaduras ou abismos, São Francisco de Sales resumiu com uma frase famosa: "O homem é a perfeição do universo, o espírito é a perfeição do homem, o amor é a do espírito, e a caridade é a do amor" (ibid., livro X, cap. I).

Em um tempo de florescimento místico intenso, o "Tratado do amor de Deus" é uma verdadeira e própria summa, além de uma fascinante obra literária. Sua descrição do itinerário até Deus parte do reconhecimento da "inclinação natural" (ibid., livro I, cap. XVI), inscrita no coração do homem, ainda que pecador, de amar a Deus sobre todas as coisas. Segundo o mo-delo da Sagrada Escritura, São Francisco de Sales fala da união entre Deus e o homem desenvolvendo uma série de imagens das relações interpessoais. Seu Deus é pai e senhor, esposo e amigo, tem características maternas e de cuidadora, é o sol do qual a noite é a misteriosa revelação. Uma espécie de Deus que atrai para si o homem com laços de amor, ou seja, de verdadeira liberdade: "Já que o amor não força nem tem escravos, mas reduz todas as coisas sob a própria obediência com uma força tão deliciosa que, se nada é forte como o amor, nada é tão amável como a sua força" (ibid., livro I, cap. VI).

Encontramos, no Tratado do nosso santo, uma meditação profunda sobre a vontade humana e a descrição do seu fluir, passar, morrer, para viver (cf. ibid., Livro IX, cap. XIII), no completo abandono, não só à vontade de Deus, mas também ao que lhe agrada, ao seu "bon plaisir", à sua satisfação (cf. ibid., Livro IX, cap. I). No cume da união com Deus, além dos raptos de êxtase contemplativo, coloca-se esse rebrotar da caridade concreta, que está atenta a todas as necessidades dos outros e que ele chama de "êxtase da vida e das obras" (ibid., livro VII, cap. VI).

Adverte-se bem, lendo o livro sobre o amor de Deus e, ainda mais, nas cartas de direção e amizade espirituais, que São Francisco de Sales foi um grande conhecedor do coração humano. A Santa Joana de Chantal, ele escreve: "Esta é a regra da nossa obediência, que vos escrevo com letras grandes: FAZER TUDO POR AMOR, NADA PELA FORÇA - AMAR MAIS A O-BEDIÊNCIA QUE TEMER A DESOBEDIÊNCIA. Deixo-vos o espírito de liberdade, não o que exclui a obediência - pois esta é a liberdade do mundo -, mas o que exclui a violência, a ansiedade e o escrúpulo" (Carta de 14 de outubro de 1604). Não é à toa que, na origem das muitas vias da pedagogia e da espiritualidade do nosso tempo, encontramos vestígios desse mestre, sem o qual não teriam existido São João Bosco nem o heróico "pequeno caminho" de Santa Teresa de Lisieux.

Queridos irmãos e irmãs, em uma época como a nossa, que busca a liber-dade, também com violência e inquietude, não se pode perder a atualidade deste grande mestre de espiritualidade e de paz, que indica aos seus discípulos o "espírito de liberdade", a verdadeira, como cume de um ensinamento fascinante e completo sobre a realidade do amor. São Francisco de Sales é um testemunho exemplar de humanismo cristão e, com seu estilo familiar, com parábolas que têm frequentemente o bater de asas da poesia, recorda que o homem carrega gravado nas profundezas de seu ser o anseio por Deus e que só n'Ele se encontra a verdadeira alegria e sua realização mais plena.

No final da audiência, o Papa cumprimentou os peregrinos em vários idio-mas. Em português, disse: Queridos irmãos e irmãs:

São Francisco de Sales, bispo e doutor da Igreja, é uma testemunha exemplar do humanismo cristão, cujos ensinamentos influenciaram muitos caminhos espirituais e pedagógicos do nosso tempo. Nascido em 1567, passou na juventude por uma crise espiritual que o levou a interrogar-se sobre a própria salvação eterna. Somente encontrou a paz na contemplação da realidade radical e libertadora do amor de Deus: amar-Lhe sem pedir nada em troca e confiar no amor divino. Tal foi o segredo da sua vida.

Esta se caracterizou por um incansável apostolado, pela pregação, escritos e, sobretudo, pela sua direção de almas, dentre as quais se destaca Santa Joana Francisca de Chantal, fundadora com ele da Ordem da Visitação. Suas principais obras são "Introdução à vida devota" e "Tratado do Amor de Deus". Nelas o nosso Santo dirige a todas as pessoas o convite a serem completamente de Deus, mesmo vivendo no meio do mundo, pelo amoroso cumprimento dos deveres do próprio estado de vida: trata-se daquela consagração das coisas temporais e santificação do quotidiano que, quatro séculos mais tarde, afirmaria insistentemente o Concílio Vaticano II.

Queridos amigos vindos dos países de língua portuguesa, sede bem-vindos! São Francisco de Sales lembra que cada ser humano traz inscrita no íntimo de si a nostalgia de Deus. Possais todos dar-vos conta dela e por ela orientar as vossas vidas, pois só em Deus encontrareis a verdadeira alegria e a realização plena. Para tal, dou-vos a minha bênção. Ide em paz!

terça-feira, 1 de março de 2011

9º Domingo do tempo comum – 06 de março de 2011



Destaque: "Eis que ponho diante de vós bênção e maldição."

Perspectiva Salesiana

A primeira leitura de hoje foi tirada do Livro do Deuteronômio (palavra que significa "repetição da lei” que é o último livro do Pentateuco. O contexto histórico do Deuteronômio apresenta Moisés e os israelitas na terra de Moab, a área onde o rio Jordão deságua no Mar Morto. Neste ato final, neste momento importante na transmissão da liderança a Josué, Moisés oferece o que essencialmente se tornará o seu discurso de despedida, o sermão para preparar os israelenses para a sua entrada em Canaã. Moisés desafiou o povo a permanecer fiel a Deus, que tem sido fiel a eles, e ainda mais no momento em que eles estão literalmente à beira de possuir a “Terra Prometida".

A "Terra Prometida" não é "grátis para todos." Ela tem um preço. Depois de tudo o que Deus fez para salvar seu povo, ele espera que eles façam bom uso da promessa de "obedecer aos mandamentos do Senhor", e abster-se de deuses estranhos: a bênção para o primeiro, a maldição para o segundo. (Para obter uma lista mais extensa de maldições e bênçãos à medida que foram explicadas por meio de Moisés, consulte os capítulos 27 e 28 ). A este respeito "a Terra prometida” não é tanto um ponto geográfico, mas sim uma questão de escolha pessoal: escolher como viver nossa vida; escolher de forma deliberada como usar os dons de Deus; escolher deliberadamente como nos relacionamos com nós mesmos, escolher deliberadamente como se relacionar com os outros. Os resultados destas escolhas (quer percebamos ou não) geram bênçãos ou maldições.

Como "a Terra Prometida”, Monte Calvário não é só um ponto geográfico: o Monte Calvário é também uma questão de escolha pessoal. É o símbolo supremo de como Jesus escolheu para ser uma bênção na vida dos outros, escolhendo "obedecer aos mandamentos do Senhor," antes de tomar posse desta outra grandiosa "Terra Prometida" para si e para todos nós: a vida eterna. No último capítulo de seu Tratado do Amor de Deus, Francisco de Sales escreveu: "O Calvário é o monte dos amantes. Todo o amor, cuja fonte não é a paixão do Salvador, é absurdo e perigoso. A morte sem o amor do Salvador é infeliz; O amor sem a morte do Salvador é infeliz... Diante do Calvário não podemos ter vida sem amor ou amor sem a morte do Redentor. Exceto por este lugar, tudo o resto é amor eterno ou morte eterna. Toda a sabedoria cristã consiste em saber como escolher corretamente "(Livro XII, Capítulo 13.)

"A morte eterna ou o amor eterno? Maldição ou bênção? Pelo menos por hoje, qual das duas promessas você escolhe para si e/ou ou os outros?

O P.Michael S. Murray, OSFS é o Diretor do Centro Espiritual de Sales.