sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Reflexão Salesiana para o 2 º Domingo do Tempo Comum 19 de janeiro de 2014

Destaque: “chamados a ser santos junto com todos os que, em qualquer lugar, invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo”

Perspectiva Salesiana

São Francisco de Sales acreditava que todas as pessoas são chamadas à santidade, a serem santas. Temos ouvido ou lido isso muitas vezes, mas algumas coisas, especialmente coisas que são importantes, merecem ser repetidas: "Quando ele criou as coisas, Deus ordenou as plantas que produzissem frutos, cada uma segundo a sua espécie. Da mesma forma, Deus ordena que os cristãos, as plantas da Igreja, produzam os frutos de santidade, cada um de acordo com sua posição e vocação de vida." (Introdução à Vida Devota , Parte I, Capítulo 2) 
Aspirar à perfeição, crescer em santidade, "viver em Jesus" é um desafio formidável. Adotar uma vida de virtude requer força e coragem. Renunciar ao pecado requer força e coragem. Fazer ouvidos surdos à tentação requer força e coragem. Num determinado dia, o nosso progresso no caminho da espiritualidade pode ser marcado por êxitos ou fracassos.
No entanto, esta aspiração à santidade torna-se ainda mais difícil quando tentamos ser santos de uma forma que não se encaixa com o momento ou o estado em que nos encontramos: um modo de vida que não tem nada a ver com quem somos. Mesmo se realmente todos nós somos chamados a ser santo, isto não quer dizer que todos nós somos chamados a ser santos, da mesma forma. Francisco nos lembra: "A espiritualidade (o chamado à santidade) deve ser exercida de forma diferente pelo cavalheiro, o trabalhador, o servo, o príncipe, a viúva, os jovens e as mulheres casadas. Eu lhes pergunto: é próprio de um bispo viver sua vida na solidão como um monge? Ou que um homem casado não queira ter mais propriedades do que têm um monge, ou um artesão passar o dia inteiro numa igreja ou que um religioso seja chamado constantemente a ajudar os seus vizinhos, que é um trabalho mais de acordo com a vida do bispo? Talvez, esse tipo de santidade não seria objeto de riso, confusão e algo impossível de viver? " (Ibid)
Francisco de Sales tentou explicar o mesmo assunto de forma diferente numa conferência (sobre as virtudes de São José) para a comunidade de Visitação: "Alguns dos santos destacam-se em certas virtudes, outros, em outras, e até mesmo quando todos salvaram suas almas, o fizeram de forma muito diferente. Porque existem tantos tipos de santidade, como existem santos." ( XIX Conferência ., p 365) 
Uma reflexão contemporânea sobre o assunto foi feita pelo premiado autor laureado com o Nobel e sobrevivente do Holocausto Elie Wiesel: "Há mil portas levando ao pomar da verdade mística. Cada ser humano tem a sua própria porta. Nós cometemos o erro de querer entrar no pomar por uma porta diferente daquela que nos corresponde." (Noite , página 3) 
Para ter certeza, se há realmente um modelo de santidade cristã, esse modelo é Jesus Cristo, no qual todos nós fomos consagrados. Mas ser santos da mesma forma como Jesus é santo, não significa ser como os outros. Ao contrário, ser santo é ter a força e a coragem de ser quem a gente é e como Deus quer que sejamos, precisamente nos lugares, e nas relações  em que nos envolvemos cada dia.

Padre Michael S. Murray, OSFS – Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales. 
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

Dos escritos de São Francisco de Sales

No Evangelho de hoje João Batista dá testemunho de Jesus dizendo que Ele, o Filho de Deus, veio para tirar o pecado do mundo. São Francisco de Sales diz o seguinte:
 ​​João Batista aceitou e proclamou Jesus como o Filho de Deus. Houve pessoas que se recusaram a reconhecer Jesus como o Salvador. João Batista era um homem de grande humildade. O primeiro passo que damos para a humildade é que não nos subestimem ou idealizem por aquilo que não somos.  João Batista recusou todas as honras e títulos que lhe ofereceram. Ele poderia ter chamado a atenção para si mesmo, mas, ao contrário, reconheceu Jesus como o Redentor, e foi encarregado de encaminhar os outros para Ele. 
Mas o sucesso pode ser algo excelente: se o desfrutamos e nos alegramos nele porque glorifica a Deus, que é o autor de todas as nossas realizações. Ainda assim, o sucesso e a ambição, têm a capacidade de seduzir o coração humano. Infelizmente, a nossa natureza parece sempre muito ansiosa para atrair tudo o que representa um benefício. As pessoas buscam erigir ídolos e imagens que consideram como deuses. Muitos de nós deixamos nos deslumbrar pelas coisas mundanas como a elegância, prestígio, superioridade e celebridade. Nesse sentido o nosso comportamento é completamente diferente daquele de João Batista. Seu espírito foi além do espírito de nosso tempo. Trilhando o caminho da humildade, João Batista aceitou a grandeza de nosso Senhor, e reconheceu sua dependência no Filho de Deus como seu guia. 
João Batista se recusou a ser influenciado pela vaidade. Ele sofreu o martírio como um verdadeiro amante daquilo que era a verdade. Embora nós não sejamos chamados a sermos mártires, devemos ter coragem para sofrer e lutar especialmente nos momentos em que as pequenas tentações nos rodeiam. Se desejamos enfrentar o mal, devemos primeiro nos armar o suficiente com humildade para reconhecer a nossa dependência na grandeza e na bondade de Deus. Se queremos crescer no amor de Deus, em primeiro lugar devemos começar a imitar João Batista, aceitando o amor da verdade e da bondade em nossos corações. Uma vez que tenhamos conseguido isso, então podemos orientar os outros para o nosso Salvador: A luz de todas as nações.

(Adaptado a partir dos escritos de São Francisco de Sales, especificamente Mateus, Fiorelli, ed.) 

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