sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Segundo Domingo do Advento - 05 de dezembro de 2010


O Evangelho de hoje nos convida a ouvir João Batista: "Arrependei-vos, preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas". São Francisco de Sales faz os seguintes comentários a respeito desta passagem:

"Endireitai o caminho do Senhor". Os caminhos que tem muitas curvas e dão demasiadas voltas acabam cansando e induzindo ao erro. Nossa vida é cheia de caminhos sinuosos que devemos endireitar em preparação para a vinda de Nosso Senhor. Primeiro temos que corrigir a ambiguidade das nossas intenções e ter uma só: agradar a Deus, mostrando uma mudança de coração. Assim como o marinheiro que mantém os olhos na bússola durante a condução do barco, nós também devemos manter nossos olhos abertos para a penitência, ou seja, para experimentar uma mudança de coração.

Ao aceder a uma mudança de coração, voltamos à imagem e semelhança de Deus em nós. Através do arrependimento, experimentamos a amargura e a dor por termos ofendido a bondade de Deus. Já não seremos escravos das nossas emoções. Nossas inclinações, sentimentos e emoções agora se curvam ao amor de Deus e do próximo. Vemos claramente que arrepender-nos de nossas grandes culpas é um ato perfeitamente razoável, se considerarmos cuidadosamente os benefícios de levar uma vida virtuosa. Todos os atos de arrependimento são realizados em prol da beleza, da honra, da dignidade e da felicidade, para o nosso próprio bem-estar. A mudança de coração nos motiva a ter uma melhor disposição.

Aperfeiçoar a penitência significa alcançar um amor sagrado por Deus que transborda de amor ao próximo. O amor a Deus e o nosso próprio amor vivem em luta constante dentro do nosso coração, o que nos causa grande angústia. O verdadeiro amor próprio está a serviço de Deus. Quando reina o amor divino em nossos corações, dominam todos os outros amores. Em seguida organiza todas as nossas emoções e desejos naturais dentro do plano divino e do serviço. Caminhemos, então, com Deus, como fez João Batista. Assim, iremos nos tornar uma voz que proclama que devemos preparar o caminho e endireitar as estradas para o Senhor, para que, ao  recebê-lo nesta vida possamos desfrutar Dele na próxima.

(Adaptado dos escritos de São Francisco de Sales)

Sugerida Ênfase

"Ele não julgará pelas aparências que vê nem decidirá somente por ouvir dizer; mas trará a justiça para os humildes e uma ordem justa para os homens pacíficos...”

Perspectiva Salesiana

O texto de hoje do profeta Isaías, está cheio de promessa e de esperança: uma esperança enraizada na promessa de que Deus é justo, que Deus não tem favoritos. Esta promessa é encarnada em Jesus, o Salvador, que está cheio do espírito de Deus, um espírito cheio de sabedoria e entendimento. Esperamos que este mesmo espírito que impulsionou tanto o ministério de Jesus, também nos dê os dons da sabedoria e do entendimento.

Não recebemos os dons divinos da sabedoria e do entendimento por preço baixo. Na verdade, sempre vêm com grandes expectativas: uma, que julguemos os outros "Sem nos basearmos nas aparências ou nos boatos, mas com justiça". Em outras palavras, os seguidores de Jesus - filhos e filhas de Deus, o Criador, Redentor e inspirador, não julgam prematuramente.

São Francisco de Sales escreveu em sua "Introdução à Vida Devota: "Como ofendem a Deus os julgamentos prematuros! São como uma espécie de icterícia espiritual que faz com que todas as coisas pareçam ruins aos olhos de quem está infectada com ela.” (IDV Parte 3, Capítulo 28)

Os julgamentos apressados raramente - quase nunca – são baseados em fatos. Os juízos prematuros se fundamentam nas aparências, nas impressões, nos boatos e fofocas. Os juízos prematuros são feitos num instante (por isso muitas vezes são chamados juízos ‘apressados’) e geralmente são baseadas na emoção, não na razão.

Os juízos prematuros têm pouco a ver com o comportamento de nossos semelhantes, e muito mais a ver com as maquinações e à disposição dos nossos corações. Quando julgamos os outros "apressadamente" o que realmente estamos fazendo é expor nossa arrogância, nosso medo, nosso egoísmo, nossa amargura, nossa inveja, o ressentimento, o nosso ódio, nossa inveja, nossa condescendência para com os outros.

Somente quando julgamos entre nós com justiça seremos capazes de verdadeiramente "viver em perfeita harmonia e de acordo com o espírito de Jesus Cristo." Promover e preservar as nossas relações com "paciência e coragem" só será possível se nos livrarmos desta "Icterícia," de decisões apressadas.

Francisco de Sales escreveu: "Quem quer ser curado (de fazer julgamentos prematuros) deve aplicar remédios, não nos olhos ou no intelecto, mas nas suas afeições. Se suas emoções são amáveis, os julgamentos também o serão." (Ibid)

Crescer em sabedoria e compreensão requer que os nossos juízos sejam justos e que devem ser baseados em fatos, não em ficção, enraizados na sensibilidade, e não nas suspeitas, focados no comportamento e não em preconceitos. Nossos julgamentos devem ser concebidos de verdade, devem estar comprometidos com a justiça e caracterizados pela compaixão.

O P. Michael S. Murray, OSFS é o Diretor do Centro Espiritual de Sales. 

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