sábado, 25 de outubro de 2014

Reflexão salesiana para o 30º Domingo do Tempo Comum - 26 de outubro de 2014


Destaque: "Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma e com toda tua mente... e amarás o próximo como a ti mesmo."

Perspectiva Salesiana

Francisco Sales foi o autor do Tratado do Amor de Deus e tencionava escrever um livro sobre o amor ao próximo, mas morreu antes disso. O que é comum entre o amor a Deus e o amor ao próximo é a caridade. A caridade foi, e é, na mente e no coração de Francisco de Sales, a virtude de todas as virtudes. Somos chamados a amar nosso Deus como nós amamos o nosso próximo, e somos chamados a amar o nosso próximo como amamos a Deus. 
Escusado será dizer que Francisco de Sales tem muito a compartilhar conosco sobre a natureza e a prática da caridade. 
"Assim como Deus criou o homem à sua imagem e semelhança, da mesma forma ordenou para nós um amor à imagem e semelhança do amor que é devido à sua divindade... Por que amamos a Deus? A razão pela qual amamos a Deus é Deus mesmo... Por que amamos uns aos outros na caridade? Certamente é porque fomos feitos à imagem e semelhança de Deus... como todas as pessoas tem a mesma dignidade, nós também as amamos como amamos a nós mesmos, isto é, em sua condição de santidade e de serem imagens da divindade viva... A mesma caridade que produz atos de amor a Deus também produz atos de amor ao nosso próximo... amar o nosso próximo na caridade é amar a Deus nos outros e os outros em Deus."(Tratado do Amor de Deus , livro 10, capítulo 11) 
Para São Francisco de Sales, o amor de Deus e o amor ao próximo não são duas experiências diferentes, mas são duas expressões de uma mesma realidade, dois lados, como se eles fossem da mesma moeda. (Lembre-se o mandamento de Jesus no Evangelho do domingo passado "dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus").
"O grande Santo Agostinho escreveu que a caridade inclui todas as virtudes e opera de todas maneiras em vocês", escreveu São Francisco de Sales. "Estas são as suas palavras: 'que se diz que a virtude é dividida em quatro' - ele quer dizer as quatro virtudes cardeais - 'em minha opinião, se diz por causa dos diferentes afetos que vêm do amor. Pois bem, eu não tenho nenhuma dúvida quando se trata de definir essas quatro virtudes da seguinte forma: a temperança é o amor que se entrega completamente a Deus. A fortaleza é o amor que voluntariamente suporta todas as coisas por amor a Deus. A justiça que serve unicamente a Deus, e, portanto, dispõe com justiça de tudo o que está sujeito aos seres humanos. A prudência é amor que escolhe o que é útil para unir-se a Deus, e rejeita tudo o que é prejudicial." (Tratado do Amor de Deus , capítulo XI, Capítulo 8) 
"Aquele que tem caridade tem uma alma vestida com trajes de casamento como a de José, que traz consigo, implicitamente, todas as diferentes virtudes. Além disso, a caridade tem uma perfeição que contem a virtude de todas as perfeições e as perfeições de todas as virtudes." (Ibid )
Nesta caridade encontramos o lugar onde se encontram o amor de Deus, o amor a nós mesmos, o amor aos outros. Como nós compartilhamos esse amor multifacetado com todos aqueles que encontramos todos os dias? Em outras palavras, estamos bem preparados para dar a César o que é seu e a Deus em nós e nos outros? 

Texto: P.Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

Dos escritos de São Francisco de Sales

Na leitura do Evangelho de hoje ouvimos Jesus dizer que devemos amar a Deus e aos nossos irmãos. Estes mandamentos são a base da espiritualidade cristã, e estão presentes em todos os escritos de São Francisco de Sales: 
Para mostrar como é sério o desejo de Deus por nosso amor, Ele nos exige este amor em palavras maravilhosas: "Amar o Senhor com todo o teu coração, com toda tua alma e com toda tua mente. Este é o primeiro e maior de todos os mandamentos." Muitas vezes pensamos que Deus é tão grande, e nós somos tão pequenos, que não seremos capazes de amar. Então, para que não desanimemos e nos afastemos do amor de Deus, é-nos dito que somos muito capazes de amá-lo com toda a nossa força, mesmo a despeito do pecado. 
Amar a Deus sobre todas as coisas significa que devemos colocar Deus acima de todos os nossos ídolos; porque os nossos corações tendem a perseguir muitas coisas materiais e consolações espirituais. Além disso, assim que os conseguimos, se agita em nós o desejo de começar a buscá-los novamente. Nada jamais irá satisfazer nossos corações. A vontade de Deus é o nosso coração não encontra morada permanente em nossos ídolos; que seja livre para voltar a Ele, de quem vem. As abelhas só podem pousar sobre as flores que floresceram. O mesmo acontece com o nosso coração. Nosso coração só pode encontrar descanso no amor de Deus. Por que, então, queremos interferir com o desejo que sentimos pelo amor de Deus, e nos dedicamos a buscar outros amores? 
O mandamento que nos diz que devemos amar a Deus é muito mais importante do que o mandamento de amar os nossos semelhantes. Mas nossa natureza resiste com mais força a amar os outros. No entanto, quando colocamos a nossa confiança no amor de nosso Salvador, nos enchemos de coragem para amar a imagem de Deus que habita nos outros, e que é muitas vezes escondida de nossos olhos. Então aprendemos a reconhecer a semelhança com o Criador presente em nós mesmos e nos outros.Porque amar plenamente a Deus é amar tudo o que é de Deus, e que está presente em todas as criaturas. Imitemos Jesus, que nos ensinou muito mais através de suas obras do que por suas palavras. Ele nos ensinou a amar o nosso Deus com todo nosso coração, alma e mente, e amar o nosso próximo como a nós mesmos.
(Adaptado retirado dos escritos de São Francisco de Sales, especialmente o tratado do Amor de Deus). 

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