Foto: Tarcizio Paulo Odelli - Recanto Champagnat - Florianópolis
Apesar de sua popularidade dentro da Igreja, a celebração de
Cristo Rei somente foi incluída no calendário litúrgico em 1925. São Francisco
de Sales nos fala um pouco mais de Cristo Rei:
Jesus, o rei, foi chamado a tornar-se nosso Salvador. Ele
desejou que outros, particularmente sua santa Mãe pudessem partilhar a glória
que encerra esta liderança. Nossa Senhora Bendita nos pede que acolhamos seu
filho como rei de nossos corações, para que, deste modo, Ele possa reinar em
nós. Seus mandamentos são bons e muito úteis, pois traz a bondade as pessoas
que de outra forma careceriam dela e incrementa a bondade naqueles que continuarão
fazendo o bem.
É por isso que Jesus fez com que a bondade de Deus
predominasse acima da maldade. O reinado de Deus se torna realmente beneficiador
quando leva em conta nossas misérias e as faz merecedoras do amor divino.
Quando o Espírito Santo transborda o amor divino em nossos corações, não
somente recobramos nossa saúde, mas também recebemos o poder necessário para
participar na obra de nosso Salvador: propagar o amor e o cuidado de Deus entre
todos aqueles que se encontram ao nosso redor.
Dado que o Senhor nos salvou a todos por igual e que Ele
deseja que todos contribuam para difundir o conhecimento do Seu Reino, devemos
amar nos outros tudo aquilo que, do nosso ponto de vista, equivale a uma
representação genuína da sagrada pessoa de nosso Amo. Não devemos amar nada no
nosso próximo que seja contrário a esta imagem sagrada. Caminhemos, então, da
mesma forma que fez Jesus Cristo. Ele entregou sua vida não somente para curar
os enfermos, para realizar milagres, mas para ensinar-nos os passos que devemos
seguir para levar uma vida humana de modo divino. Ele também nos ensinou como
entregar nossa vida, com tanto amor como Ele mesmo o fez, por aqueles que
possam chegar a nos tirar.
Que felizes somos quando escolhemos Jesus como nosso líder,
aquele que nos dá uma paz e uma calma sem igual se nos decidimos a segui-lo.
Oxalá permaneçamos fieis aos desejos de nosso Rei, para que assim possamos
começar nesta vida a obra que, com o valor do amor de Deus continuaremos
eternamente no céu: viver na glória com Jesus, aquele que por ter vencido o mal
por meio do bem, comprovou que Ele é o verdadeiro Rei.
(Adaptação dos escritos de São Francisco de Sales,
particularmente os Sermões, L. Fiorelli, Edições)
Perspectiva Salesiana
Destaque: “Quanto a vós, minhas ovelhas – assim diz o Senhor
Deus -, eu farei justiça entre uma ovelha e outra, entre carneiros e bodes”.
(Ez 34, 17)
Esta frase em algum sentido de finalidade?
São Francisco de Sales escreveu: “Considerem esta última
frase dita aos malvados: ‘afastem-se de mim, malditos, ide para o fogo eterno
que foi preparado pelo demônio e para seus anjos’. Arranjem tempo para
compreender o peso destas palavras. Ide, disse ele. É uma palavra de abandono
eterno que Deus pronuncia diante das almas infelizes, e através dela ele os
expulsa e os afasta de sua vista para sempre. Ele os chama de malditos...
considerem ao contrário a frase que ele diz para os bons. Venham, diz o Juiz.
Ah, esta é a doce palavra da salvação através da qual Deus nos aproxima dele e
nos recebe no leito de sua bondade... Oh, bem-vinda esta bênção que inclui
todas as bênçãos!” (Introdução à vida devota, parte 1, cap. 14).
A parábola do Evangelho de hoje é muito clara: haverá um
juízo final. Também fica muito claro que o bom e o mau não souberam reconhecer
como as sementes deste juízo final foram plantadas em suas interações de cada
dia com os outros. Ao reler o texto vemos que ambos os grupos fizeram a mesma
pergunta, “quando foi que te vimos... quando te demos boas vindas... quando te
visitamos... quando te servimos?” Quase
até a chegada do último dia os dois grupos fracassaram na hora de entender a
natureza intima da relação entre o juízo de Deus para conosco e nossas relações
com os demais. Em particular, os dois grupos fracassaram na hora de reconhecer
a conexão entre o amor de Deus e o cumprimento dos atos de amor simples e ordinários
com os outros.
Esta parábola nos desafia a reconhecer que o juízo final não
é um evento de uma só vez: aos olhos de Deus que julga com verdadeira justiça,
este juízo é contínuo, é um evento de cada dia. Deus está extremadamente
interessado em julgar como nós devemos usar cada momento de nossas vidas e não
simplesmente no último.
Porém, ao mesmo tempo em que esta parábola fala tão
extensivamente do juízo de Deus também tem muito a dizer sobre nosso próprio
juízo. No fim, o juízo final causa impacto pelo modo de juízo que nós usamos
quando nos relacionamos com os outros no dia a dia, e durante os eventos, as circunstâncias,
as responsabilidades e as demandas únicas e exclusivas, assim como nas coisas mais
ordinárias da vida.
O que dizem nossos afetos, nossas atitudes e ações para com os
outros em relação a este juízo final? Como vivemos nesta terra nossas vidas naquilo
que será a eternidade?
Sejam vocês os juízes.
Texto: P. Michael S. Murray, OSFS – Diretor do Centro
Espiritual de Sales
Tradução do espanhol: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB
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