Destaque: "Amarás o Senhor
teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma e com toda tua mente... e
amarás o próximo como a ti mesmo."
Perspectiva Salesiana
Francisco Sales
foi o autor do Tratado do Amor de Deus e tencionava escrever um livro sobre o
amor ao próximo, mas morreu antes disso. O que é comum entre o amor a Deus
e o amor ao próximo é a caridade. A caridade foi, e é, na mente e no
coração de Francisco de Sales, a virtude de todas as virtudes. Somos
chamados a amar nosso Deus como nós amamos o nosso próximo, e somos chamados a
amar o nosso próximo como amamos a Deus.
Escusado será
dizer que Francisco de Sales tem muito a compartilhar conosco sobre a natureza
e a prática da caridade.
"Assim
como Deus criou o homem à sua imagem e semelhança, da mesma forma ordenou para
nós um amor à imagem e semelhança do amor que é devido à sua divindade... Por
que amamos a Deus? A razão pela qual amamos a Deus é Deus mesmo... Por que
amamos uns aos outros na caridade? Certamente é porque fomos feitos à imagem e
semelhança de Deus... como todas as pessoas tem a mesma dignidade, nós também as
amamos como amamos a nós mesmos, isto é, em sua condição de santidade e de serem
imagens da divindade viva... A mesma caridade que produz atos de amor a Deus
também produz atos de amor ao nosso próximo... amar o nosso próximo na caridade
é amar a Deus nos outros e os outros em Deus."(Tratado do Amor de
Deus , livro 10, capítulo 11)
Para São Francisco
de Sales, o amor de Deus e o amor ao próximo não são duas experiências
diferentes, mas são duas expressões de uma mesma realidade, dois lados, como se
eles fossem da mesma moeda. (Lembre-se o mandamento de Jesus no Evangelho
do domingo passado "dar a César o que é de César e a Deus o que é de
Deus").
"O grande
Santo Agostinho escreveu que a caridade inclui todas as virtudes e opera de todas
maneiras em vocês", escreveu São Francisco de Sales. "Estas são
as suas palavras: 'que se diz que a virtude é dividida em quatro' - ele quer
dizer as quatro virtudes cardeais - 'em minha opinião, se diz por causa dos diferentes
afetos que vêm do amor. Pois bem, eu não tenho nenhuma dúvida quando se
trata de definir essas quatro virtudes da seguinte forma: a temperança é o amor
que se entrega completamente a Deus. A fortaleza é o amor que voluntariamente
suporta todas as coisas por amor a Deus. A justiça que serve unicamente a Deus,
e, portanto, dispõe com justiça de tudo o que está sujeito aos seres humanos. A
prudência é amor que escolhe o que é útil para unir-se a Deus, e rejeita tudo o
que é prejudicial." (Tratado do Amor de Deus , capítulo XI,
Capítulo 8)
"Aquele
que tem caridade tem uma alma vestida com trajes de casamento como a de José, que
traz consigo, implicitamente, todas as diferentes virtudes. Além disso, a
caridade tem uma perfeição que contem a virtude de todas as perfeições e as perfeições
de todas as virtudes." (Ibid )
Nesta caridade
encontramos o lugar onde se encontram o amor de Deus, o amor a nós mesmos, o amor
aos outros. Como nós compartilhamos esse amor multifacetado com todos
aqueles que encontramos todos os dias? Em outras palavras, estamos bem
preparados para dar a César o que é seu e a Deus em nós e nos outros?
Texto: P.Michael S. Murray, OSFS - Diretor do
Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli -
SDB
Dos escritos de São Francisco de
Sales
Na leitura do
Evangelho de hoje ouvimos Jesus dizer que devemos amar a Deus e aos nossos
irmãos. Estes mandamentos são a base da espiritualidade cristã, e estão
presentes em todos os escritos de São Francisco de Sales:
Para mostrar
como é sério o desejo de Deus por nosso amor, Ele nos exige este amor em
palavras maravilhosas: "Amar o Senhor com todo o teu coração, com toda tua
alma e com toda tua mente. Este é o primeiro e maior de todos os
mandamentos." Muitas vezes pensamos que Deus é tão grande, e nós
somos tão pequenos, que não seremos capazes de amar. Então, para que não
desanimemos e nos afastemos do amor de Deus, é-nos dito que somos muito capazes
de amá-lo com toda a nossa força, mesmo a despeito do pecado.
Amar a Deus
sobre todas as coisas significa que devemos colocar Deus acima de todos os nossos
ídolos; porque os nossos corações tendem a perseguir muitas coisas
materiais e consolações espirituais. Além disso, assim que os conseguimos,
se agita em nós o desejo de começar a buscá-los novamente. Nada jamais irá
satisfazer nossos corações. A vontade de Deus é o nosso coração não
encontra morada permanente em nossos ídolos; que seja livre para voltar a
Ele, de quem vem. As abelhas só podem pousar sobre as flores que floresceram. O
mesmo acontece com o nosso coração. Nosso coração só pode encontrar
descanso no amor de Deus. Por que, então, queremos interferir com o desejo
que sentimos pelo amor de Deus, e nos dedicamos a buscar outros amores?
O mandamento que
nos diz que devemos amar a Deus é muito mais importante do que o mandamento de
amar os nossos semelhantes. Mas nossa natureza resiste com mais força a amar
os outros. No entanto, quando colocamos a nossa confiança no amor de nosso
Salvador, nos enchemos de coragem para amar a imagem de Deus que habita nos
outros, e que é muitas vezes escondida de nossos olhos. Então aprendemos a
reconhecer a semelhança com o Criador presente em nós mesmos e nos outros.Porque
amar plenamente a Deus é amar tudo o que é de Deus, e que está presente em
todas as criaturas. Imitemos Jesus, que nos ensinou muito mais através de
suas obras do que por suas palavras. Ele nos ensinou a amar o nosso Deus
com todo nosso coração, alma e mente, e amar o nosso próximo como a nós mesmos.
(Adaptado retirado dos escritos
de São Francisco de Sales, especialmente o tratado do Amor de Deus).
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