Destaque: "O
Senhor é a minha luz e a minha salvação".
Perspectiva Salesiana
O livro do
Gênesis e do Evangelho de Lucas descrevem duas cenas muito fortes nas quais a
vontade de Deus é demonstrada com muita clareza e sem nenhum risco de erros. Abraão
viu no braseiro misterioso um sinal da aliança de Deus para com ele e para os
seus descendentes, enquanto Pedro, Tiago e João testemunharam a transfiguração
de Jesus.
Não é difícil
perceber a mensagem nesses dois casos: são manifestações e expressões diretas da
vontade de Deus, do seu desejo e do seu sonho para que todos possam viver uma
vida centrada Nele aqui na terra, experimentando já, agora, a plenitude da vida
para sempre no céu.
Ah! se a
vontade de Deus fosse sempre tão simples de entender! Se pudéssemos sempre
discernir a vontade de Deus para nós e para os outros! Oxalá pudéssemos saber exatamente o que Deus
quer de nós em todos os momentos e com absoluta clareza! Oxalá Deus falasse a
todos através da transfiguração da luz ou da fumaça!
Claro que, para
a maioria de nós, isso não acontece. Como estes tipos de comunicação não estão
disponíveis para nós, podemos perguntar: como discernir a vontade de Deus para
nós? Francisco de Sales sugere algumas coisas
que podem ajudar-nos a discernir a vontade de Deus em nossas vidas.... e como
esta vontade interfere nas nossas relações com os outros.
Primeiro, ter
em consideração os Dez Mandamentos e outras dicas que são encontradas nas Escrituras.
Considerar a tradição, os ensinamentos, as práticas e a autoridade da Igreja. Prestar
atenção para as obrigações e responsabilidades que nos acompanham no estado e no
momento em que nos encontramos. Por exemplo, se você é casado, está trabalhando
e criando uma família, a vontade de Deus para vocês seria incluir coisas como
ir à missa, honrar pai e mãe, cultivar suas relações como esposos, atender as
necessidades e ensinar seus filhos a fazer suas tarefas de modo gentil, justo e
ético, equilibrando as exigências do trabalho, do lazer, da casa, do escritório,
etc., etc.
Em segundo
lugar, observar as circunstâncias, as situações e as relações encontradas em
cada dia, cada hora, cada momento. Prestar atenção às demandas e necessidades
dos outros, pois podem ser expressões da vontade de Deus para você.
Terceiro,
aprofundar a sua capacidade de ouvir. Prestar atenção não só ao que está acontecendo
ao seu redor, mas também para o que está acontecendo dentro de você. Aprender a
identificar e filtrar a estática externa e interna em sua vida. A oração e a participação
na vida litúrgica/sacramental da Igreja são dois aliados muito poderosos neste
esforço.
Quarta,
desenvolver e nutrir amizades espirituais. Assim como a vontade de Deus nunca
se expressa num lugar totalmente isolado de tudo, não tente entender tudo sozinho.
Ouvir conselhos de amigos verdadeiros, quando estão tentando descobrir o que
Deus quer que você faça numa determinada situação.
Finalmente, ser
paciente. Confie no amor de Deus para com você. Mesmo quando as revelações de
Deus são inconfundíveis, muitas são mais sutis e são reveladas pouco a pouco:
verdadeiramente, podem durar toda uma vida.
P. Michael S.
Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução e
adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB
Dos escritos de
São Francisco de Sales
Nas leituras de
hoje, o Pacto de Abraão e da Transfiguração revelam o quanto Deus quer o nosso
amor, e, através deste, nos conceder a glória eterna. São Francisco de Sales
acrescenta: "Quando Deus falou com Abraão e prometeu-lhe descendentes tão
numerosos como as estrelas do céu, Abraão contava apenas com a palavra de Deus,
que lhe dava a certeza de que assim aconteceria. Deus também nos fala através das
inspirações, e estas revelam os mistérios da fé."
É através da fé
que chegamos a conhecer a Palavra de Deus. Devagar e com cuidado, Ele vai
fortalecendo, através do amor divino, os corações que aceitam suas inspirações.
Estas primeiras percepções do amor de Deus são derramadas em nós pelo Espírito
Santo. Mesmo assim, esses primeiros movimentos do amor só representam a aurora
da fé. Eles são como os brotos verdes da primavera. A fé começa com um amor
para as coisas de Deus. A fé mostra-nos que temos incutido em nós uma
inclinação natural e sagrada, a amar a Deus acima de todas as coisas. Não há
outro amor que possa satisfazer esse desejo.
Embora todos
podemos rejeitar a inspiração divina, não podemos impedir que Deus nos inspire.
As inspirações são favores que Deus faz muito antes de as percebermos. Deus nos
desperta quando estamos dormindo. Mas depende de nós levantarmos-nos ou não. Ele
não irá nos despertar sem a nossa cooperação. Temos que dar o nosso
consentimento ao chamado de Deus, por que ele sempre respeita a nossa
liberdade. Deus não nos tem como escravos, apenas como amigos. É por isso que nosso
Salvador nunca nos abandona. Somos nós que o abandonamos.
Nossa confissão
de fé é o ato de escolher amar e servir a Deus como servos fiéis. Simplesmente
e fielmente percorra o caminho que Deus tem preparado para você, e ande com
confiança. Esteja em paz, que o nosso Salvador, que mostra a sua glória, tomou sua
mão e o encaminhou rumo à glória eterna.
(Adaptado dos
escritos de São Francisco de Sales)