“Na verdade, este mandamento que hoje te dou não é difícil demais nem está fora do teu alcance... esta palavra está bem ao teu alcance, está em tua boca e em teu coração para que a possas cumprir.”
No filme Indiana Jones e a última cruzada, Indiana Jones pergunta a seu mentor, Marcus Brody: “Tens fé, Marcus? Acreditas que a arca exista?” Seu velho amigo e mentor sóbria a suavemente responde: “A busca da arca é a busca do divino dentro de nós.”
Para buscar o divino não precisamos ir a lugares remotos. Na busca do divino não se trata de olhar para o céu. Não se trata de cruzar os oceanos. Não, a busca do divino é a maior – e algumas vezes a mais difícil – aventura de todas: buscar dentro de nós mesmos. E a travessia até o coração. É a viagem à alma, a essência e ao centro de nosso ser.
Francisco de Sales certamente acreditava nisso. Ele escreveu em sua Introdução a Vida Devota: “Deus está em todas as coisas e em todos os lugares. Não existe lugar ou coisa no mundo onde Deus não esteja verdadeiramente presente.” Mas isso, diz Francisco de Sales, “não é suficiente, porque Deus não somente está no lugar onde estás. Deus também está presente de forma muito particular em teu coração, no centro mesmo do teu espírito.” (IVD – Parte II, Cap. 2)
Portanto, a busca do divino em todos nós não se limita a viagem ao coração. A busca do divino e seu reconhecimento em nós se encontra quando caminhamos noutra viagem: a de nos aproximarmos e cuidar dos outros.
Jesus acentua este ponto em sua parábola do Bom Samaritano. Duas pessoas que deveriam ter se comportado diversamente (dados os seus conhecimentos) passaram ao lado de um vizinho necessitado e o ignoraram: certamente esta não é uma forma de reconhecer a presença do divino em nós. Claramente e tragicamente, talvez, este é um indicativo de que fracassaram em reconhecer a presença de Deus dentro de si mesmos.
Um terceiro personagem, em contraste, é “movido pela compaixão” que sentia pela miséria do homem. Ele é capaz de aproximar-se da pessoa necessitada porque, primeiramente, teve a coragem de ver dentro de si mesmo a presença de Deus que o ama e cuida dele: a presença de um Deus que o chamou para fazer o mesmo para os outros.
Deus tem sua morada em todas as partes, mas especialmente em nossos corações. Francisco de Sales nos desafia: “Examinem seu coração frequentemente e pergunte-se se o seu coração cuida do vizinho da mesma forma que gostaria que o coração do vizinho cuidasse de vocês.”
Resta-nos “levar a cabo”, que estendamos nossos corações – e o coração de Deus – a nosso vizinho necessitado.
Sempre e em todos os lugares.
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