sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Reflexão Salesiana para o Segundo Domingo da Quaresma - 24 de fevereiro de 2013


Destaque: "O Senhor é a minha luz e a minha salvação".

Perspectiva Salesiana

O livro do Gênesis e do Evangelho de Lucas descrevem duas cenas muito fortes nas quais a vontade de Deus é demonstrada com muita clareza e sem nenhum risco de erros. Abraão viu no braseiro misterioso um sinal da aliança de Deus para com ele e para os seus descendentes, enquanto Pedro, Tiago e João testemunharam a transfiguração de Jesus.
Não é difícil perceber a mensagem nesses dois casos: são manifestações e expressões diretas da vontade de Deus, do seu desejo e do seu sonho para que todos possam viver uma vida centrada Nele aqui na terra, experimentando já, agora, a plenitude da vida para sempre no céu.
Ah! se a vontade de Deus fosse sempre tão simples de entender! Se pudéssemos sempre discernir a vontade de Deus para nós e para os outros!  Oxalá pudéssemos saber exatamente o que Deus quer de nós em todos os momentos e com absoluta clareza! Oxalá Deus falasse a todos através da transfiguração da luz ou da fumaça!
Claro que, para a maioria de nós, isso não acontece. Como estes tipos de comunicação não estão disponíveis para nós, podemos perguntar: como discernir a vontade de Deus para nós?  Francisco de Sales sugere algumas coisas que podem ajudar-nos a discernir a vontade de Deus em nossas vidas.... e como esta vontade interfere nas nossas relações com os outros.
Primeiro, ter em consideração os Dez Mandamentos e outras dicas que são encontradas nas Escrituras. Considerar a tradição, os ensinamentos, as práticas e a autoridade da Igreja. Prestar atenção para as obrigações e responsabilidades que nos acompanham no estado e no momento em que nos encontramos. Por exemplo, se você é casado, está trabalhando e criando uma família, a vontade de Deus para vocês seria incluir coisas como ir à missa, honrar pai e mãe, cultivar suas relações como esposos, atender as necessidades e ensinar seus filhos a fazer suas tarefas de modo gentil, justo e ético, equilibrando as exigências do trabalho, do lazer, da casa, do escritório, etc., etc.
Em segundo lugar, observar as circunstâncias, as situações e as relações encontradas em cada dia, cada hora, cada momento. Prestar atenção às demandas e necessidades dos outros, pois podem ser expressões da vontade de Deus para você.
Terceiro, aprofundar a sua capacidade de ouvir. Prestar atenção não só ao que está acontecendo ao seu redor, mas também para o que está acontecendo dentro de você. Aprender a identificar e filtrar a estática externa e interna em sua vida. A oração e a participação na vida litúrgica/sacramental da Igreja são dois aliados muito poderosos neste esforço.
Quarta, desenvolver e nutrir amizades espirituais. Assim como a vontade de Deus nunca se expressa num lugar totalmente isolado de tudo, não tente entender tudo sozinho. Ouvir conselhos de amigos verdadeiros, quando estão tentando descobrir o que Deus quer que você faça numa determinada situação.
Finalmente, ser paciente. Confie no amor de Deus para com você. Mesmo quando as revelações de Deus são inconfundíveis, muitas são mais sutis e são reveladas pouco a pouco: verdadeiramente, podem durar toda uma vida.

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

Dos escritos de São Francisco de Sales

Nas leituras de hoje, o Pacto de Abraão e da Transfiguração revelam o quanto Deus quer o nosso amor, e, através deste, nos conceder a glória eterna. São Francisco de Sales acrescenta: "Quando Deus falou com Abraão e prometeu-lhe descendentes tão numerosos como as estrelas do céu, Abraão contava apenas com a palavra de Deus, que lhe dava a certeza de que assim aconteceria. Deus também nos fala através das inspirações, e estas revelam os mistérios da fé."
É através da fé que chegamos a conhecer a Palavra de Deus. Devagar e com cuidado, Ele vai fortalecendo, através do amor divino, os corações que aceitam suas inspirações. Estas primeiras percepções do amor de Deus são derramadas em nós pelo Espírito Santo. Mesmo assim, esses primeiros movimentos do amor só representam a aurora da fé. Eles são como os brotos verdes da primavera. A fé começa com um amor para as coisas de Deus. A fé mostra-nos que temos incutido em nós uma inclinação natural e sagrada, a amar a Deus acima de todas as coisas. Não há outro amor que possa satisfazer esse desejo.
Embora todos podemos rejeitar a inspiração divina, não podemos impedir que Deus nos inspire. As inspirações são favores que Deus faz muito antes de as percebermos. Deus nos desperta quando estamos dormindo. Mas depende de nós levantarmos-nos ou não. Ele não irá nos despertar sem a nossa cooperação. Temos que dar o nosso consentimento ao chamado de Deus, por que ele sempre respeita a nossa liberdade. Deus não nos tem como escravos, apenas como amigos. É por isso que nosso Salvador nunca nos abandona. Somos nós que o abandonamos.
Nossa confissão de fé é o ato de escolher amar e servir a Deus como servos fiéis. Simplesmente e fielmente percorra o caminho que Deus tem preparado para você, e ande com confiança. Esteja em paz, que o nosso Salvador, que mostra a sua glória, tomou sua mão e o encaminhou rumo à glória eterna.
(Adaptado dos escritos de São Francisco de Sales)

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