Destaque:
"O povo que andava em trevas
viu uma grande luz, e para os que viviam na região escura da morte brilhou uma
luz."
Perspectiva Salesiana
Em seu livro
intitulado “A União da Perfeição”, Wendy Wright faz a seguinte observação
a respeito de São Francisco de Sales: "É difícil caracterizar com
precisão o status espiritual de qualquer pessoa durante o curso de uma vida. O
que se pode fazer são algumas generalizações. A geografia da relação contínua
de Francisco de Sales com o divino e com as visões que experimentou de si mesmo,
tentando manter esse relacionamento, pode ser comparado, em alguns aspectos, e
na íntegra, com grandes pastagens ou com extensas planícies. Há alguma
noção de liberdade, espaço, uma visão de horizontes mais amplos e uma sensação
de luz que emana dele." (p. 141)
São Francisco
de Sales foi verdadeiramente uma luz para as pessoas do seu tempo, de uma
maneira própria. Através de seus escritos, suas pregações e seu toque
humano, ele foi uma luz que ampliou os horizontes das pessoas, que aliviou suas
cargas e os ajudou a seguir uma vida devota, refletindo o estado e o estágio em
que suas vidas se encontravam. Ele foi uma luz que dissipou as trevas da
ignorância, a ansiedade, o fatalismo e o medo. Ele foi uma luz que deu as
pessoas o coração que precisavam para acolher a vida como ela era... e para sonhar
com a vida como poderia ser.
Reconhecemos
este homem como um santo, precisamente porque sua própria luz reflete
claramente a luz de Jesus Cristo. Cristo é a luz que dissipa as
trevas. Cristo é a luz que perdoa os pecados. Cristo é a luz que
fortalece os joelhos fracos e os corações deficientes. Cristo é a luz que
dispersa a névoa do pecado e da tristeza. Cristo é a luz que indica o início de
uma nova era de felicidade e de alegria, de propósito e de promessa.
A seleção do
Evangelho de Mateus deste final de semana, assim como a vida de São Francisco
de Sales, nós oferece um poderoso testemunho da natureza da luz divina de
Cristo, luz para ser compartilhada. Como Cristo chamou os seus apóstolos
para partilhar a sua luz, assim como Cristo chamou Francisco para partilhar a
sua luz, assim também Cristo nos chama a todos e cada um de nós para que
sejamos fontes desta mesma luz para os outros. Cada um de nós é chamado a
dissipar o nevoeiro do desânimo e do desespero quando estes estão presentes nos
corações dos outros. Cada um de nós é chamado para aliviar o fardo dos outros. Cada
um de nós é chamado a ser uma fonte de esperança para os outros.
Não se enganem.
Existem certas acusações que estão associadas ao fato de não sermos fontes de
luz de Cristo na vida dos outros. Nossa luz deve enfrentar o lado escuro
da vida: o mal, o pecado, o cinismo, a hostilidade, a desconfiança, o preconceito
e o medo, só para citar algumas. Nossa luz deve iluminar não só os outros, mas deve
também iluminar e purificar nossas mentes, nossos corações, nossas atitudes e
nossas ações. Nossa luz requer que realmente cheguemos a conhecer a nós
mesmos... e que realmente cheguemos a conhecer os outros.
Jesus argumenta
que a carga que nos implica de sermos fontes de luz é, paradoxalmente, mais
leve do que qualquer outra carga que decidamos tomar ao longo das nossas vidas. (Mateus
11, 29-30) Como isso é possível? Porque a luz de Cristo nos eleva!
Que benditos, que felizes, que “leves de coração” nos sentimos quando aproveitamos
as oportunidades que se apresentam diariamente para levantar-nos... e para ajudar
os outros a também se levantarem!
Padre Michael S. Murray,
OSFS – Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução e adaptação: P. Tarcizio
Paulo Odelli - SDB
Dos escritos de São Francisco de
Sales
No Evangelho de
hoje, Jesus chama vários pescadores para segui-lo. São Francisco de Sales nos
oferece os seguintes pensamentos sobre o chamado feito a eles e a nós também,
para que sigamos o nosso Salvador.
Quando nosso
Salvador diz a seus apóstolos que escolheu, não faz nenhuma exceção. O Próprio
Judas recebeu o convite, mesmo quando fez mal uso da sua liberdade e rejeitou
os bens que Deus lhe tinha dado. Devemos estar absolutamente certos de que
quando Deus chama alguém para acolher o cristianismo, seja solteiro ou casado,
seja religioso, seja padre ou bispo, ele dá a cada pessoa todo o apoio
necessário para que possa alcançar a santidade por meio de sua vocação.
No entanto,
mesmo depois de sua conversão, alguns dos apóstolos estavam sujeitos a certas
imperfeições. Tal é o caso de São Pedro, que falhou miseravelmente ao negar
o Senhor. Assim, podemos perceber que é impossível superar num dia todos
os maus hábitos que adquirimos como resultado de maus cuidados que temos dado à
nossa saúde espiritual. No entanto, Nosso Salvador quer que vocês o sirvam
tal e como são, por meio de suas orações e ações, de acordo com o estado e o
estágio em que se encontram suas vidas. Uma vez que estejam convencidos
que devem servir a Deus de seus lugares, continuem a fazer o que estavam
fazendo, sintam afeto por seu estado de vida. Sejam bons de coração,
cultivem a sua vinha com o amor divino.
À medida que se
dedicam a suas tarefas encomendem-se diariamente nas mãos de Deus, que deseja
ajudá-los a realizar todos os seus objetivos com sucesso. Devem ter fé de
que Deus fará o que Ele julgue ser o melhor para vocês, sempre e quando vocês façam
a sua parte e sejam diligentes. Não se surpreendam se os frutos do seu
trabalho demorarem a aparecer. Se realizam a obra de Deus com paciência,
seus esforços não serão em vão. Nosso Senhor, que faz casas para
tartarugas e caracóis, os guiará bem. Deixem-no fazer isso. Devemos caminhar
fielmente no caminho do nosso Senhor, e permanecer em paz, tanto no inverno da
nossa esterilidade como no outono da fertilidade. Andem com alegria e sigam
sua vocação com plena confiança na Divina Providência.
(Adaptado a partir dos escritos
de São Francisco de Sales)
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