Destaque: “chamados a ser santos
junto com todos os que, em qualquer lugar, invocam o nome de nosso Senhor Jesus
Cristo”
Perspectiva Salesiana
São Francisco
de Sales acreditava que todas as pessoas são chamadas à santidade, a serem santas. Temos
ouvido ou lido isso muitas vezes, mas algumas coisas, especialmente coisas que
são importantes, merecem ser repetidas: "Quando ele criou as coisas,
Deus ordenou as plantas que produzissem frutos, cada uma segundo a sua
espécie. Da mesma forma, Deus ordena que os cristãos, as plantas da Igreja,
produzam os frutos de santidade, cada um de acordo com sua posição e vocação de
vida." (Introdução à Vida Devota , Parte I, Capítulo 2)
Aspirar à perfeição,
crescer em santidade, "viver em Jesus" é um desafio formidável. Adotar
uma vida de virtude requer força e coragem. Renunciar ao pecado requer força e
coragem. Fazer ouvidos surdos à tentação requer força e coragem. Num
determinado dia, o nosso progresso no caminho da espiritualidade pode ser
marcado por êxitos ou fracassos.
No entanto,
esta aspiração à santidade torna-se ainda mais difícil quando tentamos ser
santos de uma forma que não se encaixa com o momento ou o estado em que nos
encontramos: um modo de vida que não tem nada a ver com quem somos. Mesmo
se realmente todos nós somos chamados a ser santo, isto não quer dizer que
todos nós somos chamados a ser santos, da mesma forma. Francisco nos
lembra: "A espiritualidade (o chamado à santidade) deve ser exercida
de forma diferente pelo cavalheiro, o trabalhador, o servo, o príncipe, a
viúva, os jovens e as mulheres casadas. Eu lhes pergunto: é próprio de um
bispo viver sua vida na solidão como um monge? Ou que um homem casado não queira
ter mais propriedades do que têm um monge, ou um artesão passar o dia inteiro numa
igreja ou que um religioso seja chamado constantemente a ajudar os seus
vizinhos, que é um trabalho mais de acordo com a vida do bispo? Talvez, esse
tipo de santidade não seria objeto de riso, confusão e algo impossível de viver?
" (Ibid)
Francisco de
Sales tentou explicar o mesmo assunto de forma diferente numa conferência
(sobre as virtudes de São José) para a comunidade de Visitação: "Alguns
dos santos destacam-se em certas virtudes, outros, em outras, e até mesmo quando
todos salvaram suas almas, o fizeram de forma muito diferente. Porque existem
tantos tipos de santidade, como existem santos." ( XIX
Conferência ., p 365)
Uma reflexão contemporânea
sobre o assunto foi feita pelo premiado autor laureado com o Nobel e
sobrevivente do Holocausto Elie Wiesel: "Há mil portas levando ao
pomar da verdade mística. Cada ser humano tem a sua própria porta. Nós
cometemos o erro de querer entrar no pomar por uma porta diferente daquela que
nos corresponde." (Noite , página 3)
Para ter
certeza, se há realmente um modelo de santidade cristã, esse modelo é Jesus
Cristo, no qual todos nós fomos consagrados. Mas ser santos da mesma forma
como Jesus é santo, não significa ser como os outros. Ao contrário, ser
santo é ter a força e a coragem de ser quem a gente é e como Deus quer que
sejamos, precisamente nos lugares, e nas relações em que nos envolvemos cada dia.
Padre Michael S. Murray,
OSFS – Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução e adaptação: P. Tarcizio
Paulo Odelli - SDB
Dos escritos de São Francisco de
Sales
No Evangelho de
hoje João Batista dá testemunho de Jesus dizendo que Ele, o Filho de Deus, veio
para tirar o pecado do mundo. São Francisco de Sales diz o seguinte:
João Batista
aceitou e proclamou Jesus como o Filho de Deus. Houve pessoas que se recusaram
a reconhecer Jesus como o Salvador. João Batista era um homem de grande
humildade. O primeiro passo que damos para a humildade é que não nos subestimem
ou idealizem por aquilo que não somos. João Batista recusou todas as
honras e títulos que lhe ofereceram. Ele poderia ter chamado a atenção
para si mesmo, mas, ao contrário, reconheceu Jesus como o Redentor, e foi
encarregado de encaminhar os outros para Ele.
Mas o sucesso
pode ser algo excelente: se o desfrutamos e nos alegramos nele porque glorifica
a Deus, que é o autor de todas as nossas realizações. Ainda assim, o
sucesso e a ambição, têm a capacidade de seduzir o coração
humano. Infelizmente, a nossa natureza parece sempre muito ansiosa para
atrair tudo o que representa um benefício. As pessoas buscam erigir ídolos
e imagens que consideram como deuses. Muitos de nós deixamos nos deslumbrar pelas
coisas mundanas como a elegância, prestígio, superioridade e celebridade. Nesse
sentido o nosso comportamento é completamente diferente daquele de João
Batista. Seu espírito foi além do espírito de nosso tempo. Trilhando
o caminho da humildade, João Batista aceitou a grandeza de nosso Senhor, e
reconheceu sua dependência no Filho de Deus como seu guia.
João Batista se
recusou a ser influenciado pela vaidade. Ele sofreu o martírio como um
verdadeiro amante daquilo que era a verdade. Embora nós não sejamos
chamados a sermos mártires, devemos ter coragem para sofrer e lutar
especialmente nos momentos em que as pequenas tentações nos rodeiam. Se desejamos
enfrentar o mal, devemos primeiro nos armar o suficiente com humildade para
reconhecer a nossa dependência na grandeza e na bondade de Deus. Se
queremos crescer no amor de Deus, em primeiro lugar devemos começar a imitar João
Batista, aceitando o amor da verdade e da bondade em nossos corações. Uma
vez que tenhamos conseguido isso, então podemos orientar os outros para o nosso
Salvador: A luz de todas as nações.
(Adaptado a partir dos escritos
de São Francisco de Sales, especificamente Mateus, Fiorelli, ed.)
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