sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Reflexão Salesiana para o Primeiro domingo do Advento – Ano B – 27 de novembro de 2011


Hoje é o primeiro domingo do Advento. As leituras de hoje nos recordam que devemos estar conscientes da necessidade da presença de Cristo, que nos dá forças até o fim dos tempos. São Francisco de Sales enfatiza constantemente a importância de viver em Jesus para conseguir ser plenamente humanos. Mas, viver em Jesus é um chamado ao espírito da liberdade. Numa carta a Joana de Chantal, São Francisco escreve o seguinte:

A vontade de Deus é clara quanto aos mandamentos e as tarefas associadas a nossa vocação. No entanto, existem muitas outras coisas que eu não estou obrigado a fazer, nem por ordem dos mandamentos gerais de Deus nem como parte das tarefas correspondentes a minha vocação. Nestas coisas é necessário considerar com muito cuidado, na liberdade do espírito, quais  tipos de ação servirão para glorificar mais a Deus. Disse “na liberdade do espírito”, já que esta decisão deve ser tomada quando estamos livres da pressão ou da inquietude. Se não for um assunto de grande importância, então não devemos investir demasiada preocupação nele, senão decidir depois de pensar um pouco. E se depois de ter atuado ou de ter tomado a decisão, parece que não foi a mais acertada, de modo nenhum irei estressar-me por isso. Melhor, devo confiar em Deus e rir de mim mesmo.

Façam tudo por meio do amor, nada por obrigação. Demonstrem mais amor pela obediência do que temor pela desobediência. Eu quero que vocês gozem do tipo de liberdade de espírito que descarta os obstáculos, os escrúpulos e a ansiedade e não o tipo de espírito que exclui a obediência (já que esta é a liberdade da carne). Se realmente amam a obediência e a bondade, quero pensar que, quando aparecer uma causa realmente legítima e caritativa que os levem a afastarem-se de seus exercícios religiosos, esta represente para vocês outro tipo de obediência... e que seu amor compensaria qualquer coisa que devam omitir durante suas práticas religiosas. A liberdade sagrada deve reinar em todas as coisas, e nós não devemos cumprir nenhuma outra lei, ou ceder ante qualquer tipo de coerção que não seja o amor. Se for o amor que nos incita a fazer algo, seja pelo pobre ou pelo rico, tudo sairá bem e de qualquer modo agradará a Nosso Senhor.

Perspectiva Salesiana

Destaque: A expectativa cheia de esperança!”

Para São Francisco de Sales a celebração do tempo do Advento era o ponto máximo do ano litúrgico. Ele ficava encantado ao celebrar o tempo do Advento porque o experimentava como um tempo de “expectativa cheia de esperança”. Para Sales a importância deste tempo estava no encontro único que acontece entre o Deus amoroso e a sua criação. O Advento é um tempo que está cheio de expectativa e por isso está também cheio de compreensão e de oportunidades. É um tempo para imaginar tudo aquilo que é possível neste mundo sem fronteiras que é a interação pessoal com um Deus amoroso.

Na leitura do Evangelho deste primeiro domingo do Advento, Jesus chama seus discípulos para que “estejam vigilantes”, que estejam alertas!” A expectativa é um estado que transporta a mente de um extremo ao outro do espectro: pode-nos levar da maravilha e da esperança para o desespero e o medo. Quem de nós não experimentou este sentimento de antecipação que precede a uma conquista significativa como uma formatura, ou um casamento, ou quem não experimentou o medo e a preocupação produzida por ter que submeter-se a uma cirurgia ou a perda de um trabalho?

Ao mesmo tempo em que nos mantemos atentos, é necessário que tenhamos a habilidade de ver o Senhor quando e onde Ele se manifesta. À medida que nos preparamos para a vinda do Filho de Deus, existe certa urgência que requer nossa atenção e vigilância. O Evangelho reflete sobre a importância de estarmos preparados para receber e experimentar o amor divino. Ao nos prepararmos para a chegada de Jesus, precisamos tirar um tempo para poder estar em silêncio, para ouvir e para perceber Sua presença em nossa vida. Sales nos recorda que podemos encontrar a Deus nas coisas simples. Não existe necessidade de multiplicarmos nossas tarefas para podermos alcançar a “quietude”, pelo contrário, o único necessário é que reconheçamos que Deus se encontra conosco em cada momento presente.

Francisco acreditava que a Encarnação é o resultado inevitável da ação criada pelo Pai, já que a criação chega a sua conclusão na pessoa de Jesus. Tal entendimento não contradiz a formidável oportunidade que nos foi dada livremente por um Deus amoroso, para que cada um de nós possa encontrar-se com o nosso Criador na pessoa do seu Filho. Nós vivemos no meio da esperança, não no meio do medo.

Agora começa este tempo do Advento e temos a oportunidade, mais uma vez, de recordar quem somos da parte de quem viemos e as oportunidades que podem chegar a definir nossas vidas nesta relação única e pessoal que se faz disponível para nós em Jesus Cristo.

Estes encontros se apresentam diariamente em nossas vidas, através das coisas comuns e mais corriqueiras onde encontramos a oportunidade para experimentar o extraordinário. Porém, isso somente acontecerá, se tivermos a vontade de abrir nossos braços cheios de fé, de esperança e de expectativa, para o Deus amoroso que se aproxima de nós cada dia, com tantas e tão simples maneiras. A “expectativa cheia de alegria” que tanto emocionava Francisco de Sales está em nós neste dia, acha-se em nossos encontros pessoais com nossos irmãos e irmãs e em nosso mundo de descobrimentos que nos apresenta novas oportunidades para experimentar a salvação. A alegre expectativa que nos produz a presença de Deus se encontra ao nosso redor. Somente necessitamos a coragem para estender os nossos braços e acolhê-la.

Joseph Morrissey, OSFS – Vive e trabalha em Wilmington, Delaware
Tradução do espanhol: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Reflexão Salesiana para o domingo de Cristo Rei – 20 de novembro de 2011


                                                                                               Foto: Tarcizio Paulo Odelli - Recanto Champagnat - Florianópolis

Apesar de sua popularidade dentro da Igreja, a celebração de Cristo Rei somente foi incluída no calendário litúrgico em 1925. São Francisco de Sales nos fala um pouco mais de Cristo Rei:

Jesus, o rei, foi chamado a tornar-se nosso Salvador. Ele desejou que outros, particularmente sua santa Mãe pudessem partilhar a glória que encerra esta liderança. Nossa Senhora Bendita nos pede que acolhamos seu filho como rei de nossos corações, para que, deste modo, Ele possa reinar em nós. Seus mandamentos são bons e muito úteis, pois traz a bondade as pessoas que de outra forma careceriam dela e incrementa a bondade naqueles que continuarão fazendo o bem.

É por isso que Jesus fez com que a bondade de Deus predominasse acima da maldade. O reinado de Deus se torna realmente beneficiador quando leva em conta nossas misérias e as faz merecedoras do amor divino. Quando o Espírito Santo transborda o amor divino em nossos corações, não somente recobramos nossa saúde, mas também recebemos o poder necessário para participar na obra de nosso Salvador: propagar o amor e o cuidado de Deus entre todos aqueles que se encontram ao nosso redor.

Dado que o Senhor nos salvou a todos por igual e que Ele deseja que todos contribuam para difundir o conhecimento do Seu Reino, devemos amar nos outros tudo aquilo que, do nosso ponto de vista, equivale a uma representação genuína da sagrada pessoa de nosso Amo. Não devemos amar nada no nosso próximo que seja contrário a esta imagem sagrada. Caminhemos, então, da mesma forma que fez Jesus Cristo. Ele entregou sua vida não somente para curar os enfermos, para realizar milagres, mas para ensinar-nos os passos que devemos seguir para levar uma vida humana de modo divino. Ele também nos ensinou como entregar nossa vida, com tanto amor como Ele mesmo o fez, por aqueles que possam chegar a nos tirar.

Que felizes somos quando escolhemos Jesus como nosso líder, aquele que nos dá uma paz e uma calma sem igual se nos decidimos a segui-lo. Oxalá permaneçamos fieis aos desejos de nosso Rei, para que assim possamos começar nesta vida a obra que, com o valor do amor de Deus continuaremos eternamente no céu: viver na glória com Jesus, aquele que por ter vencido o mal por meio do bem, comprovou que Ele é o verdadeiro Rei.

(Adaptação dos escritos de São Francisco de Sales, particularmente os Sermões, L. Fiorelli, Edições)

Perspectiva Salesiana

Destaque: “Quanto a vós, minhas ovelhas – assim diz o Senhor Deus -, eu farei justiça entre uma ovelha e outra, entre carneiros e bodes”. (Ez 34, 17)

Esta frase em algum sentido de finalidade?

São Francisco de Sales escreveu: “Considerem esta última frase dita aos malvados: ‘afastem-se de mim, malditos, ide para o fogo eterno que foi preparado pelo demônio e para seus anjos’. Arranjem tempo para compreender o peso destas palavras. Ide, disse ele. É uma palavra de abandono eterno que Deus pronuncia diante das almas infelizes, e através dela ele os expulsa e os afasta de sua vista para sempre. Ele os chama de malditos... considerem ao contrário a frase que ele diz para os bons. Venham, diz o Juiz. Ah, esta é a doce palavra da salvação através da qual Deus nos aproxima dele e nos recebe no leito de sua bondade... Oh, bem-vinda esta bênção que inclui todas as bênçãos!” (Introdução à vida devota, parte 1, cap. 14).

A parábola do Evangelho de hoje é muito clara: haverá um juízo final. Também fica muito claro que o bom e o mau não souberam reconhecer como as sementes deste juízo final foram plantadas em suas interações de cada dia com os outros. Ao reler o texto vemos que ambos os grupos fizeram a mesma pergunta, “quando foi que te vimos... quando te demos boas vindas... quando te visitamos... quando te servimos?”  Quase até a chegada do último dia os dois grupos fracassaram na hora de entender a natureza intima da relação entre o juízo de Deus para conosco e nossas relações com os demais. Em particular, os dois grupos fracassaram na hora de reconhecer a conexão entre o amor de Deus e o cumprimento dos atos de amor simples e ordinários com os outros.

Esta parábola nos desafia a reconhecer que o juízo final não é um evento de uma só vez: aos olhos de Deus que julga com verdadeira justiça, este juízo é contínuo, é um evento de cada dia. Deus está extremadamente interessado em julgar como nós devemos usar cada momento de nossas vidas e não simplesmente no último.

Porém, ao mesmo tempo em que esta parábola fala tão extensivamente do juízo de Deus também tem muito a dizer sobre nosso próprio juízo. No fim, o juízo final causa impacto pelo modo de juízo que nós usamos quando nos relacionamos com os outros no dia a dia, e durante os eventos, as circunstâncias, as responsabilidades e as demandas únicas e exclusivas, assim como nas coisas mais ordinárias da vida.

O que dizem nossos afetos, nossas atitudes e ações para com os outros em relação a este juízo final? Como vivemos nesta terra nossas vidas naquilo que será a eternidade?

Sejam vocês os juízes.

Texto: P. Michael S. Murray, OSFS – Diretor do Centro Espiritual de Sales
Tradução do espanhol: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Reflexão Salesiana para o 33º domingo do tempo comum – 13 de novembro de 2011


No Evangelho de hoje Jesus nos diz que é igualmente importante e útil servi-lo fielmente, fazendo uso de um ou de vários talentos. Eis aqui alguns pensamentos da tradição salesiana a respeito do uso dos nossos talentos:

Qual foi o erro do servo que enterrou seu único talento? Desperdiçou demasiado tempo avaliando sua capacidade de fazer o trabalho que realizava para seu amo. Gastou tempo pensando em todas as outras atitudes que lhe faziam falta, e isto se converteu num obstáculo para que pudesse cumprir fielmente as tarefas que lhe tinham sido designadas. Aferrou-se num falso sentimento de segurança. Sentia medo do risco que implica assumir uma viagem espiritual.

Colocar nossos talentos a serviço de Deus implica que devemos ser pacientes com os outros, mas, antes de tudo, conosco mesmos. Como aconteceu com a maioria dos santos, levaremos anos para livrar-nos dos nossos desejos egoístas, incluindo nossa ambição de conseguir uma falsa segurança. Mesmo assim, gradualmente, iremos deixando nossos afetos desordenados e nos iremos abrindo aquilo que Deus deseja de nós. Então seremos livres para realizar nossas atividades diárias com a plena confiança de que estamos cumprindo a vontade de Deus. Nossa verdadeira segurança, nossa verdadeira felicidade se encontra em Deus, que nos dá todo o necessário para que possamos estabelecer seu reino em todas as nossas tarefas diárias.

Jesus nos diz que ao realizar o trabalho de Deus, mesmo possuindo um único talento, ele é tão importante e útil quanto aquele que possue vários. As abelhas são um bom exemplo disto. Umas se dedicam a recolher o mel, outras cuidam da colmeia e outras a mantém limpa. No entanto, todas se alimentam do mesmo mel. Nós também, tanto os fortes como os fracos, trabalhemos juntos em Cristo. Os servos fiéis fazem tudo o que sabem para agradar a Deus, que preenche o vazio que eles sentem. Através de suas obras diárias eles deixam entrever seu potencial para unirem-se a Ele. Eles reconhecem que Deus rege cada uma de suas atividades que realizam no dia a dia. Bem-aventurados são aqueles que fazem uso de seus talentos para implantar o amor de Deus ao seu redor. Ele jamais lhes permitirá serem improdutivos! Não importa se podem fazer somente o mínimo por Deus, Ele os cobrirá de bênçãos nesta vida e na próxima.

(Adaptação dos escritos de São Francisco de Sales)

Perspectiva Salesiana

Destaque: “Muito bem, servo bom e fiel! Como foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da minha alegria!”

Esta frase tem um sentido de finalidade, não é verdade?

Se não tem, deveria.

São Francisco de Sales escreveu: “Considera a majestade com que o soberano juiz há de aparecer em seu tribunal, cercado de anjos e santos e tendo diante de si, mais brilhante que o sol, a cruz, como sinal de graça para os bons e de vingança para os maus. À vista deste sinal e por determinação de Jesus Cristo, separar-se-ão os homens em duas partes: uns se acharão à sua direita e serão os predestinados; outros à sua esquerda e serão os condenados. Separação eterna! Jamais se encontrarão de novo juntos. Então se abrirão os livros misteriosos das consciências: nada ficará oculto. Clara e distintamente há de ver-se nos corações duns e doutros tudo o que fizeram de bom e de mau – as afrontas a Deus e a fidelidade a suas graças, os pecados e a penitência. Ó Deus, que confusão duma parte e que consolação de outra”. (Introdução à Vida Devota, Parte I, cap. 14).

Na próxima vida, nada ficará oculto. E nesta vida existem coisas particulares que nunca deveriam ser ocultas. São elas: os dons, as habilidades, os talentos, as artes e as graças que Deus nos deu.

O Evangelho de hoje nos adverte de modo severo e rigoroso: não devemos devolver os dons que Deus nos deu e que não utilizamos (não importa se são pequenos ou grandes).

Nunca duvidem de que investir estes dons nas vidas dos outros requer não somente nossa boa disposição, mas também implica riscos. Existem poucas garantias nesta vida. Não podemos estar seguros de como vamos poder utilizar estes dons algum dia, ou se os poderemos usar de uma boa maneira, ou se nossos dons são ou não são apreciados, honrados, aceitos ou bem-vindos pelos outros. Mesmo assim, devemos esmerar-nos para sermos prudentes, para ter o cuidado, e para fazer bom uso do tempo que Deus nos deu e dos talentos e tesouros com que ele nos dotou. E como parte deste esforço devemos levar em conta os riscos que assumimos quando partilhamos o que somos com os outros e que estes riscos não devem ser assumidos rapidamente nem de forma imprudente.

Mesmo assim não importa quanto arriscado seja escolher, acolher ou investir nossos dons. Nunca devemos permitir que as ansiedades do mundo incerto nos tentem e nos levem a fazer o impensável, a enterrar nosso talento. Atuar como se não possuíssemos nada com que honrar a Deus, ou como servir as necessidades dos outros, é muito pior do que qualquer erro que possamos chegar a cometer em qualquer dia em que façamos um uso normal de nossas habilidades.

Concluindo, o mais seguro é que iremos cometer erros ao fazer bom uso das graças que Deus nos deu. Porém, não existe erro maior do que viver nossas vidas como se não tivéssemos nenhum dom para colocar a serviço de Deus e dos outros. Não existe nenhum erro pior do que enterrar os dons que temos: nada pior que escondê-los à luz do dia.

Quando tiverem dúvidas mantenham à vista os talentos, por vocês, por Deus e pelos outros, para que eles os vejam. E neste processo, partilhem da alegria de seu Amo... hoje!

Texto: P. Michael S. Murray, OSFS – Diretor do Centro Espiritual de Sales
Tradução do espanhol: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Reflexão Salesiana para o domingo de Todos os Santos – 06 de novembro de 2011


Destaque: “Esses são os que vieram da grande tribulação. Lavaram e alvejaram as suas roupas no sangue do Cordeiro”.

Perspectiva Salesiana

“Unamos nossos corações aos espíritos celestiais e a estas almas benditas. Assim como os filhotes dos rouxinóis aprendem a cantar com os grandes, nós aprenderemos também, por esta união com os santos, a melhor maneira de orar e de honrar a Deus”. (IVD II, cap. 16)

Estamos nos apoiando nos ombros de gigantes. Durante os últimos dois mil anos, incontáveis homens, mulheres e crianças de muitas épocas, lugares e culturas viveram suas vidas a serviço da Boa Nova de Jesus Cristo. Dentre todos estes, um grupo menor de pessoas ganharam a distinção de chegar a serem conhecidos como “santos”.

Estas são pessoas reais a quem nós buscamos para que nos deem exemplo. Estas são pessoas reais a quem nós buscamos para que nos inspirem. Estas são pessoas reais a quem nós buscamos para que nos deem ânimo e nos encham de graça.

Estes santos – estas pessoas reais – traçaram o caminho para nós, para aprendermos a viver e a proclamar o Evangelho. O nosso desafio será seguir seu exemplo de forma que se encaixem com a condição e o momento em que nossas vidas se encontram.

No caso de não se terem dado conta, somos também chamados a viver na santidade – uma vida centrada em Deus, uma vida de entrega – nos mesmos lugares onde vivemos, onde amamos, onde trabalhamos e onde atuamos cada dia. Francisco de Sales escreveu: “observem o exemplo que nos dão os santos em cada um dos caminhos da vida. Não existe nada que eles não tenham feito para amar a Deus e para serem os seguidores devotos de Deus... por que, então, não deveríamos fazer o mesmo de acordo com nossa condição e vocação na vida para manter o nosso propósito e resolução de pertencer só a Deus?” (IVD V, cap. 12)

Que significa ser santo? Surpreendentemente é algo mais simples e prático de conseguir do que pensamos. Francisco de Sales observou: “Devemos amar tudo o que Deus ama e Deus ama nossa vocação. Assim amemos nossa vocação também e não gastemos energia desejando uma vida diferente. Porém, devemos continuar com nosso trabalho. Sejam Marta da mesma forma que Maria, fiquem alegres e cumpram fielmente aquilo que foram chamados a fazer...” (Stopp, Cartas Seletas, pag. 61)

Aos olhos de São Francisco de Sales, a santidade se mede através da nossa vontade e habilidade para acolher a condição e a etapa onde se encontram nossas vidas. Os santos são pessoas que assumiram suas vidas em profundidade e assim a viveram, em vez de perder tempo desejando ou esperando uma oportunidade para viver a vida de outra pessoa. A santidade é determinada pela nossa vontade de acolher a vontade de Deus da forma em que esta se manifesta nos altos e baixos da vida diária.

Como somos chamados a sermos santos hoje?

Texto: Padre Michael S. Murray, OSFS é o Diretor do Centro Espiritual de Sales
Tradução do espanhol: P. Tarcizio Paulo Odelli – SDB

Apresento outro texto de São Francisco sobre a santidade: “Mantenha o seu espírito orientado pelos caminhos gloriosos da Jerusalém celeste, onde, por toda parte, ressoam os louvores de Deus. Olhe aquela diversidade de Santos e pergunte-lhes como chegaram ali. Aprenderá que os Apóstolos foram especialmente pelo amor; os Mártires pela constância; os Doutores pela meditação; os Confessores pela mortificação; as Virgens pela pureza de coração e todos, em geral, pela humildade”. (Cartas 1715; O.C. XIX pp. 360-361)

Observação: Dom Bosco dizia aos seus jovens que bastava fazer duas coisas para serem santos:
- estar sempre alegres
- cumprir os próprios deveres
Vejam que Dom Bosco conhecia este trecho da carta de São Francisco de Sales citada acima (Stopp, Cartas Seletas, pag. 61), onde ele diz exatamente a mesma coisa. 

terça-feira, 1 de novembro de 2011

São Francisco de Sales, um sábio e um santo



O Sr. João Azevedo Mendes, das Edições Tenacitas de Coimbra, em Portugal me presenteou esta maravilhosa biografia de São Francisco de Sales, um sábio e um santo, considerada uma das melhores que existem. Prometi a ele que iria tratar disso aqui neste blog. O P. André Ravier é Jesuíta (1905-1999). Foi um importante estudioso da hagiografia e da espiritualidade católica. Na apresentação deste livro, ele diz o seguinte:
"Bispo de uma diocese dilacerada pelo cisma de Calvino e arrasada pela "gente de Genebra", da Sabóia ou da França: diplomata, pastor, orientador de almas; fundador de uma das mais conhecidas ordens religiosas contemplativas, a Visitação; autor de livros que ainda hoje são best-sellers, como a Introdução à Vida Devota e o Tratado do Amor de Deus; figura cimeira da espiritualidade cristã, contado entre os "Doutores da Igreja", padroeiro dos jornalistas... Como se poderá resumir numa biografia uma personalidade de facetas tão diversas? Tanto mais que Francisco de Sales viveu numa época de mudanças: entre o catolicismo europeu anterior à Reforma e as fraturas do protestantismo, entre a Renascença e a época clássica, entre a Igreja da Idade Média e a Igreja do Concílio de Trento... Que abundância de acontecimentos e de aventuras numa só existência".
Quero aproveitar para agradecer ao Sr. João Azevedo Mendes e às Edições Tenacitas pelo belo presente! 
Muito Obrigado! Abaixo coloco o endereço desta Editora.

www.tenacitas.pt
Edições Tenacitas
Rua Bartolomeu Dias, 23
3030-041 Coimbra
Portugal
Telefone: (00351) 239712865
Fax: (00351)  239403210