sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Reflexão Salesiana para o domingo de Cristo Rei – 20 de novembro de 2011


                                                                                               Foto: Tarcizio Paulo Odelli - Recanto Champagnat - Florianópolis

Apesar de sua popularidade dentro da Igreja, a celebração de Cristo Rei somente foi incluída no calendário litúrgico em 1925. São Francisco de Sales nos fala um pouco mais de Cristo Rei:

Jesus, o rei, foi chamado a tornar-se nosso Salvador. Ele desejou que outros, particularmente sua santa Mãe pudessem partilhar a glória que encerra esta liderança. Nossa Senhora Bendita nos pede que acolhamos seu filho como rei de nossos corações, para que, deste modo, Ele possa reinar em nós. Seus mandamentos são bons e muito úteis, pois traz a bondade as pessoas que de outra forma careceriam dela e incrementa a bondade naqueles que continuarão fazendo o bem.

É por isso que Jesus fez com que a bondade de Deus predominasse acima da maldade. O reinado de Deus se torna realmente beneficiador quando leva em conta nossas misérias e as faz merecedoras do amor divino. Quando o Espírito Santo transborda o amor divino em nossos corações, não somente recobramos nossa saúde, mas também recebemos o poder necessário para participar na obra de nosso Salvador: propagar o amor e o cuidado de Deus entre todos aqueles que se encontram ao nosso redor.

Dado que o Senhor nos salvou a todos por igual e que Ele deseja que todos contribuam para difundir o conhecimento do Seu Reino, devemos amar nos outros tudo aquilo que, do nosso ponto de vista, equivale a uma representação genuína da sagrada pessoa de nosso Amo. Não devemos amar nada no nosso próximo que seja contrário a esta imagem sagrada. Caminhemos, então, da mesma forma que fez Jesus Cristo. Ele entregou sua vida não somente para curar os enfermos, para realizar milagres, mas para ensinar-nos os passos que devemos seguir para levar uma vida humana de modo divino. Ele também nos ensinou como entregar nossa vida, com tanto amor como Ele mesmo o fez, por aqueles que possam chegar a nos tirar.

Que felizes somos quando escolhemos Jesus como nosso líder, aquele que nos dá uma paz e uma calma sem igual se nos decidimos a segui-lo. Oxalá permaneçamos fieis aos desejos de nosso Rei, para que assim possamos começar nesta vida a obra que, com o valor do amor de Deus continuaremos eternamente no céu: viver na glória com Jesus, aquele que por ter vencido o mal por meio do bem, comprovou que Ele é o verdadeiro Rei.

(Adaptação dos escritos de São Francisco de Sales, particularmente os Sermões, L. Fiorelli, Edições)

Perspectiva Salesiana

Destaque: “Quanto a vós, minhas ovelhas – assim diz o Senhor Deus -, eu farei justiça entre uma ovelha e outra, entre carneiros e bodes”. (Ez 34, 17)

Esta frase em algum sentido de finalidade?

São Francisco de Sales escreveu: “Considerem esta última frase dita aos malvados: ‘afastem-se de mim, malditos, ide para o fogo eterno que foi preparado pelo demônio e para seus anjos’. Arranjem tempo para compreender o peso destas palavras. Ide, disse ele. É uma palavra de abandono eterno que Deus pronuncia diante das almas infelizes, e através dela ele os expulsa e os afasta de sua vista para sempre. Ele os chama de malditos... considerem ao contrário a frase que ele diz para os bons. Venham, diz o Juiz. Ah, esta é a doce palavra da salvação através da qual Deus nos aproxima dele e nos recebe no leito de sua bondade... Oh, bem-vinda esta bênção que inclui todas as bênçãos!” (Introdução à vida devota, parte 1, cap. 14).

A parábola do Evangelho de hoje é muito clara: haverá um juízo final. Também fica muito claro que o bom e o mau não souberam reconhecer como as sementes deste juízo final foram plantadas em suas interações de cada dia com os outros. Ao reler o texto vemos que ambos os grupos fizeram a mesma pergunta, “quando foi que te vimos... quando te demos boas vindas... quando te visitamos... quando te servimos?”  Quase até a chegada do último dia os dois grupos fracassaram na hora de entender a natureza intima da relação entre o juízo de Deus para conosco e nossas relações com os demais. Em particular, os dois grupos fracassaram na hora de reconhecer a conexão entre o amor de Deus e o cumprimento dos atos de amor simples e ordinários com os outros.

Esta parábola nos desafia a reconhecer que o juízo final não é um evento de uma só vez: aos olhos de Deus que julga com verdadeira justiça, este juízo é contínuo, é um evento de cada dia. Deus está extremadamente interessado em julgar como nós devemos usar cada momento de nossas vidas e não simplesmente no último.

Porém, ao mesmo tempo em que esta parábola fala tão extensivamente do juízo de Deus também tem muito a dizer sobre nosso próprio juízo. No fim, o juízo final causa impacto pelo modo de juízo que nós usamos quando nos relacionamos com os outros no dia a dia, e durante os eventos, as circunstâncias, as responsabilidades e as demandas únicas e exclusivas, assim como nas coisas mais ordinárias da vida.

O que dizem nossos afetos, nossas atitudes e ações para com os outros em relação a este juízo final? Como vivemos nesta terra nossas vidas naquilo que será a eternidade?

Sejam vocês os juízes.

Texto: P. Michael S. Murray, OSFS – Diretor do Centro Espiritual de Sales
Tradução do espanhol: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

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